Este texto foi escrito no dia 25 de dezembro e era para se chamar “Futuro do Pretérito”. Entretanto, achei que o escolhido, apesar de mais simples, apresenta um trocadilho, útil de diferentes formas, a ambas as partes.
É uma carta e foi inspirada em uma pessoa e em um sentimento, mas não tem endereço único: dirigida a todos que gostam de textos humanos, que perderam um amor porque a outra parte escolheu o caminho mais fácil, mais comum, ou àqueles que busquem palavras de amor e de perdão. Ao final, na íntegra, os poemas citados.
Antes, uma citação relacionada ao tema, mas não necessariamente endereçada “a ele”. A ideia serve, mas o conteúdo específico, não.
“Se tivéssemos a coragem de aceitar como nosso o que já somos agora somado ao que podemos nos tornar no futuro, ao invés de nos enxergarmos como o que ainda somos e de onde viemos, almas não se desconstruiriam e se perderiam buscando sexo pelo sexo em nome de uma transitória realidade. Sexo desregrado e coletivo nada mais é do que um grito de dor, talvez ainda não consciente, de um indivíduo implorando para ser amado. Quem já sofre de solidão está séculos a frente. O dia em que as almas no mundo respeitarem sua essência de Deus e ousarem ou experimentarem com a mesma intrepidez e desprendimento as verdades do Ser, como força, paciência, amor e fé, abandonando o egoismo de querer conhecer todos para si, serão tão felizes nas novidades e desafios das profundezas de um que, através da plenitude pessoal, unir-se-ão a muito mais almas, pelos laços do amor fraternal”
Camila Pigato, 19/01/2016
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Verde e azul. Vermelho e amarelo. Aconteceu: cá estou eu, à beira da árvore de Natal, pensando. Sentindo…
Reconhecendo que ainda dói, física e energeticamente, o coração, ao ver a foto do nosso casamento – mas você com ela.
Já faz um bom tempo que eu parei de berrar; algum que eu deixei de querer morrer; e momentos, praticamente, que começo a fazer as pazes com a fé que eu perdi ao ver tudo acontecer. Mesmo assim, repito tudo o que solucei, escrevi, gritei, falei, chorei, argumentei. Morri: não era para você não estar aqui.
Esta imagem é um impacto muito forte a tudo o que eu sinto. E sou.
Hoje eu estou quase em paz. Faz tempo que ensaio voltar a ser eu. É a primeira vez, nestes três anos, que eu sinto vontade, sincera, de viver o Natal – não porque eu deveria sentir e me pergunto o quão perdida estou porque não sinto. É a primeira vez, que, quando as férias me permitem, eu encontro forças internas, sendo capaz de deixar minha casa perfeitamente limpa, em ordem, com a energia fluindo e que, assim, tudo parece simples e possível outra vez. É a primeira vez que tenho lembranças sólidas como se ainda fossem agora, e não de um tempo que já passou e virou uma época maravilhosa em contraste com o pesadelo de agora; lembranças da “eu” que eu era quando vivi o que se mostrava ser, até então, o cumprimento do meu planejamento reencarnatório, os planos de Deus, para mim. Da minha “eu” mais feliz, plena, em paz e serena.
E, apesar desta mudança tão bem-vinda, dói. Da mesma forma que senti um arrepio na alma, depois no corpo, quando te vi pela primeira vez, de costas para mim, sinto agora uma massa dolorida na região do coração, antes que ele mesmo doa.
O que você fez com o que éramos para ser exatamente agora?
Eu fui ansiosa e duvidei, o que o pressionou, o assustou? Sim! Contudo, minha angústia era deixar de acreditar, não deixar de me sentir bem. Eu nunca desisti do amor, mesmo quando esta busca me machucou, exigiu sacrifícios e me fez “perder” para o “agora” e o tangível. Em você, incomodou e você acabou, depois de muitas fugas, fugindo para casar em *******, justamente para onde eu havia ido anos antes, sozinha, cheia de dúvidas, para me reconectar internamente com você. Para não desistir…
Onde estará a árvore de Natal para a qual você olha agora? Será que olha? Ou apenas cumpre um protocolo? Não necessariamente para os outros, mas para a pior pessoa a quem se pode fingir: para si.
Este é o primeiro Natal que eu vivo o Natal, por mais que tenha perdido um tio (pois isso, sim, é a vontade de Deus: dar e levar a vida e, indo, ele foi poupado de muito sofrimento, além de, de meu lado, ter tido o conforto de toda família, o que ameniza as coisas), e não tenha tido momentos isolados que se perdiam na dolorosa teia de fundo onde eu sempre acabava presa. Se hoje há espaço para que eu escreva este texto não é mais porque vou me arrastando em outras áreas da vida para poder lidar com o que de fato demanda a atenção e sorve as energias da minha alma, para o “que realmente importa” – você -, mas porque graças à sua escolha facilitada há um buraco em minha existência permitindo que eu sinta o erro da sua ausência. Hoje fui feliz como amiga, sobrinha, prima, filha, cunhada, neta, irmã, tia… Continuarei feliz boa parte do tempo nestas áreas (a vida tem seus altos e baixos), voltarei a ser feliz como profissional e ainda hei de ter liberdade e segurança que, para quem está encarnado aqui nesta prisão louca, se chama “dinheiro”, mas nada disso me faz ou fará uma mulher feliz. E, como filha de Deus, terei que sugá-lo e depender única e exclusivamente Dele se quiser ter fé, pois este erro grosseiro de jornada me fez perdê-la.
