Resposta ao Comentário – “Dia dos Desencontrados”

Olá a todos!

A não ser que meu sentimento mude (ou a situação), não pretendo mais postar textos baseados em minha própria biografia, pois já concretizei as palavras, coloquei-as num nível de realidade suficiente para minhas necessidades. Ao contrário do que muitos pensam, era isso que tanto ansiava: colocar na matéria o mundo dos sentimentos e das idéias, já que somos esta tríade.

Escrevia sobre mim porque, confesso, precisava sim desabafar; mas, principalmente, para estimular minha força interior a crescer, ao tornar públicas minhas dúvidas a fim de que estivesse tão forte a respeito delas por dentro, que conseguiria ter coragem de exteriorizá-las. E, também, manter-me firme em minhas convicções mesmo com a contrariedade das outras pessoas, deixando de ouvir a opinião alheia e seguir a minha, quando advinda de um sentimento bom – muitas vezes estamos enganados e ao seguir uma falsa verdade, caímos em conflito mas, por orgulho, não aceitamos a ajuda do outro, o que, apensar das aparências, não foi o que vivi. E, no fundo, queria comunicar-me com ele, o ser amado, mas sem “correr atrás” e procurá-lo em cada conflito que tivesse. E, ainda, uma quinta razão, além das necessidades psicológicas e emocionais… Como escritora, tenho a ânsia de compartilhar o que vivo e sou, na esperança de que possa ajudar outras pessoas, assim como outras obras e depoimentos ajudaram-me a chegar até aqui e descobrir um pouco mais a meu respeito.

Claro, este é meu espaço e eu o uso como eu quiser. As regras são minhas. E isso, digo não a quem lê, mas para quem escreve. Estou aprendendo a libertar-me. Havia comprado chocolates para o Dia dos Namorados, para dar um “up”, cuidar de mim e fazer coisas que me dessem prazer num dia que por si só não é nada, mas simboliza algo que dói não ter. Nesta dualidade “alma/corpo” na qual me debati e cujo equilíbrio eu busco, acho “engraçado” que neste caso, dar valor a “coisas do mundo”, como uma data comercial, seja bobagem. Sendo que eu estou apenas querendo fazer parte do mundo e viver também seus acontecimentos. Se este dia é uma representação dos relacionamentos que podem existir dentro da alma, por que não “dançar conforme a música” e aproveitar? Entretanto, quando, na hora de agir com coisas sérias, eu falo das bobagens do mundo e que devemos buscar dar valor às coisas da alma, do sentimento, aí invertem a situação: é preciso viver a realidade do corpo, nem tudo é alma, etc. Ou seja: para acobertar defeitos alheios (impulsos) e justificar atitudes realmente nocivas, o raciocínio: “também fazemos parte do mundo” serve. Mas para eu materializar com algo inocente uma realidade maior e misturar as duas realidades, vivendo situações oriundas dos costumes no ambiente no qual eu vivo agora, balizada em acontecimentos desnecessários (o Dia dos Namorados é uma invenção do Homem, provavelmente comercial, nem sempre existiu, portanto, é possível viver sem, e por aí, vai), aí eu sou errada. Que confusão de conceitos, não?

Bom, voltando à minha libertação para poder chegar aonde eu queria dentro do contexto do porque escrevo isso: um dia, quis chocolate, mas seria difícil sair para obter. Lembrei-me do que tinha em casa e pensei: “Não pode, é para o dia 12”. E eu mesma pensei: “Quem estipulou isso? Onde está esta regra?”. E eu fiquei muda… Esta mesma eu questionadora prosseguiu: “Não foi você quem comprou o chocolate? Não é para você? Por que você precisa seguir uma regra que você mesma inventou? O chocolate é seu! A decisão é sua! (A vida é sua!). Você é livre! Você quer comer agora? Coma! O que te impede?”. Depois eu compraria outro, não precisava ser aquele. E eu comi, ao longo dos dias…

Sendo assim, minha vontade na atualidade é voltar a deixar minha vida particular no foro íntimo, e escrever apenas sobre o que aprendi no âmbito público. Embora hoje (12/06) eu esteja novamente “dolorida” e minha mágoa esteja aflorada, então, o que vou dizer agora pareça falso, mas deixo de escrever sobre nós também por respeito a ele, ao mínimo de consideração que ele teve comigo pelo simples fato de me ouvir por algumas vezes, mesmo agora. E pelo modo decente como me tratou, principalmente no passado. Pela essência que eu sei existir nele. Não porque ele seja perfeito – e toda hora ele me diz isso: que eu vejo qualidades que ele não tem. Será que não é ele que não acredita num amor assim e, baseado neste ponto de vista, distorce a visão que tem de mim e me julga como uma boba sonhadora? Aí, quando eu ajo com amor, com perdão e doação, ele entende como baixa autoestima minha, e me despreza; quando eu vejo qualidades já existentes ou em latência nele, ele não compreende que eu o faça por amor, que elas de fato estejam lá, e sente-se pressionado por corresponder às minhas, então, em sua visão distorcida, altíssimas expectativas, e conclui que eu não o conheço ou que me iludo a seu respeito? Sendo que, do meu lado, é só encontrei alguém que me coração quer, ama, e, por isso, vê tudo sempre pelo melhor prisma, enxerga além do que está hoje, porque eu sou assim mesmo, faço isso em tudo (!), e quero apenas poder materializar no processo natural da vida um sentimento bonito e ambos crescermos juntos, que é o que todos viemos fazer aqui. Garanto que ter um namorico apaixonado não é o que viemos fazer aqui… E ele SABE disso.

