O Universo expandindo em mim

Quando um leque de oportunidades torna-se necessário e aparece diante de nós, é excitante a descoberta do novo. Vontade de se entregar plenamente… Mas sente-se o medo de viciar-se no ato de descobrir, de experimentar, e perder-se no todo. Na expectativa ansiosa de simplesmente ampliar horizontes, mergulhar totalmente nas infinitas oportunidades e nunca mais retornar. Perder-se de si, do que já se admira. Do que já é. Medo de mudar, mas também, de ir e não voltar. De tornar-se melhor numa versão imperfeita e incompleta, e precisar admitir. Medo de ficar realista demais e perder a fé. De, na ânsia de experimentar, deixar que me convençam que o que eu sou não interessa. Que eu me deixe ir e em vez de ser, precise buscar cada vez mais novidade para estar numa nova e atual variante mais humana, calejada, vencida e convencida de mim mesma. O mais próximo possível do que um dia eu fui, mas não mais eu. E sorriam, quando assim for, e eu, por educação e vontade da alegria, sorria também, mas nunca mais consiga sorrir para mim na solidão, quando era tão bom simplesmente olhar nos olhos e ser…

Imagem: recantodasletras.com.br

O Vestido, o Balão, o Céu, o Amor

Primeiramente vejam o video, depois leiam o texto.

“O Vestido, o Balão, o Céu, o Amor”

Há uma semana eu recebia uma notícia que me animou a alma: a declaração de amor que fiz ao homem que amo, num momento de extremo impedimento e que foi, portanto, um ato de fé, foi uma das selecionadas. Eu (e ele!) ganhei (ganhamos) um passeio de balão!
Na minha visão, seria o desfecho perfeito para tanto desencontro e sofrimento.

Eu tinha um compromisso no mesmo dia. Alimentando a esperança de que ele aparecesse e, ao mesmo tempo, repetindo um erro comum em mim – querer fazer duas coisas simultaneamente ou muito próximas uma da outra, acertando no quesito “tempo”, porém, errando no quesito “qualidade de vida”, “correria” –, combinei de ir ao compromisso já agendado e posteriormente correr para o passeio.

No sábado pela manhã, acordei ansiosa. Estava em conflito. No fundo, sabia que ele não ia, e não sabia o que fazer. Até que, quando a realidade foi chegando, notei o erro cometido: aquele era o meu dia. Só aconteceria neste momento. Eu tinha o direito de aproveitar! Precisei aprender a priorizar minhas coisas, mas não era só isso… No fundo, usei como desculpa o meu dever a cumprir para poder chegar mais tarde e esperá-lo…

Não mais. Foi quando publiquei a errata (post anterior), mudando o horário. Avisei quem deveria que faltaria ao compromisso e fui viver o meu momento.  Cuidei de tudo o que tinha direito: tomei um banho relaxante, fiz depilação, passei hidratante, pintei as unhas e coloquei um vestido florido, de acordo com o clima alegre e ensolarado, com delicados brincos rosa, assim como anéis que seguiam o mesmo tom. O toque final, a estréia de um sapato estilo romântico.

Logo vieram me buscar. Ao maquiar os olhos, eu os vi meio “fechados”. Eu realmente estava me esforçando, mas não estava feliz. Na estrada passou uma moto com a placa da cidade da “namorada” dele, e eu fiquei furiosa. Furiosa! Não quis mais conversa, fiquei apenas absorvida em meus pensamentos, naquela realidade horrível – todos os fatos, todo o esforço feito para se chegar até ali e tomar um tombo, toda dor advinda disso, toda frustração, rejeição, descaso, desolação por ter o amor impedido, o coração partido, a quase loucura ao imaginá-lo com outra, etc.

No shopping, de onde eu saberia o local do evento, percebi vários homens me olhando… Ainda queria que ele estivesse ali e, ao ver que chamava atenção de outros homens, queria também que ele me visse (como senti tantas e tantas vezes), mas este “lamento” foi me irritando e já comecei a levar esta informação para outra parte do meu Ser…

Chegando ao clube de cujo campo sairia o balão, apresentei-me à organização e entrei na fila, pronta para voar pelo Vale do Paraíba, ver as cidades lá de cima e, quem sabe, ainda, o mar… (em minha defesa, não fui a única a pensar assim). Aí, tive a noção de realidade: o balão ficaria preso à cordas, ficava apenas uns cinco minutos no ar (eram vinte casais! Ou melhor, dezenove…), não havia portinha na cesta para adentrar à mesma (o que complicou meu traje campestre… que saudades da calça jeans!) e não havia nenhuma solenidade, nenhuma oportunidade para dar meu posicionamento em relação ao amor, essas coisas (eu e o meu protocolo…rs…). Aí até ficou um pouco “menos ruim” o fato dele não estar ali. Parecia mais com o que eu vivia – algo bacana, mas corriqueiro, assim como o fato de que ele está com outra, e não comigo – do que aquilo tudo criado em minha mente, ansiosa para que esta fase ruim passasse. Apesar de já ter notado, ainda repetia em escalas mais profundas os erros, ao ser extremista, imediatista, querendo que tudo se resolvesse num dia, em apenas um gesto simbólico. Mais uma decepção para lapidar este exagero e ficar mais próxima da realidade.

Esperei por mais de uma hora. Copiei a declaração de amor, feita na mesma época do outdoor – um resumo “milagroso” do mesmo. Nove por três metros resumidos em cinco linhas de um papel medindo apenas vinte por cinco centímetros! 

Fui ao banheiro, olhei-me no espelho e algo me fez lembrar o ser amado. Jesus, justo hoje, até aqui? Voltei.