O que me fez abraçá-lo novamente com amor e aceitação na última vez que nos vimos, a despeito da rivalidade natural entre uma mulher rejeitada e a atual – principalmente se aquela tem a certeza de que esta é a figurante, no máximo, coadjuvante que, por um erro da vida, assumiu o papel de protagonista -, foi ver a sua esposa tossindo e eu apenas perceber, sem pensar, que minha vontade natural era fechar a janela para cortar a corrente de vento, porque ela era sua (vale reforçar que não uso pronomes possessivos necessariamente para indicar posse, o que tanto te arrepia, mas também relação). Ou seja, algo relacionado a você – mesmo que uma mulher… (Aquela primeira, a biscate, com e por quem gritei, não conta, pois tanto eu estava tão em choque e dor a ponto de ter praticamente qualquer atitude esdrúxula desculpada por ter sido mesmo o meu melhor, quanto ela era baixa e pequena a ponto de fazer até Jesus perder a calma; porém, esta e a anterior têm o meu respeito). Naquele dia eu conversei com ela não para “te ameaçar”, chegando perto demais, ou saber sobre você, mas porque eu queria me testar, e passei: deixei-o ir.
Meses depois, apesar do que parecia ter sido o ponto final-final, a súbita vontade de ver você, que vai e volta como as cores na minha árvore de Natal, ressurgiu, e as redes sociais às vezes fornecem o mínimo necessário que precisamos saber. Que golpe… eu vi a foto do meu casamento, certamente na mesma linha do tempo, mas não apenas isso: o mesmo tipo de cerimônia, a mesma paisagem, o noivo… só que sem mim! (Com um buquê que, confesso, não seria o meu…Rs…). E doeu mais do que eu achei que doeria a esta altura; mais do que eu gostaria de admitir.
Ah, se você soubesse o quanto eu amadureci! O quanto eu aprendi a valorizar os outros tipos de amor, não apenas este “cinematográfico e maioral”, quando eu, de tão certa do que queria e determinada, passava, no exagero, a ser inflexível; o quanto eu tentei, as coisas encantadoramente lindas que senti, o quanto me entreguei. Eu voltei a ver beleza no amor, apesar de entender que era para ter sido você, mas que teria que recomeçar a partir daí. Eu aceitei, já que não pelo amor em si, mas pela vida e por mim, me amar e ser feliz, abrir mão de tudo o que era para ser, de tudo pelo quê lutei. Como eu quis este recomeço! E como doeu não ter dado certo ainda assim… Não apenas pelo novo sofrimento, mas porque este novo vazio fazia esta nossa dor ficar ainda maior. Todavia, juro que quis prosseguir. Pelo visto, por um motivo ou por outro, não era para ser. Eu aceitei amar de verdade e com o meu melhor, apenas de outra forma, mas foi a própria vida que não quis. Portanto, pela primeira vez nestes três anos, me admito aqui. Não preciso mais fugir da dor para sobreviver. Eu já sobrevivi! E finalmente deixei que ela viesse. Eu, pela primeira vez no controle em sua companhia, a vivi.
Pergunto-me se “ler a sua alma” naquela época e falar tão naturalmente dos seus pontos nevrálgicos (assim como eu procuro fazer ao admitir os meus) não o tenha magoado mais do que eu possa imaginar, e pergunto-me se fazê-lo novamente não seria repetir um erro e afastá-lo ainda mais de mim. Por outro lado, apesar de tudo o que fiz para impedir, você está tão fora da minha vida que eu não me vejo nem no direito de te enviar o que vivo, não sei nem se você vai tomar conhecimento destas palavras, e este texto passa mais a ter um valor literário para explicar algo meu, um sentimento pessoal com o qual outros seres humanos possam se identificar e que seja útil para salvar outras histórias, que algo que faça parte da minha. As coisas ficaram tão fora do lugar que parece que isso não existe mais, que eu não tenho mais nada a temer. Nem a figurante fui rebaixada, eu simplesmente fui expulsa de cena na história que eu mesma escrevi. Sendo assim, talvez seja oportuno desabafar: sabe, casar outra vez com sua ex-esposa na forma de outra mulher não vai amenizar a mágoa que você possa ter causado no passado ou resgatar o que acabou antes do que você certamente previa (como sabemos, separações não são apenas fraquezas, mas fazem também parte da dinâmica dos relacionamentos, da realidade da alma; nós é que, quando desenvolvemos o caráter e queremos passar a respeitar a lei da vida, quando milenarmente inexperientes, somos rígidos para julgar as coisas e rotulamos tudo, no medo inconsciente de cair em erro novamente – “casar é nobre, separar é pecado”. E, assim, muitos erros são iniciados ou antigos acertos irremediavelmente danificados são mantidos, enquanto verdadeiros amores já prontos para serem vividos, eternamente na fila de espera quando tinham prioridade, nunca são formados). Muito pelo contrário: um dia a mesma situação chegará ao mesmo ponto e você terá que romper outra vez, ou se violentar. Não entrarei em detalhes aqui, mas ela ocupa o mesmo lugar dentro de você, lugar este muito mais guiado pelos caprichos do ego que pelas fibras de amor, paciência, coragem e fé. É sua zona de conforto que impera, não sua potencialidade. E lá venho eu novamente falar do seu semblante, que não mente. Desde mim, eu nunca mais o vi daquele jeito… Se você não tivesse capacidade de mais, eu estaria sendo egoísta, arrogante e orgulhosa ao te pedir algo que te agredisse as condições máximas atuais da alma; entretanto, por voltar a seguir a minha intuição e ter visto em seus olhos o que eu preciso para saber que você pode muito mais e que fazer de novo o que já foi feito é desperdício de tempo, de energia e vitalidade – é estacionar -, continuo batendo na tecla do que poderia ser.