Antes mesmo deste choque de realidade, eu já sabia que, se fosse para tornar-se palpável, não seria fácil, que ele é humano e tem defeitos. Eu cansei de dizer, mas talvez este preconceito dele tenha atrapalhado: não quero um príncipe encantado! E já faz tanto tempo! Quero um homem!!! Alguém real, porque eu também fui me despindo de minha ilusões e transformando-me numa mulher, num ser humano comum!  Se minha ignorância no campo prático fez com que eu falasse uma coisa e fizesse outra, a ignorância dele no campo dos conceitos fez com que ele agisse de um jeito mas, ao raciocinar, falasse outra coisa. Talvez disséssemos o mesmo texto, mas não nos comunicamos nos campos certos…. Não falo de um relacionamento saudável ou de um amor infinito por não ter noção de realidade. Mas por ter dentro de mim outra realidade e querer vivê-la aqui. Exercitar o amor, não viver algo ruim na prática, porque isso é o máximo que se pode obter, e sonhar com uma ilusão… Praticar o amor a cada dia… Com o homem que eu amo, que tem defeitos, mas qualidades. Sou eu que “viajo” ao entrever suas qualidades ou acreditar na sua capacidade de explorar as que ele já possui, ou ele que tem uma visão ainda negativista de si, hábito de nossa coletividade, e foca no ruim, mas não percebe, porque somos condicionados a associar humildade e “dura realidade” com enaltecimento de defeitos?

Acreditar que um ser humano possa ouvir seu lado bom mais do que (não absolutamente, e é aqui que nós dois deixamos de “conversar”, onde ele me julga pelos extremos) o ruim, é igual a ter ilusões a respeito de quem somos? Creio que não…

Voltando ao motivo do texto… Se futuramente decidir algo diferente, vou quebrar minhas regras e criar outras, melhores para meu momento da época.

Se eu ainda falo sobre isso, é por ter um resquício de necessidade de esclarecer o que vivo e, assim, provavelmente esclarecer conceitos. Temos o péssimo hábito de utilizar mal nosso conhecimento. Mesmo já despertos para bons ensinamentos, os aplicamos em horas erradas e distorcemos a situação, gerando um mal – mesmo fazendo o Bem. Tento ser honesta no que eu erro, mas não permitir que me culpem, que eu me culpe, por algo que não fiz. E, no ensinamento “autoestima”, fazer isso é me elevar. Embora pareça “esperar do outro”, no ensinamento “ser autossuficiente para resolver seus problemas”. Cada caso é um caso. Senão, seremos meros repetidores mecânicos de regras de conduta escritas ou exemplos alheios, que podem se parecer com o nosso, mas não terem a mesma essência, e continuarmos em erro ou infelizes. Quando dois ensinamentos se “chocam”, só o autoconhecimento para ajudar a detectar qual é o prioritário, qual estamos de fato vivendo, para poder usar o raciocínio certo na hora certa e promover o equilíbrio e o crescimento do Ser. Não basta ter conhecimento das regras: é preciso ter cuidado e sensibilidade na hora de aplicá-las. Pensemos todos nisso!

Transformei em Post a (longa) resposta a um comentário, para que eu pudesse descrever com fidelidade tudo isso.  

Imaginemos duas pessoas filosofando, num Café. E, já que é para imaginar, por que não um em Paris? (Foto do Café Chez Janou)

Strider disse, em 07/06, às 9h43:

“Um comentário de meio de leitura, pra não esquecer: não só neste, mas em muitos outros textos, você fala dos outros, o que os outros pensam, se pensam isto ou aquilo (geralmente opções negativas). Pergunta: que outros? Quem são eles? São eles mesmos que pensam isso ou é a voz deles dentro de você? São eles que pensam isso ou você mesma? Eles chegaram e falaram isso ou você já se preveniu e tentou se explicar? E independente de qual dessas opções, por que o que os “outros” pensam a incomoda tanto, a ponto de merecer parágrafos e mais de explicações, em praticamente todos seus textos? Food for thought.”

Eu respondo:

“Pois é, já pensei em tudo isso. Mas acontece que em textos onde explicamos conceitos, não dá para explicar conceitos de mínimos detalhes. Então, usamos palavras prontas para explicar uma ideia que, ao escrever, eu penso estar compreendida nas entrelinhas. Mas nem sempre acontece assim, e muitas vezes o que escrevemos é levado ao pé da letra. Os “outros” a que me refiro são as pessoas da minha convivência próxima que não concordam comigo e que fazem com que eu questione a mim mesma em minhas convicções; ou falo da Humanidade de forma GERAL, um comportamento comum à maioria. Se eu disser a você que a Humanidade é angelical, estarei mentindo. Mas se eu disser que ainda somos guiados pelo orgulho, pelo egoísmo, por paixões, não tem como negar: qualquer noticiário de TV mostra isso. O que não quer dizer que essas mesmas pessoas dos noticiários não sejam capazes de coisas boas, em outros aspectos da vida, assim como há pessoas que não fazem parte desta regra. Mas, se eu quiser refletir a respeito do mundo onde vivo, preciso levar em conta o comportamento GERAL. A não ser eu faça um texto específico sobre o mundo, como agora, quando eu explico cada nuance. Aí falamos a respeito de todos os tipos de comportamento, para não faltar com a justiça. Porém, quando eu apenas cito o mundo como pano de fundo para ilustrar outro raciocínio, como um texto pessoal, onde o foco sou eu e o meu aprendizado dentro deste mundo, não posso ficar explicando cada conceito, senão nunca chego no que eu quero falar. Entende? Na verdade, no Ensaio “Quem Somos Nós” eu fiz isso. Mas não dá para postar textos de trinta poucas páginas num blog toda semana…rs… Um livro, seria perfeito!

Embora eu reconheça e concorde com sua questão, ao já ter descoberto “os outros” que, na verdade, eram sim preconceitos meus. Era a minha insegurança que me fazia sentir-me ameaçada por qualquer outra opinião contrária. À medida que vou aprofundando, descubro novas camadas disso. Porém, muitas vezes, refiro-me a fatos concretos criados por outras pessoas do meu convívio, que não eu, e que não quero citar diretamente.