Ela é igual onde há um vício na sua alma, um padrão de comportamento já conhecido, daí a falsa noção de afinidade – não similar em sua essência. Embora você tenha uma doçura e emotividade nitidamente em desenvolvimento (e esta foi uma das características básicas que tanto me encantou em você!), seu lado prático, reto, objetivo, de homem, militar, ainda fala muito alto. Eu também fui me descobrindo muito assim, mas em mim, é o inverso não em essência, e sim em proporção: o que se destaca é a emotividade. Além do diferencial de um amor bem mais real, eu te daria a espontaneidade e uma sensibilidade mais aflorada, o que em um primeiro momento iria desafiar, mas somar, porque você já está aberto para isso; enquanto por dentro, não apenas na objetividade, mas em valores essenciais da vida, já somos muito parecidos – identificação mínima necessária, a longo prazo, para confortar. E manter…
Ambos estamos sozinhos. A única diferença é que você está acompanhado.
Você precisa de uma mulher que te admire, te respeite, te ame e seja sua companheira e que se descabele se você for embora por motivos vãos; que se desespere ao não tê-lo consigo não apenas pela própria infelicidade, mas por doer no coração a noção de que você se prive da felicidade que, merecidamente, está guardada para você; porém, uma vez juntos, que não tenha medo de perdê-lo se você for teimoso, orgulhoso ou imaturo, maltratá-la ou ao amor e fizer por merecer.
Eu lutei solitária e como louca (aliás, passei por quase louca e certamente passaria/passarei se/quando souberem o que eu ainda sinto. No entanto, eu sinto. Que fazer?) não apenas pela minha história, mas por uma ideologia, coloquei outdoor e subi num balão para, a olhos nus e em poucos anos, nada em troca ter recebido (muito pelo contrário, virei uma verdadeira “loser” diante dos baixos valores vigentes, pois em meses perdi você, meu pai, meu dinheiro e meu carro, sem ter alguém para conversar “de homem para homem”, por mais que sua falha tenha sido no âmbito emocional e não físico; não podendo nem sair para distrair a cabeça de uma dor que me dilacerava a alma, sem poder pagar um curso ou uma viagem, conhecer gente nova, me divertir, nem sair para tomar um café, a pé, enfim, fazer algo bom por mim em outro setor da vida a fim de amenizar a dor de te perder), enquanto você seguiu em frente, várias vezes, “bombou”, e hoje está casado. Já eu, seguindo este parâmetro limitado, apesar de pequenas melhoras neste quadro, “fiquei para tia”. (Embora, como tal, eu esteja no céu!).
Entretanto, eu sou livre para sentir sua ausência; sou livre para lidar com esta infelicidade, enquanto você está anos atrás, ainda no começo de uma história que, desculpe, de verdade (não tem mais raiva ou arrogância aqui, apenas uma triste constatação de fatos), mas, fatalmente, irá falhar, para que o estrondo lhe faça redimensionar os fatos. E tudo…
Você não apenas me rejeitou, como me desprezou e me humilhou para, anos depois, sem nunca se desculpar nem mesmo como ser humano, quiçá como homem, casar o nosso casamento com outra pessoa. Era inconcebível a ideia de te perdoar… “Over and over” a ideia de você me procurar e admitir que errou passa pela mente, não apenas como um desejo, mas como uma premonição ou, no mínimo, uma possibilidade. Você estragou tudo, foi longe demais com o “ninguém é perfeito”, “às vezes nos afastamos da vontade de Deus” ou “ops, sorry, cometi um erro”. Se isso realmente acontecesse, eu ficaria muito triste por, então, viver esta história mais como por ser algo a ser cumprido ou à natureza da lei de Deus, que não nos deixa opção a não ser o perdão e o amor, se quisermos ficar bem; mas nunca mais, pelo menos nesta vida, haveria a empolgação, a magia, a beleza de quando algo acontece espontaneamente… Precisaríamos construir pedra a pedra o que já estava pronto e não sobre um terreno plano, mas sobre escombros. E lidar com intrusos no que estava protegido. Perdemos o encanto do começo e do reconhecimento, do plano divino se sobrepondo ao material; temos agora uma grande bagunça, muita influência das imperfeições do Homem, reflexão, responsabilidade e trabalho para poder chegar somente à primeira conversa – que dirá de todo o resto. Não me refiro a ilusionismos românticos, pois apesar de ter chegado realmente perto de deixar de ser essencialmente romântica e acreditar no amor, o que sou eu (e foi isso, não ter tão pouca autoestima a ponto de quase morrer por causa de um homem, que me matou por dentro), eu, com esta dose exagerada de “realismo”, aparei muitas arestas e perdi muitas ilusões. Refiro-me à diferença entre algo divino acontecer no tempo e jeito certo ou o homem interferir com suas limitações, orgulho, falta de fé e, mesmo que temporariamente, destruir e danificar o que ele mesmo havia construído com seu lado bom, que Deus havia enviado e estava pronto e puro. Depois de tudo o que ocorreu, eu viveria isso mais pela constatação de que mesmo com o erro do homem há a possibilidade de conserto, graças à força do amor; haveria a humildade diante da vontade de Deus, da qual eu obrigatoriamente retiraria bons fluidos e bons sentimentos, mas seria uma história que não conseguiria mais ser tão bonita porque passou a ser um remendo, uma adaptação cheia de falhas da sólida estrutura original: em segundo plano ficou tudo pelo quê lutei a vida inteira, antes mesmo de o (re) conhecer.
Que diferença faria para você passar por todo o processo comigo, se já viveu isso tantas vezes? Você responderia: “o amor”. E, por mais que eu quisesse que desse certo, depois de tantos “nãos”, tantas certezas e fés transformadas em ilusão de uma boba imatura e, consequentemente, da minha autoestima tenha ido ao chão, seria obrigada a questionar: “Mas, por Deus, se há amor, COMO foi possível haver outras pessoas depois de mim?”. Apesar de “o Bem sempre vencer o Mal”, de todo o orgulho não ser mais do que uma gota no oceano do amor, não seria tão simples assim… O que fazer por uma alma que era “limpa” e agora está toda remendada com o cansaço e com a dor (quem sabe, em breve, pela corrupção), e não é mais a mesma para deixar este sentimento fluir? Sabe aquela história da tábua e os pregos, relatando que podemos até tirar os pregos da tábua, mas ainda restarão marcas? Melhor tirar, claro, que deixar a tábua toda martelada, contudo, bom mesmo seria nunca terem martelado onde não era devido… Eu fiz a minha parte, eu “protegi a tábua”, lixei, passei lustra móveis (rs), eu nunca toquei em um martelo e, ainda assim, por causa de uma pessoa que não teve o mesmo cuidado, eu acabei com a minha tábua toda pregada. Que bom que “Deus enviou” alguém para tirar os pregos, mas, já que ele é Deus, onipotente e pode decidir como, onde e quando, eu preferiria que Ele me tivesse protegido das marteladas, para fazer valer a própria lei, que eu, by the way, defendia; não me feito pagar pelo erro de outra(s) pessoa(s), principalmente quando, justamente neste assunto específico, eu tive as minhas precauções, para somente depois do estrago feito Deus ser Deus e “lembrar que existe”. (E esta é a minha queixa real – Deus – pois você e eu somos apenas criaturas; estranho seria nós sermos perfeitos e Ele ter falhas). Apesar de tudo o que eu sei e, no fundo, ter consciência de que estou errada – mas é assim que sinto – complicado este conceito de justiça…
Para dar certo, deveria ser possível voltar no tempo. Queria apagar estes tormentosos três anos e todos mais que ainda forem longe deste amor, longe de você. Gostaria que fizessem uma lavagem cerebral a colocassem a história original neste espaço em branco. Ainda assim, não adiantaria, pois seriam informações, não experiências, sentimentos. A época, a atmosfera, o contexto, além do amor em si e da minha “tábua sem pregos”, faziam parte da “magia”. No caminho, havia uma bifurcação para o “céu” e para o “inferno”. Hoje, até o caminho do bem tem um quê de dor, de tristeza. Ambas as opções não são boas.
Ah, meu Deus, eu demorei tanto para entender que eu merecia, eu tive coragem de ir atrás… eu só queria ter sido feliz!
Fico aqui, me perguntando, se, apesar de conhecer este mecanismo, você vai ser uma daquelas pessoas que vão se contentar com o superficial e viver uma vida de fora até que os últimos instantes venham e, somente com a chegada da “morte”, você se aproxime da consciência da verdadeira realidade e faça alguma confissão, deixando um recado quase póstumo – ou pior, que precise “ver para crer” e só tome consciência disso quando já estiver imerso no outro plano e lhe “passem um filme” -, ou se vai acordar durante o caminho. Eu já devo ter sido assim, por isso, nesta vida, num momento decisivo, coloquei tudo num outdoor, para que fosse um fato consumado, a tempo de ser vivido – não lamentado ou refletido.
Meu Deus, isto não é um filme, um texto ou apenas uma música bonita; isto não é Hollywood, não é ficção, é a minha vida!!! Como pode a maior certeza de Deus na minha existência ter se transformado na maior mentira?
Eu definitivamente não sou apenas aquela que não gostou de ser contrariada, assim como você não é somente o homem que negou o amor. Será que ainda há oportunidade para ambos entendermos isso?
Há uma gigantesca chance, no entanto, de você não estar nem minimamente interessado. Estou, como meu poema diz, “Sozinha na Chuva”. Como pode, “Mensageiro de Deus”, ao invés de ter a “Sua Presença” (já que sua história original de fato acabou e você tenha ficado livre), eu velar a “Sua Ausência”, não por uma causa justa, ou quando era necessário e parte dos planos divinos – o que era difícil, porém, sublime -, mas para você, teimosa e desnecessariamente, “Mentir-se Feliz”?