Logo em seguida, Strider diz, no mesmo dia, às 11h35:

“Agora sim, li tudo! Queria ser tão perspicaz quanto minha terapeuta e levantar todas as questões importantes do texto. Mas não estudei psicologia, embora adore ler sobre. Sei dizer que, em uma parte do texto, eu não sabia se xingava você ou ele (rsrsrs). Depois, comecei a achar que você coloca a responsabilidade de muita coisa nele, tirando-a de si mesma (como quando vc escreve que ele te enrolou pra dizer o que sente, e no fim nunca disse). Até pensei em mim: “hoje eu acho que seria sincero e diria ‘não sinto nada por vc’ se alguém me perguntasse. Mas eu já, muitas, muitas vezes, fugi e evitei dizer ‘não’ pra alguém com medo de magoá-la. Já criei estratégias mirabolantes só pra terminar com alguém que eu estava ficando mas não queria mais e ainda sair da história como se eu tivesse sido quem gostava e a outra pessoa fosse quem tivesse desistindo de mim (fiz isso recentemente, ano passado, com um ex ficante). Ou seja, o cara não ter coragem de te dizer “não sinto nada”, pode mesmo ser o que normalmente seria, isto é, sinal de que ele não sente nada e não sabe lidar com o sentimento dos outros, não saber se “culpar” por deixar alguém que gosta dele triste.

Depois, ainda, pensei que vc parece escrever para se convencer de que está certa. No fim, o texto muda de tom e você assume uma postura mais ativa, porém um ativo dentro de um condicional passivo.

Enfim, de tudo, a única certeza que parece ter ficado é que você está gastando muita, muita, MUITA energia com isso tudo. Apesar de que, se canalizar isso em boa literatura, pode até trazer algo bom que corresponda a seus objetivos. “Dar tempo ao tempo” é canalizar a energia em outras coisas e esquecer dessa um pouco. E isso não quer dizer renegar o que você mesma acredita ou seguir a opinião dos outros que “sucumbiram ao modo de pensar do mundo”. Limpar a alma faz bem, deixar a energia fluir é necessário. Por que não tentar? Por que ter de usar toda a energia nessa história? Por que ele não pode sair com alguém mais novo, mesmo estando errado e com chances de quebrar a cara no futuro (breve ou não)? Por que esse ‘so-called’ autoamor não pode ser traduzido em ‘vou centrar minhas energias nas coisas que me fazem sentir bem’? Por que resolver ‘agir’ em um momento tardio e que pode trazer-lhe um resultado desfavorável? Por que não simplesmente plantar uma sementinha, que se encontrar solo fértil vai crescer e trabalhar a seu favor, e deixar isso pra lá e centrar energia em outras coisas, mais ligadas diretamente a você?

São só questionamentos, a resposta só você pode dizer…”.

E eu termino:

“Bom dia, Strider! Pois é, o texto certamente é cheio de questões. Cada hora tem um tom porque além de, confesso, desabafar, eu gostaria de mostrar como eu me senti para chegar aonde cheguei. Que gerasse empatia em quem lesse, para entender que, mesmo tendo nossas razões, temos o nosso lado de contribuição para falta de êxitos nas nossas lutas. Mas isso não quer dizer que o sentimento ruim deixe de existir, que a dor suma repentinamente. A aceitação genuína leva tempo. Se violentarmos a alma da pessoa em nome de atingir o Bem ou o correto imediatamente, isso será mais prejudicial que benéfico. Mas isso não pode ser usado como desculpa para a pessoa continuar culpando o outro, ou sofrendo além do necessário… Muito sutil a linha que separa os dois “terrenos”.

Sou adepta de ver sempre os dois lados da questão, até podermos de fato superar o ruim e viver apenas o bom. Compreendendo este tempo necessário para o progresso das coisas e o próprio mecanismo do processo, podemos seguir e mudar. Que não existe apenas a nossa dor e a parte do outro, ou apenas a aceitação: no começo, há um pouco de cada, e precisamos reconhecer isto para poder avançar.

Eu não coloco toda a responsabilidade nele, e foi basicamente isso que me fez criar este post. O que fiz neste texto (o post anterior, que ele comentou) foi exatamente reconhecer isso, num aspecto novo para mim! Se ainda assim vejo o que faltou da parte dele, é para ser justa comigo, algo que antes eu não era: ao ver meus erros, eu anulava o dos outros e já pedia perdão, pois sempre busquei a paz. Entretanto, o fazia de forma incompleta, poupando o trabalho do outro, gerando a paz de forma artificial. Chamava de humildade o que, ao fazer EM EXCESSO, acabava tendo um pouco de falta de autoestima, pois quem não age assim não reconhece a parte bela, humilde do seu gesto, “folga” e passa a menosprezar ou desconsiderar você. E, ao não permitir o trabalho do outro, construía um padrão errôneo de comportamento, possibilitando novas dores similares no futuro.

Se ainda vejo o que faltou da parte dele, não é por depositar o fardo em seus ombros, porque não é apenas os erros dele que vejo. Da minha parte, sempre vasculhei e encontrei meus! O que ainda não ocorreu da parte dele. Para chegarmos à linha do equilíbrio, é necessário que ambos falem a mesma língua: se houve erros dos dois lados, que ambos reconheçam isso. Mas só eu peço desculpas, só eu verifico erros. A balança ainda está desequilibrada! E este defeito eu confesso: tenho baixa tolerância com injustiça. Passo por cima do tempo natural das coisas, da Lei da Vida. Por isso não aceito que ele tenha uma pessoa “torta”, um desvio de rota: porque se não é certo, não é e PONTO! “Dane-se” se isso vai abrir seus olhos, se ao viver uma coisa ruim, vai dar valor a algo bom. Queria que não tivesse se desviado, me machucado e dado valor às coisas certas, como eu fiz!!!!

Sentiu o drama? O quanto eu ainda ajo de forma extremista em relação a este aspecto específico da vida? Não sempre, mas este campo afetivo é o meu calcanhar de aquiles. Eu já vivi outras dores, e nunca agi desta forma. Compreendi, aceitei, tive fé. Eu já tive outras decepções amorosas, inclusive, de pessoas ainda mais embrutecidas. E nunca tive raiva! Eu compreendi, aceitei e segui. Ou seja: não sofro porque “não aceito rejeição”. É que tem algo errado com esta rejeição! O problema não é esta história em si, mas todo o contexto que eu vivo. Este não é “um amor”, superando este, vem outro; mas o amor pelo qual lutei a vida inteira, no qual sempre acreditei! Num mundo tão imediatista e sexólatra, você faz ideia da força que eu desprendi ao longo dos anos para conseguir manter-me em paz, ao seguir meu coração, meus ideais, e negar todas as influências que sofri?