******
Imagem: google
Poemas – Observações
1 – Serão publicados na ordem cronológica, não de citação;
2 – Desde quando compus que não lia o “Mentir-se Feliz”. Percebo que o conteúdo é muito parecido, embora naquela época houvesse mais mágoa e revolta;
3 – Neste mesmo poema, há uma estrofe sobre suor e dinheiro. Esta única estrofe é destinada ao meu pai, não ao meu amor. Este poema nasceu da sensação de abandono, de escolha por um caminho mundano, negando o divino, e meu pai fez a mesma coisa, apenas por outros motivos.
Sua Presença
Quando não está por perto
Percebo o quanto sou feliz
Quando o tenho ao redor
Sua presença é tão marcante
Que me faz bem
Mesmo quando está longe
Hoje, porém, quero apenas
Enaltecer a sua existência.
Tê-lo no mesmo cômodo que eu
Poder vê-lo somente pelos lados
E mesmo que sejam
Apenas pernas e sapatos
Mas saber que estamos próximos
Provavelmente juntos no coração
Gera em mim inenarrável alegria.
Seguro-me para não demonstrar
Este sentimento
E tento agir com naturalidade
Às vezes, tratando-o
Com excesso de normalidade
pelo receio que notem
não só a natureza
mas também o tamanho
e a força do meu amor
Colocando nós dois em situação indesejada,
E este sentimento de sublime
Possa momentaneamente causar tormento
Ouvi seu suspiro
E imaginei como seria
Poder senti-lo mais de perto,
Numa situação do dia a dia
E, neste sonho,
Como seria poder olhá-lo
Mesmo sem que percebesse
Admirá-lo e agradecer a Deus
Por colocar a luz da sua presença
Na rotina da minha realidade.
Sei que se eu pudesse tê-lo desde o começo
Saberia dar valor ao que temos
Pois antes de você
Muitos anos se passaram
E eu soube que quando te encontrei
A minha busca havia terminado
Mas hoje penso se,
Além de outras lições,
O fato de não poder tê-lo de imediato
Não seria algo culposo, negativo ou um teste,
Mas sim um meio ainda não compreendido
Em essência pelo homem
De fazer ficar mais lindo o reencontro
Quando duas almas descobrem
O limite do quanto se querem
Para em determinado momento da Vida
Encontrarem a pura felicidade
No momento exato
Da livre troca de olhares.
A esperança deste dia
E a riqueza deste sentimento
Motivam a minha existência
Enchem minha alma de paz,
Minha vida de alegria.
Em seus olhos vejo a luz
Que em minha humilde interpretação
Ainda é o mais próximo
Que posso chegar de Deus
Sua vida, sua presença
Representam para mim
A Bondade Divina, o sentido da Vida
Algo que todos sentiremos em tudo,
Um dia.
O mínimo que posso dizer é
Que eu amo você,
Pois para tudo que sinto
Não há palavras ou explicação
E o mais próximo que conseguiria mostrar
Para que pudessem entender,
Seria o meu olhar
Que se ilumina quando encontra o seu.
Quem sabe um dia eu possa
Dizer tudo isso a você…
Dar todo o amor que eu tenho guardado
Há muito tempo
Para você,
Somente para você.
Encontrei o amor…
Sou feliz…
Adoraria poder dividir esta felicidade
Com você
Meu amado,
Meu exemplo,
Minha vida,
Minha luz,
Minha calma,
Minha paz,
Minha emoção,
Minha certeza,
Meu amor,
Meu enviado.
Que Deus Ilumine a sua existência
E que abençoe nossos caminhos
Sejam eles juntos
Ou temporariamente separados…
(Camila Pigato, agosto 2009)
Sua Ausência
Quando vejo você partir
Sinto que meu coração
Vai querer desanimar
E para não desistir
Eu começo a me lembrar
Dos momentos que vivi
E me sinto elevar
Olho o céu, olho as montanhas
E sinto o seu olhar
Percebo que ele está em mim
Sua ausência fere minha alma
Faz a minha luz estremecer,
Meu coração diminuir
E a saudade bater
Mas quando a tristeza
Quiser aparecer
Eu começo a me lembrar
Do oposto, que é ter você,
E percebo que até a sua ausência
Serve para valorizar
Tudo que passo a ser
Quando o tenho ao meu lado
E eu percebo a grandeza
Do que a sua simples presença
Pode revolucionar e enobrecer
Dentro do meu ser.
Então eu entendo que longe ou perto
Você está comigo
Modificou minha vida
Minha visão de mundo
Enalteceu minha fé
Mas enquanto a distância for necessária
O simples fato de você existir
Vai inspirar meus passos
Iluminar minhas idéias
E alimentar meu coração
Quando penso no sorriso (sincero e sem culpa)
Que nunca darei
Nas suas mãos,
Que sobre as minhas eu não sentirei,
No abraço aconchegante que não vou ter
Ou no beijo que teremos que evitar
Enfim, no amor que nunca vou viver
Poderia começar a chorar…
Mas é exatamente quando fico feliz!
O que eu sinto é mais forte que tudo
Não é deste mundo,
Nem deste tempo
É algo que somente me faz crescer
Sua presença ilumina o meu dia
Engrandece minha alma
Enche minha vida de alegria
Faz com que eu ame mais os que me cercam
Que eu agradeça a Deus a todo instante,
Gostaria que todos sentissem esta harmonia
Se sempre chorei de saudade ou decepção
E no “amor” fui sempre renegada
Ou desejada por quem eu não queria,
Tudo não passou de ilusão
Hoje escrevo sobre as lágrimas que caem
Mas que são expressão de alegria,
Vindas do fundo do meu coração.
Que a sua presença em minha vida
Me ajude a ser melhor
Para um dia merecer você
Hoje
Tão perto,
Mas sem seu olhar constante,
Eu dizia em pensamento o que sinto
E imaginava nós dois
Nos abraçando,
Observando a imensidão do mar azul
A brisa a nos envolver,
A paz a nos completar
E o amor a nos guiar
Mesmo que não seja a hora
Vou continuar a te esperar
E em meu pensamento te amar
Pois é isso que alimenta meu ser
Um dia, perante a eternidade,
Iremos nos reencontrar
Seja amanhã ou daqui cem anos
Só a vida vai nos dizer
Mas eu digo estar certa de que vai acontecer.
Eu não preciso tê-lo por perto para lhe ver
Nem poder lhe tocar,
Para o abraçar
Ou preciso do seu beijo
Para o amar
Encontrei o amor
Pude confirmar minha essência
E saber que o tempo é relativo
Que meu caminhar
Vai um dia me levar até você
É preciso ter esperança, paciência e fé
Eu posso não ter tido seu corpo
A caminhar ao lado do meu
Mas a cada dia,
Em cada gesto,
Em meus sonhos
E em meus pensamentos
Pude imaginar como vai ser
Quando nossa união acontecer
Somente este reencontro
Basta para ser feliz enquanto eu viver.
Tê-lo junto de mim,
Vivo no meu coração
Fez-me notar que somente por acreditar
Eu pude encontrar a verdadeira felicidade
Poderia viver um único momento eternamente…
Nunca antes senti nada assim
É difícil explicar minha gratidão
Por tudo que a Vida passou a me dar
Sinto que este amor , na verdade,
não tem começo nem fim
É algo que me faz seguir sempre em frente…
Não importa quando nossos caminhos se encontrarão
Nem ouço o que os outros vão falar
Não sou eu que vivo longe da realidade
São eles que não entendem, infelizmente.
Houve tempos em que quase duvidei de mim
Foi difícil viver a separação
Mas nenhum obstáculo conseguiu me desviar
Sou feliz mesmo “contra” a sociedade
Não podemos fugir do amor, quando se sente
Um dia eles compreenderão
Vale mais o encontro de um olhar
Do que tudo o que eu poderia viver
Por este sentimento
Serei grata eternamente
Somente por saber de sua existência
A paz invadiu meu coração
E se hoje sinto sua ausência
É porque um dia vi o seu sorriso
E isso basta
Para que esteja sempre presente…
(Camila Pigato, fev e out 2009)
O Mensageiro
Vejo anjos
Em torno de mim
Com os olhos
Apenas o abajur
Que irradia linda luz
E abana suas asas
Para nos lembrar
Do Bem que nos conduz
Mas os que realmente estão aqui
Vejo com o que sinto
Para o que me transformo
Quando penso em você
O que é a criação
Senão apenas um meio
Que Deus sabiamente Inventou
Para que a alma
Possa sentir fora e aprender como seu
Algo que já traz desde sempre,
Dentro de si?
Os mundos, as estrelas, o mar,
O céu, as árvores, a chuva,
O sol, as pedras, o ar
Todos seguem um caminho
E com eles, interagindo,
Sentimos a grandeza
E a simplicidade
Do existir
As plantas, os animais,
Desde o unicelular
Ao homem que pensa saber
Todos são seres amados
Cujas vidas devemos celebrar
Na forma do pai
A sabedoria, o carinho, a proteção;
A mãe ensina à alma
O conforto, a bondade, o amor incondicional;
Filhos ensinam a quem os têm
A doação, a resignação, a vida pela vida,
Amor sem igual;
Os amigos são tesouros
Irmãos que escolhemos
E que tanto nos amam
Que não precisam mais estar por perto
Para continuarem a ser
E mesmo longe pelo lugar ou pelo tempo
Basta um sorriso
Para a intimidade de outrora
Venha aparecer
A criança foi criada para que ainda se lembre
Da inocência, da bondade, da pureza;
A adolescência nos relembra,
Para que com a criança não se engane,
A inconstância que podemos ter;
O adulto demonstra a força que
Precisamos exercer
E o idoso novamente é um convite
À realidade de que a vida é um ciclo sem fim
Novamente nosso tamanho pequeno é apontado,
Não sem antes novamente despertar
a inocência do começo misturada
da sabedoria adquirida pelo tempo
Há também os relacionamentos conjugais
Que nos ligam profundamente
Sem do sangue ter-se laços de afinidade
Têm a pureza dos sentimentos mais fortes
Advindos normalmente da família
Junto do conforto de uma amizade.