Aí, nesta história específica, eu já estava exausta, desgastada. Tanto pelas minhas dúvidas internas, uma crise interna, quanto pela indefinição da parte dele, contribuindo muito para esta crise interna, mas também afetando e ferindo meu campo emocional. Soube deste absurdo todo em meio a pior crise financeira que já tive, sem saber como fazer para pagar as contas do próximo mês. Sentindo-me completamente insegura e desamparada. Com um problema em família que não comentei com ninguém, de tão problemático que é, mas que bagunçava minha cabeça. E tudo isso ficou ridículo perto do que veio… Foi com este desgaste emocional que eu sofri não uma negativa comum, mas um choque na área que sou mais sensível: a área afetiva. E, dentro da área afetiva, vivi o que mais temia, acreditem todos ou não: uma traição. Porque o laço que me une a ele independe do corpo para existir. Nunca tivemos nada, mas nos meus sentimentos, eu me senti traída. O fato das pessoas compreenderem ou não isso, não isenta meu coração de estar realmente despedaçado graças a isso!

Durante o processo de saber desta realidade horrível, eu tentei voltar ao patamar de paz, mas a influência da namoradinha dele na história, o modo arrogante como ele me tratou e o seu DESCASO, contribuíram para que eu não ouvisse a última chama de fé, amor e autocontrole que eu tivesse, e simplesmente me desesperasse, dando vazão à minha reação natural diante disso tudo. Eu perdi a cabeça, fui agressiva, revoltada, fiquei desesperada. Ao longo da vida, lutando para ser correta, tive ainda o sofrimento de me ver perder a cabeça e não acreditar no que eu mesma dizia ou fazia, transformar-me em alguém que eu nunca imaginei ser. O que é o oposto de eu estar segurando algo que finalmente aflorou, de cair uma máscara! Eu já vi máscaras caírem em mim, e o que aconteceu, dentro, não foi isso! Foi passar por algo maior que sua capacidade de suportar e destruir o que de bom havia! Eu vi meu lado bom ser, ainda que temporariamente, convertido em mau, e isso foi muito difícil! Mas, na verdade, o que acontece nunca é maior do que podemos suportar. Eu consegui reagir e reverter o quadro. Graças a Deus, aos amigos e à família, agora volto a alimentar minhas virtudes e domar minhas reais más tendências, e não mais virando um ser ruim, raivoso, descontrolado – e só.

Portanto, de fato, eu fui prejudicada. Eu poderia sofrer tudo isso e reagir diferente? CLARO! Sim, ainda assim, a responsabilidade é minha. Mas neste caso específico, eu não PODIA, não tinha condições para isso (e ele tinha consciência do quanto sua indefinição me afetava), portanto, a contribuição dele para que eu chegasse aonde cheguei é sim uma falha dele. Sozinha, pela minha índole, pelos meus desejos e aspirações, eu JAMAIS chegaria na condição que atingi. Eu não posso usar isso como desculpa para acobertar meus erros. Mas ele não pode usar os meus erros como escudo para deixar de ver os seus. Entretanto, é o que ele faz. Eu tenho que reconhecer meus erros, e ele, os dele. O que ocorre aqui é que eu reconheci meus erros, e ele, apenas prosseguiu apontando-os. Os dele não entraram em pauta! Aí eu os coloco “na roda”, e ele ou outras pessoas que analisam por cima, usam um raciocínio certo, na hora errada, gerando desencontro, dizem que faço isso por colocar a responsabilidade em seus ombros e não olhar para mim, que não respeito o livre-arbítrio dele, etc. Mas não é! O que seria o post anterior ou quando eu pedi desculpas sinceras a ele, mesmo com a postura “superior” (não mais um estado de humor, mas um conceito que passou a ser permanente nele, e me deixou “oco” o coração) dele perante mim?

É muito difícil sofrer o que eu sofro, sendo honesta e reconhecendo minhas falhas, quando a outra parte não o faz. Para minha consciência é ótimo, e estou ganhando forças graças a isso. Mas ainda sofro pelo que ocorre fora: este desequilíbrio da balança.

É muito difícil quando eu, ao tentar me entender, aponto a real situação e ainda levo bronca de todo mundo, como se 100% da situação que envolve DUAS pessoas fosse responsabilidade apenas de uma. Só isso!

Quanto ao seu posicionamento (Strider) a respeito de ter sido “indefinido” também ao terminar relacionamentos ou dar um fora em alguém. Primeiro, fico feliz que tenha refletido e pensado em fazer diferente, hoje. Segundo, compreendi sua intenção em me ajudar, querendo fazer com que eu me desprendesse do fato prático e lesse nas entrelinhas das atitudes, para que eu me desligue desta história e pare de sofrer. Isso é louvável, eu compreendi a boa intenção aqui! Porém, é um modo de pensar/agir similar ao dele. Mas nem todos os homens agem assim. Eu não agi assim quando alguém sentia algo por mim. Novamente, não estou falando de coisas que vi na TV ou li em livros: eu vivi! Então, se existem outras formas de conduta, será que este gesto já é o estágio final, ou pode ser ainda melhor?

No passado, homens praticavam canibalismo e comiam homens; detritos eram jogados na calçada, só para dar dois exemplos chocantes. O que se pensa hoje do canibalismo? O que pensamos sobre a rede de esgoto? Ela é o mínimo necessário para se viver, certo? (E ainda assim há quem não a tenha…). Emocionalmente, a mesma coisa: brincar com o sentimento do outro talvez tenha algumas justificativas e seja um padrão ainda aceito hoje. Mas da mesma forma que um sanitarista ou uma pessoa menos bruta recusou-se a repetir estes hábitos no passado, buscou e descobriu comportamentos diferentes e hoje, nós seguimos este avanço, não o padrão antigo, eu (e muitas pessoas!) digo que sentimento do outro não é brinquedo e TUDO o que fazemos ou negligenciamos neste aspecto, é de responsabilidade NOSSA! Assim como o pai de um menor é um indivíduo diferente, nem estava junto quando o filho cometeu determinado abuso, mas é responsabilizado por isso, devido à contribuição que deva dar para a educação do filho, respeitando um mecanismo natural da vida, quando alguém nutre um sentimento por nós, devido ao mesmo mecanismo natural da vida, é sim de nossa responsabilidade agirmos com clareza, sinceridade e bondade. É, sim, algo referente a NÓS!