A comunhão de idéias, a convivência fraterna
A doação, o carinho, o amor incondicional
Pelo menos, é assim um casamento de verdade
O momento que vivemos na atualidade
Ainda é de aprendizado
Portanto, nem todos os relacionamentos assim serão
Pois muitos deles ainda são também um meio,
E não a finalidade
Como muitos ainda pensam que são.
Seja como for, todo tipo do que hoje chamamos “amor”
São modos da Criação nos mostrar
O amor sublime que um dia iremos experimentar
Cada ser, em seu caminho, tem muito a aprender,
Mas também algo a ensinar.
Entre tantas outras coisas,
O medo de tudo o que sinto estar errado,
E com isso o modo como vejo Deus,
Tudo o que aprendi,
A paz que senti,
Fez com que, exatamente por temer perder,
Eu me afastasse de minhas crenças,
De mim mesma, minha essência,
E até mesmo de você eu me perdi.
Suas palavras de bondade
Têm um efeito em mim
Mais poderoso que as mesmas ou ainda melhores
Que qualquer outro ser no mundo pudesse dizer
Mesmo sem resultado imediato,
Você não deve nem saber,
Mas o simples fato de sorrir
E ter vontade de ajudar
Resgatou-me de mais um tormento
Onde eu estava escondida,
presa dentro de mim
Como sou ainda muito pequena
Falar com os anjos não me é permitido
E talvez por ter o coração endurecido
Para entender a pura caridade
O modo mais rápido de encontrar minha alma
E fazer com que entenda os recados que a Vida
Quer que eu aprenda
Seja colocá-los nas mãos de alguém
que me fez encontrar a mais sublime felicidade
Você talvez não fale a língua dos anjos
E sei também não ser perfeito
Mas é exatamente daí que vem toda beleza
Porque o que sentimos, pensamos,
Do que gostamos podem ter muito em comum
E cada defeito seu talvez seja
O que minhas qualidades conseguem compreender
Seus olhos humanos, como um outro qualquer;
Seu modo de viver, tentando ser melhor,
Mas fazendo o mesmo que vejo um grupo fazer
Podem ser simplesmente apenas “mais um”
Mas para mim são o intermédio
Entre este mundo e aquele que de muito perto
ainda não nos é dado conhecer
Você não é melhor do que ninguém
É mais um homem doce, generoso, gentil
Sábio, vivido, inteligente,
Verdadeiramente bom
Sei não ser maioria,
E isso talvez o destacasse.
Destaca, sim.
Mas ainda que houvesse um outro homem assim
Que cruzasse meu caminho neste momento
Não diria em forma de sentimento
Tudo o que sua existência toca em mim
E isso faz com que,
Exatamente por ser humano,
Seja perfeito:
Bom, generoso, gentil,
Mas como só você poderia ser
Por ter encontrado este tipo de sentimento
Ter um relacionamento só por ter
Passa a ser banalidade
Ter alguém ao lado
para não sentir solidão
é muito pequeno, inútil,
vira tormento.
Eu mal comecei a aproveitar este amor,
Impossível seria esquecer
Você me mostra uma outra realidade
Sinto-me completa, feliz, sempre bem-acompanhada,
Pois o tenho no lugar que mais interessa:
O coração.
Belo e pequeno ser humano
Ser por Deus tão Amado
Pois para Ele,
Pouco Importa sermos almas crianças,
Que ainda erram,
Ou aqueles que do Mais Alto cantam
Somos nós que temos sentimentos condicionados
Ele Vê apenas um que já terminou uma etapa
E o outro que pelo próprio ato de errar
Fatalmente irá ao mesmo destino chegar
Para Ele somos todos iguais,
A diferença é que nossa bondade ainda se expressa
Na forma de erraticidade
A deles já está iluminada
E na harmonia consegue se mostrar
Tudo isso para dizer
Que por ainda termos tanto o quê aprender
Esta querida humanidade, onde sou iniciada
Não detém palavras nobres o bastante
Para explicar este sentimento
E que por falta de expressividade
Chamamos “amor”
Então, é assim que denomino
Tudo que sinto por você
Você também veio para crescer
Mas isso é tudo o que imagina ser
Não sabe que sem nada precisar fazer
Me leva direto ao céu,
Sem daqui poder ainda partir.
Faz com que eu me lembre que há amor,
Resignação, esperança, fé
Não apenas por suas palavras,
Mas pelo simples fato de existir.
Você é o maior Presente
E o maior contato com o Criador
Que eu poderia conhecer
Graças ao que sinto
Sou melhor comigo mesma,
Com todos os que me cercam
Com aqueles que talvez eu quisesse manter longe
E agora preciso também viver o amor
Nestes momentos de elevação
Casar parece pouco
Pois o que sinto vem antes e vai muito além desta morada
Consigo apenas elevar o pensamento
E agradecer pela grandeza de Deus
Ao colocá-lo em minha caminhada
Sinto seu abraço
Num olhar
Seu beijo
Num sorriso
E isso é tudo que preciso por enquanto sentir
Talvez se você chegasse mais perto
Eu poderia não suportar
Pois o que sinto é tão intenso
E ao mesmo tempo tão radiante
Que parece desperdício limitar
A um corpo, ainda que abençoado
A um local, em todo firmamento,
A um instante, em toda linha do tempo
O amor que sinto é tão grande…
É difícil de explicar!