Se agirmos corretamente e a pessoa ainda insiste, aí sim, é excesso do outro lado e a pessoa é quem deve reconhecer seus limites, o livre-arbítrio do outro, etc. Mas é muito cômodo alguém fazer “de menos” e usar desta capacidade do outro ao lidar com rejeições, em administrar a si mesmo, para não ser o obrigado a fazer a sua parte, sobrecarregando o outro lado. Dentro de qualquer situação, há o correto, o resultado final a ser atingido dentro de um modelo de conduta. O que acontece é que muitas vezes aplicamos modelos de conduta correto nas horas erradas, quando, sem o autoconhecimento, não compreendemos qual é o real aprendizado do momento, ou visando atingir o modelo final exigimos a virtude da parte errada, gerando sobrecarga para um e estimulando o comodismo no outro (como eu voluntariamente fazia no “perdoar”, mas fazendo a parte do outro e colocando-me em situação de “abuso” outra vez). O objetivo da vida é elevar virtudes. Mas não podemos nos usar das virtudes necessárias ao outro para esconder os nossos defeitos. Nem se colocar na posição ansiosa de resolver tudo e fazer as duas partes, como eu fiz.

Ou todo mundo fala “virtudes”, ou todo mundo fala “defeitos”. Exemplo: sabemos que vivemos num mundo cheio de golpistas. Precisamos ser espertos, certo? Mas o fato de EU precisar ser esperto dá ao golpista o direito de me golpear? NÃO! Este é problema MEU. Não dar golpes no outro é problema DELE. Eu tenho que trabalhar o defeito de ingenuidade que, neste caso, é falta de amor-próprio, e ser esperto; mas o golpista também tem que trabalhar a honestidade nele. Muito cômodo ele dizer que o outro era bobo. O outro tem que trabalhar defeitos em si, mas ele, não? Isso vai dar a falsa impressão de que ele pode fazer o que bem entende.

Peguemos este golpista como exemplo: se ele não trabalhar as virtudes nele, vai usar da ingenuidade do outro para poder dar golpes; da falta de atenção ao caixa para ficar com o troco a mais; da grosseria do carro ao lado para reagir violentamente e socar o rosto do homem numa briga de trânsito; da fragilidade emocional de uma moça para usá-la e jogar fora e por aí, vai. Quem não terá limites será ele!

Brincar com o sentimento alheio é errado. Queira a pessoa ou não, gera danos e vínculos. Cabe a cada um lidar da forma mais honesta possível, para evitar aborrecimentos. Da mesma forma que quem rouba uma loja, pode sair ileso, mas se for pego, vai responder pelo seu crime – porque este ato está fora da justiça -, quem lesa o patrimônio emocional do outro pode até sair ileso, se o outro não se sentir subtraído e conseguir a façanha de resolver o problema sozinho. Mas se não consegue – e, inclusive, comunica isso à pessoa mais de uma vez! – e o outro faz vista grossa, então, estará atraindo para si as consequências dos seus atos. Lei da Vida, não capricho ou despeito meu.

Vamos refletir num ponto… será que o fato de termos medo de magoar alguém é puro altruísmo, ou, baseado no mal que podemos gerar em casos de descuido, não poderia ter, oculta, uma razão do Ego, para agirmos assim? “EU sou tão importante que posso destroçar o coração se disser que não sinto o mesmo. Tadinho(a)!”. Uma pena implícita da pessoa… Por que?

Ora, é natural: sentimento é sentimento. Ou se tem, ou não se tem. Pode desenvolver com o tempo, claro, mas aí é egoísmo nosso prender a pessoa até que descubramos. Ela está pronta, mas você não está? Das duas, uma: ou ligue-se a ela e faça uma tentativa, para ver se o sentimento aflora (claro, sem iludir ninguém); ou deixe a pessoa livre para que encontre outro alguém. Se for para ser, vai ser, e você vai perceber rapidinho o que perdeu! Mas, se não há, qual o drama? Com todo tato, toda delicadeza (aí, sim, devem entrar estes cuidados, este zelo, que muitas vezes nos impede de dizer a verdade, pois a situação é realmente delicada. O exagero deste sentimento é que pode ser uma vaidade oculta, mas ele, a princípio, é muito nobre!) e, simultaneamente, sinceridade (o que não tem nada, absolutamente NADA a ver com dureza!), o correto é dizer, de preferência pessoalmente, o que se sente. Simples assim!

Podemos ser indefinidos diante da confissão de alguém por dois motivos: sentimos algo que talvez nem nós percebamos, e naturalmente não deixamos a pessoa ir; ou, o mais lamentável: estamos fazendo carinho no Ego.

Voltando à minha argumentação, à minha defesa… Uma coisa é eu respeitar o momento dele e o fato de ele não agir como eu gostaria que ele agisse comigo, como eu agiria (e aqui vai mais um defeito meu: ainda esperamos que o outro aja como nós agiríamos! Precisamos mudar isso!!!). Outra bem diferente é eu ser responsabilizada pelas faltas dele como se fossem defeitos meus!

E, a princípio, quanto a não conseguir deixar para lá numa boa, não é porque eu seja apegada ou “mimada” ou mesmo obcecada pela história em si, por depender de algo externo e isso ser um padrão meu. Eu sempre deixei tudo para depois, sempre fui passiva diante da vida, sempre projetei e nunca realizei. Justo na hora que resolvo aflorar, experimentar o “agir”, sou impedida! Isso é muito dolorido! Sinto-me tolhida! Quis viver, a esta forma de vida me foi tirada, arrancada! Quando senti algo que me impulsionou para esta consciência de que também poderia acontecer de verdade, COMIGO, e não só nos meus sonhos ou na prática, com os outros, eu me travei devido ao casamento dele. Mas eu acreditei, eu tive fé, eu lutei, eu esperei. Eu AMEI, porque se fosse paixão, eu não teria esperado desse jeito nem crescido graças a este sentimento, como cresci. (E, repito, é muito duro ver um sentimento menor ter espaço como maior, pois é ele que “existe”! Dói, dói, dói!). Porém, reconheço que, se depois de ter feito tudo, a rejeição ainda perdurar, o melhor para mim e para a própria história é deixar fluir, porque neste novo contexto, continuar seria sim estar obcecada, seria não conseguir desapegar do sofrimento. Já falo abaixo sobre isso – e da dificuldade que tenho ao colocar esta realidade em prática.

Então, foi muito dolorido eu PERDER o amor da minha vida só porque para seguir minha consciência e fazer tudo certo, não tive chance de ser mulher diante dele; porque ele me deixou no banho-maria e sentir-me no direito de agir, finalmente, mas não poder. Ele experimentou com outra pessoa, está vendo no que vai dar um relacionamento, e eu não tive a mesma chance. Nem o mínimo, não o êxito do grande amor em si: nem a chance de tentar! Não apenas por merecimento ao que sinto e ao que fiz: não fui eu quem exagerei na importância que dei à vida da alma? Ok, vamos ser sensatos e ver todos os ângulos: não tive a chance nem de exteriorizar meu aprendizado, de ser comum, da “idealizadora” para aquela que também pratica, de também utilizar-me do mecanismo da matéria para viver a vida da alma! E se eu o beijasse e não sentisse nada? Convivêssemos e eu descobrisse que não tínhamos tanta afinidade como eu pensava? Seguiria a vida toda achando que perdi um amor e não seria verdade! Nem isso eu pude ter! Ou seja: por um motivo ou por outro, nunca é para mim!

E, ainda por cima, é muito dolorido ninguém entender o que você sente, deslocar todas as opiniões e só agora, porque eu luto, é que estou tendo o reconhecimento daqueles que me cercam. Mas, por não terem acompanhado com a visão correta o processo inteiro, não compreenderem que eu realmente fui “negligenciada”, eu ainda sair de “equivocada”. Sair como “aquela que corre atrás” e ele fosse um “pobre homem que quer apenas seguir sua digna vida e é incomodado por alguém que não aceita”. Se fosse feito da forma normal e com dois anos a menos de desgaste emocional e mental, ou mesmo depois, mas uma DEFINIÇÃO com respeito por mim, por meus sentimentos e por meu sofrimento – que já existiam muito antes do atual sofrimento e sentimentos dele em relação a esta nova história, então, para haver justiça, os sentimentos e sofrimentos de TODOS devem ser levados em conta, não apenas de um lado! – eu já teria compreendido faz tempo. Mas foi tudo trocado, tudo invertido, eu fui só agüentando e terminou com um CHOQUE, não com uma negativa e rejeição comum, dentro de um contexto natural. E isso me custou, razão pela qual doa TANTO. Mas ISSO, ninguém vê. Só me aplicam num padrão pré-estabelecido, desmerecem o que sinto e me sugerem esquecer ou desconsiderar. Querer que eu aceite um choque como “mera coisa da vida” e como se fosse eu a que estivesse me enganando, não dá. Não queiram saber o que vivi! Não queiram saber o que é viver a PIOR dor para você (cada um é de um jeito, cada um tem seu ponto fraco, este é o meu! Mas já passei com certa tranqüilidade por coisas que poderiam “pirar” a cabeça de muitos, então, cuidado ao acharem que sofrimento emocional não gera dor ou seja pouco, se comparado aos outros, como eu já ouvi muita gente dizer) e ainda ter que levar “sermão”. A ÚNICA coisa que realmente dói em você, ser vista como só mais uma situação ruim e sua dor ser tratada como mero obstáculo da vida. Não porque estejam fazendo o certo ao lembrar-lhe que a vida tem dificuldades: mas por não reconhecerem o que você sente de verdade. Como se eu, por sofrer tanto, não esteja realmente passando pela maior provação que EU poderia enfrentar, mas como alguém imatura e que não sabe agüentar trancos da vida… Imatura? De sete bilhões de pessoas na Terra, garanto que quem conseguiria amar como eu amei seriam apenas poucos milhares… E olhe lá!

Acho perfeitamente normal você nutrir um sentimento lindo por alguém e infelizmente a outra pessoa não corresponder. Se fosse isso, eu não queria seu amor a todo custo. Eu só queria ter o máximo que eu poderia, então, ter: amizade e respeito. Dele eu só queria: “Eu não sabia que estava lhe causando um mal. Mesmo assim, não queria ter feito. Não quero que você sofra por minha causa. Me desculpe”, e voltaríamos a ser amigos, porque eu tenho fibra íntima e amor para isso. Saberia trabalhar este sentimento. E digo isso não por achar, mas por saber, já que foi exatamente isso o que eu fiz por quatro anos. Não estou nem me iludindo a respeito de minhas capacidades. Por quatro anos eu vivi apenas com amizade e carinho, e para mim, enquanto valia a pena devido a outro compromisso justo dele, enquanto ele elevava suas virtudes ao tentar fazer o certo, e eu elevava as minhas, ao compreender isso e sublimar meu sentimento, serviu. Alimentou-me, graças à nobreza do que sinto. Ainda que ele tivesse se separado de forma natural e namorasse uma pessoa num tempo também natural… Ou, mesmo que de forma abrupta, como aconteceu (muitas vezes, as aparências enganam, certo?), mas eu visse um brilho em seu olhar… tudo bem! Ele não me ama, eu teria que aceitar! Mas tem um sentimento bom por outra pessoa. Quando é assim, conseguimos desejar a felicidade, pois fica uma “dor boa”, uma dor pela rejeição, mas ao mesmo tempo o Bem sendo executado e, graças ao sentimento de amor (se fosse paixão, não conseguiríamos ter este desprendimento, pois só quereríamos para nós e ponto!), compreender que no final das contas, o que importa é a felicidade da pessoa. Abre-se mão de si, da sua felicidade, para desejar a felicidade do outro. Mas desta forma… Com descaso a mim E impulsividade, passionalidade do outro lado? Ou seja: mal! Simplesmente não consigo aceitar! É desvio! Ainda que fosse desvio, mas ele tivesse sido honesto comigo. Aí, sim, eu deveria respeitar a vontade dele. Certa ou errada, cabe a ele julgar. Mas eu estou “presa” na história, no sentido de ter sido deixada em banho-maria, de ele não ter arcado com as responsabilidades de quando alguém nutre um sentimento por nós e isso ter naturalmente geraod um vínculo. E agora, ele quer se ressentir da minha reação, como se fosse 100% criação minha! É esta injustiça que eu quero corrigir!!!!! Eu é que fui prejudicada e ainda saio de “vilã”??? Nããããão! Se ele quer respeito, que me respeite!