Independe de você,
De nossas experiências,
Que são a forma que nossas almas
Encontram de melhorar
E que podem exatamente por isso
Ainda nos afastar
Para que quando não haja mais nada a aprender
E possamos ser livres de outros relacionamentos
Exercer livremente
e nossa união enaltecer
Não sei se você já me encontrou
Mas eu encontrei você
Agora, meu amor,
Ser amado,
Abençoado,
Iluminado…
Graças a você
Deus e eu podemos dialogar
(Camila Pigato, julho de 201o)
Sozinha na Chuva
Vencia a Chuva
Que embaçava minha visão
Nossos caminhos se cruzaram
Mas íamos em outra direção
Duas almas buscando abrigo,
Aconchego, proteção
O mesmo fim
Porém, caminhos diferentes
Molhada, precisando de calor
Cansada, para me aquecer
Só o banho ou chocolate quente
Será possível ter o seu amor?
Aqui dentro as luzes harmoniosas
Mais uma vez piscavam
Cintilando na árvore de natal
Lá fora você chegava
Onde te esperavam
Aqui dentro
Chuva torrencial
Na caixa, o livro autografado
Que eu nunca entreguei
No carro, a folha
Que há meses imprimi
Nos lábios
O beijo que nunca dei
No peito a esperança
Que não me deixa seguir
A campainha toca toda semana
O coração dispara, entristece
É sempre outro rosto a sorrir
Tanta dúvida, demora
A mente enlouquece
A solidão devora
Quase desisti
O vento sopra e apavora
Revira a vida perto de mim
Tira tudo do lugar
A chuva cai,
Sem fim
No entanto,
Já passou
Só as luzes de harmonia
Brilham em melodia,
Alegrando meu coração
A tempestade que veio
Não tirou nenhum telhado
Apenas me arrancou o chão
Esperar você é acreditar no sonho
Ou viver de ilusão?
Venci a vida
Que quase embaçou minha visão
Enfim nossos caminhos se cruzaram
Afinal, estamos indo na mesma direção?
(Camila Pigato, dez 2011)
Mentir-se Feliz
Até quando sentirei a falta
De quem não me quer bem?
Paredes que falam
Pessoas que lembram
Hábitos que revivem
Quem por vontade
Quis partir
Segundos desperdiçados
Vidas desviadas
Dores desnecessárias
Amor não vivido
Certeza enlouquecida
Fé que deixou de existir
Desprezo a fraqueza
Lamento a covardia
De quem preferiu
O mundo a mim
Cada passo que dei
Pingando de chuva ou sol
Castigando o corpo
E calando a alma de exaustão
Equivale a todo milhar a ser perdido,
Se a vida é justa,
Do dinheiro que você escolheu
No lugar do meu coração
Para uma única lágrima
Da tormenta que me acometeu
De sua indiferença, arrogância e traição
Vários sorrisos
Em diversos rostos de mulher
Que vivem o momento,
Surgirão;
Cada noite aqui vivida de solidão
É mais uma,
Dentre tantas,
Da companhia, de toques,
Abraços, beijos, vida social;
Satisfação sexual, rotina compartilhada
Por quem,
Originalmente,
Não deveria ser mais que uma amiga
Ou passar de uma balada
São,
Contudo,
Sorrisos de euforia, carência, acomodação
E a minha dor –
Sem igual –
De tudo ruim que traga,
Ao menos é verdadeira,
O oposto de uma ilusão
Como a que vive
Com as escolhas que fez
E o que constrói
Única e exclusivamente
Pelo medo de enfrentar o que sente
Obrigando-se, assim,
A fugir de mim
Para mentir-se feliz
Que restará de nós
Quando despertar?
Haverá segunda oportunidade?
Conseguirei,
Depois de tudo,
Perdoar?
Sobreviverei?
Qual a pior morte:
A do coração fisicamente estagnado que liberta a individualidade,
Ou a da alma banalmente acorrentada a um corpo que ainda respira?
Estarei,
Enfim,
Aceitando o inaceitável,
Vivendo o presente transformado,
Ou ainda debatendo-me
No inferno que amiúde dorme,
Mas não cessa,
Tendo presa nesta indescritível situação
A minha liberdade?
A certeza do que um dia nos uniu
E sempre nos ligará,
Além de tudo o que você também irá saber,
De sólido e eterno que é,
Consola e eleva;
Enquanto desola, desespera, revolta,
Pela magnitude do que foi perdido,
Agora,
Tamanho deserto que se instalou
No límpido mar azul que flutuava em mim
E que secou.
Apenas porque você quis,
A despeito de tudo que fiz.
Apesar do brilho único e cristalino em seu olhar
Do sorriso involuntário
Quando eu,
Tímida,
Revelei o que senti.
Se é mesmo algo tão elevado,
Como pôde escolher –
Dentre todas as confusas opções
Deste mundo tão diverso –
Querer, imaginar, atrair, desejar, aceitar e materializar
Qualquer que seja,
Por mais tentador,
(Algo tão íntimo, único e seu):
o que não fosse o amor e a mim?
A cada dia tento superar
Esquecer, amar, perdoar, sublimar, entender.
Impossível…
Desisti!
(Camila Pigato, abril 2014)