Graças a pessoas amáveis que tenho em minha vida, nunca estive sozinha. Mas para poder viver o que de fato vivo, para validar este amor, estive. Dos amigos, eu só precisava de: “Não compreendo o que você vive, mas me compadeço da sua dor”, e não quererem me convencer que minha dor não é genuína, entende a diferença? Me darem força para passar POR ISSO que eu de fato vivo, não fazerem com que eu construísse defesas internas para me fazer entender, justo quando eu estava tão frágil e precisava apenas receber. Agora alguns aceitam meu amor e reconhecem minha dor, mas sempre, ou, na maioria das vezes, com uma negativa, uma censura. Eu nunca posso ser como eu sou. Até para desabafar, preciso “me explicar”. Desde o começo, eu só queria que meus amigos me abraçassem porque eu estou sofrendo, que o homem que eu amo e pode até não me amar (embora eu ainda tenha a minha opinião e a minha certeza, e o modo esquivo e contraditório como ele age só contribui para alimentar isso) levasse em consideração o carinho e a amizade que um dia teve por mim e, lá atrás, ou mesmo durante o processo, em vez de pensar apenas em quanto este sentimento era incômodo para ele, tivesse empatia e dissesse que não queria que eu sofresse, ainda que ele não soubesse disso. Só isso.

Preciso ir, estou realmente gastando muita energia nisso, e exausta de pensar neste assunto. Cheguei no ponto exato em que estou tão desgastada e decepcionada que o sentimento acabaria, como já aconteceu outras vezes. Mas ele não acaba… Então, no fundo, láááá no fundo, eu ainda torço para que dê certo. Mas, conscientemente, eu não sei mais se quero… É muita sujeira e humilhação no que de mais bonito poderia ser… Parece impossível voltar a ser bom… E eu não sei se quero mais me esforçar para isso, para reconstruir… Já fiz muito, muito mais do que poderia fazer por este amor. Mas como viver sem acreditar no amor, se isso é não apenas uma área da minha vida, mas, no meu caso, exatamente o que vim fazer???

O que me dói é que para ela, ele, inconscientemente, deve ser só um mecanismo de fazer carinho no Ego. A sutil diferença entre agradar alguém para receber de volta, ou agradar porque se tem sincera vontade de fazer bem a alguém. Paixão versus Amor. Para ela, ele é “um amor”. Para mim, é “o amor”. Nenhum de nós vai ficar feliz. Se ele estivesse BEM e quisesse ou precisasse experimentar, eu compreenderia. Aí, sim, “Quem ama, liberta”. Mas pela forma como ele agiu, como age, é nítido o quanto está em conflito e deixando-se arrastar por sensações e pensamentos trocados, destruindo o que de fato é bom. O que dói não é só a rejeição, mas a destruição. E não há nada que eu possa fazer para mudar isso! Sinto-me impotente para manter algo pelo quê lutei a vida toda, algo que dependia de mim, do meu esforço, da minha fé, e isso, para mim, é desesperador.

E eu concordo plenamente com você sobre plantar a semente e deixar crescer, e não agir tardiamente; ou focar em outras áreas da minha vida e deixar o amor agir. É o que estou fazendo! Mas é um processo, não um estado já atingido e, em dias como hoje, por exemplo, eu volto a ficar daquele jeito “extremista”, ou é, ou não é (se é para ser, que aconteça/ se não é, não… sem essa de ele precisar ter outra para descobrir que sente algo por mim), vendo tudo de forma direta, ignorando a maneira indireta da vida nos ensinar, e sofro novamente por tudo, entende? É a minha limitação à uma regra da vida, que eu já até consigo assimilar em outras áreas, mas nesta ainda tenho “traumas” e sou uma pouco mais “chucra”.

Ontem no banho me veio uma ideia na mente… Penso que nossa alma é como peças de metal disforme, reunidas concentricamente em torno de um ímã. Ela mal consegue rolar no chão, tamanha a desarmonia entre as peças. Nosso trabalho é vencer a força de atração, desplugando cada peça e trabalhando nelas, aparando as arestas e deixando-as harmônicas. À medida que cada peça vai chegando perto do seu estado puro, encaixa-se na peça ao lado. Até que todas, trabalhadas separadamente, consigam se unir outra vez e formar uma bola perfeita, não mais pela força bruta do ímã atraindo as peças, mas pela perfeita harmonia dos encaixes, e consiga rolar perfeita e livremente pelo chão, num movimento seguro, pacífico e harmônico.

Creio que a alma perfeita é energia pura, única. Mas, para atingirmos este estado leve e irradiante, precisamos desfragmentar, aprender um pouco de cada vez, trabalhando cada parte por momentos, depois o ímã atrai; aí desplugamos outra parte, lixamos um pouco, e o ímã atrai; pegamos uma terceira parte, fazemos o mesmo, depois voltamos para a primeira a lapidamos mais um pouco, até que todas não precisem mais do ímã para se unir e consigam simplesmente fluir.

Durante este processo, podem haver peças que sem encaixam e formam blocos. A bola rola por um período, mas em determinado ponto, a peça ainda embrutecida faz com que a bola siga outro curso ou mesmo empaque. É isso que quero dizer com esta área da minha vida: eu tenho um trauma nela. Muitas vezes, consigo “rolar” feliz, ter fé, esperança, amor, etc. Mas neste quesito – afetividade – e, dentre todos os desafios deste setor, o caso “terceira pessoa na história” – eu ainda não consegui lapidar direito a peça, e ela ainda me faz tropeçar. Até consigo ter um mínimo de fé, de esperança, de alegria, etc. Mas este assunto me desequilibra de tal forma que turva a minha visão e me desconecta de pontos bons dentro de mim, e eu perco o chão. Este é o meu calcanhar de aquiles! É meu maior desafio! Espero que ele não comprometa o curso da bola!

Mas vai passar… Obrigada pela ajuda!

Bjo!

Camila”.

Apesar de estar completamente desenganada, sem perspectiva, sempre que era para ele estar presente e ele não o faz, devido a esta nova vida que escolheu, eu fico doída. Recaio. Fico ressentida. A ausência dele me fere mais do que se nos víssemos num clima ruim… E hoje, para mim, é o “Dia dos Desencontrados”. Dói…

Eu tento, mas não adianta: devido a todo mal que isso me causou – e eu teria que ser santa para desprezar isso e ainda assim, sublimar – enquanto ele estiver com esta menina, não consigo mais ter o profundo respeito e a sincera admiração que eu sempre tive, então, ouço mais minhas dores.

Curioso… fui eu quem comprou coisas para passar pelo dia de hoje, mas são eles que consomem-se um ao outro numa união que, na melhor das hipóteses, poderia até ser razoável e mesmo boa, mas deslocada devido ao contexto (ou o que eu realmente penso ser – a pior das hipóteses, uma tentação não resistida que desviou duas almas do caminho do amor) é ruim e gera distanciamento da paz interior; e eu, apesar de sozinha e não vivendo a união carnal que, principalmente num dia assim (ou no feriadinho prolongadinho com friozinho quando eles ficaram juntinhos e até viajaram para uma cidadezinha, vai saber?), deveria ser a materialização de um sentimento genuíno, sou a que mais me aproximo do amor, pois vivo a minha “orgia Literária”, degustando um bom chocolate e cuidando de mim, mimando-me com coisas que me causam sincero bem-estar, alimentando minha alma com novos conhecimentos e o corpo, com prazer da serotonina (que, poderia, também, vir da fonte certa, mas ela está sendo consumida por outra pessoa) e do cheiro marcante e suave de produtos que embelezarão meu corpo tanto quanto busco (mesmo titubeando e a muito custo!) deixar mais bela a minha alma!

Fonte da imagem Café: tali-coisa.blogspot.com

Imagem Pés na areia: quaseeanjoos.blogspot.com

Coração com rosas: anamgs.blogspot.com

4 thoughts on “Resposta ao Comentário – “Dia dos Desencontrados”

  1. Strider diz:

    Wow! Adorei a resposta. Reafirmando, nada melhor que o tempo e a reflexão para deixar as coisas voltarem a seus lugares. 🙂 ah, adorei também o café em Paris para a conversa, rs. Sinto sua falta. Desculpe se sem querer possa ter dado a impressão de que não a compreendia. A ideia com o comentário foi mesmo provocar mais reflexão. Foi-se o tempo em que eu dava conselhos e acreditava ter respostas pra tudo. Tenho não. E quem tem?
    Sobre o dia dos namorados, vixi, nem esquenta. Eu, msm namorando, continuo achando esta data vazia, comercial e oportunista. Se ainda fosse em fevereiro no dia de São Valentino, acho que haveria um motivo a mais para a data… fora isso, é só pra fazer bullying com os solteiros rs.
    E sabe a melhor coisa do mundo nesses dias/momentos? Expandir o pensamento. Tentar pensar diferente e além do que costumamos. Quebrar paradigmas, fazer algumas coisas talvez sem sentido, ser feliz só porque estamos vivos. Aliás, isso é bom sempre, sempre. 🙂
    Beeeijo

    • Olá… Obrigada pela força. Agradeço o estímulo, foi isso que me fez cutucar a ferida, ir mais fundo e ficar um pouco mais aliviada ao chegar mais perto do cerne da questão – a injustiça, o descaso, a falta de consideração.
      Continuo concordando com a questão do tempo, embora continue com meu posicionamento extremista, na prática, em estados de alma como o que me encontro hoje. Mas já consigo também viver o outro, então, é só buscar! 🙂
      Seguirei seu conselho. Vou desencanar, ficar livre disso tudo, fazer coisas sem sentido… 🙂

      Beijão!!!!!

  2. Strider diz:

    Você falou de extremismo… Lembrei de um frase da Química (não lembro quem falou): “Tudo é veneno, nada é veneno”. Algumas substâncias em excesso matam, mas se faltam no organismo também matam. O importante é a dose certa. Extremos são tudo ou nada, mas tudo é veneno e nada é veneno. Encontrar a quantidade certa é sempre mais proveitoso e o às vezes o X da questão. 🙂

    • Totalmente pertinente suas observações… também conheço isso com aquela frase: “O que difere o remédio do veneno é a dose”. Sempre me lembro disso… É baseado neste conhecimento que abordo o conceito de que muitas vezes, um sentimento ou gesto originalmente bom, como a humildade no caso do “perdão”, que eu citei no texto, se usado demais (naquele caso, antecipando o trabalho do outro e sobrecarregando-me os ombros) pode virar outra atitude, outro sentimento, mas por termos tido boa intenção, não percebemos que o remédio virou um veneno… Ajudar as pessoas é um gesto altruísta, é algo que ainda nos requer esforço, portanto, precisamos buscar. Mas permitir que alguém malicioso se aproveite da sua boa intenção e tire vantagens, tornando-se inconveniente a você, mas nós seguimos a regra anterior: “preciso ajudar o próximo”, já não é altruísmo: é falta de autoestima. Não damos o que não temos… Precisamos cortar este ciclo e NOS ajudarmos, exatamente para poder voltar ao ensinamento e ajudar quem realmente precisa. Não é para fugir do ensinamento! E por aí, vai… Por isso eu afirmo: precisamos ter profundo conhecimento das regras de conduta, dos valores morais, para podermos aplicá-los dentro de um contexto, combiná-los, e não segui-los horizontalmente, repetindo padrões pré-estabelecidos, repetindo regras prontas ou seguindo à risca o exemplo do outro. Uma pessoa que largue um baita emprego seguro para abrir um negócio porque tem uma força interior, um feeling, sabe o que está fazendo e tem condições emocionais de lidar com o desconhecido e inesperado. Aí o vizinho de baia resolve fazer igual, mas ele tem outro tipo de personalidade e precisaria da estabilidade que tinha, pois nesta área, é mais limitado, e deveria “ousar” em outras. Larga o emprego também, mas seu negócio vai mal ou nem acontece. Cada caso é um caso…
      Bjos!!!

Deixe um comentário