Os casais eram chamados, acompanhados ao balão, desciam sorrindo e saíam com um brinde nas mãos. Quase desisti. O medo de não poder subir por estar sozinha, ou o simples fato de precisar explicar que não havia mais ninguém, me entorpeceram a mente. Faltou um segundo para eu ir embora.

Chegou a minha vez. A expectativa animou-me levemente. Eu disse que estava sozinha. Tensão. Tudo bem. Entretanto, a moça, que deve ser a mesma da ligação avisando o prêmio, perguntou onde estava o namorado. Eu respondi: “Não sei”. O rapaz que me acompanharia perguntou algo – não lembro mais o quê – e eu disse que nós não estávamos juntos, mas meu amor havia me levado até ali, então, eu aproveitaria o passeio. Os dois apoiaram o gesto e eu fui em direção ao cesto.

Pois é, quem dera minha expectativa a respeito da portinha fosse verdadeira… Subir no balão de vestido, eu não recomendo! Rs…

Último segundo. Subi. O balão decolou. Ok. Ele não foi…

Cansei-me de carregar o peso do fracasso nas costas. Cansei de ler livros de autoajuda que, obviamente, mostram o resultado final que devemos atingir como pessoas aptas a um relacionamento a um, a dois.

Ler sobre comportamentos pessoais ou atitudes que prejudicam um relacionamento a dois e tomar consciência do quanto ainda há a ser feito, está me “cansando a beleza”. Como se, ao ler, detectar o que falta e ter sincera vontade de crescer, eu precise ter tudo o que todos os livros falam (e de uma só vez!) para eu poder também viver. Já reconheci o quanto falhei na linguagem não-verbal, e é muito bom aprender com os erros. Mas chega de só refletir, me cobrar ou sentir-me rebaixada por não ter característica “a” ou “b”, por tentar descobrir porque não “agradei”…

Não, não estou criticando este tipo de literatura. Estou criticando meu velho hábito de buscar a perfeição antes de executar algo, meu velho hábito de confundir humildade e reconhecer erros, com achar que foi tudo culpa minha. O velho exagero na dose.

Mas a linguagem não-verbal dentro de um relacionamento afetivo, ou os próprios pontos que preciso aprofundar em mim, são apenas algumas das diversas “áreas” de atuação da alma. Sou boa em tantas outras coisas! Isso não conta? Sou ruim no “método” de me aproximar de um homem, mas vencida esta barreira, tenho tanto a ofertar! Não conta? Em mim, tenho sim meus defeitos. Mas me incomodo com eles e já estou buscando revertê-los em virtudes. Nem estacionados estão! Fora as características boas já adquiridas. No todo, sou tão ruim assim?

E no modo como me comportei diante de tudo (em textos anteriores, já expliquei o contexto). Eu não sou só esta dor, só este emocional inflado diante de tudo isso: sou alegre, sou feliz, busco fazer o bem, sou divertida, sou amiga, sou inteligente, sou madura, sou amável e, o que é novidade até para mim, mas sou sexy! Acredito em relacionamentos de crescimento mútuo, ao contrário destes interesseiros, em variados níveis, nos quais sutilmente nos embrenhamos por aí. Ainda que tenha meus antigos padrões para expurgar (inclusive, dentro deste próprio “setor” invertido, ao esperar de fora, a receber mais do que doar), mas o que realmente importa é que eu tenho VONTADE de lutar por isso, de me superar, e tenho sincero anseio de fazê-lo (ser amado) feliz. Não como quem não se ama e projeta tudo no outro. Mas como quem quer o outro em sua vida para COMPARTILHAR, não somente para receber.

Eu sou muito mais que o desespero, a depressão e a raiva que vivi, aumentadas em grande parte pelo contexto, por todas as dificuldades que eu não soube enfrentar. Hipoteticamente, poderia ter me saído melhor? Há quem consiga ter desempenho superior num caso assim? Sim! Mas eu não CONSEGUIA e apenas reagi. Fiz o melhor que pude. Sim, eu tenho este desespero, esta raiva e esta depressão dentro de mim. Do contrário, nada externo que pudesse ocorrer incentivaria o que não existe. Mas uma mulher grávida, dando a luz, cheia de dor, pode ser considerada “estressada” quando, neste momento, alguém a incomoda ou perguntam algo inconveniente e ela responde de forma agressiva? Não! Claro, há pessoas que são tão, mas TÃO calmas, que nem em momentos assim se exaltam. Raríssimas. A maioria, consegue lutar contra suas más tendências no dia a dia e deixar de lado a agressividade. Mas, em situação de extrema dor, reagem instintivamente.

Sim, eu tenho, portanto, este desespero, esta raiva e esta depressão dentro de mim. Mas elas só eclodiram desta forma porque eu cheguei num momento específico da vida de dor alucinante, que tirou o equilíbrio emocional. Não posso ser analisada em estado de desequilíbrio como se estivesse equilibrada e não “desse conta do recado”. São conceitos distintos! Quem leu meus últimos posts, os anos de sofrimento, de segredo abafado, de crise existencial, sabe que eu já estava no meu limite faz tempo. Há quase dois anos!

Portanto, tenho isso, mas não sou apenas isso. Tenho potencialidades que me permitem voltar ao estado de equilíbrio do Ser e trabalhar para a transformação destes defeitos em virtudes. Eu não posso, em nome de tudo isso, assumir sozinha a responsabilidade por TUDO: pela parte do outro, pela conjuntura dos fatos, o que foge do meu controle – e é, provavelmente, a maior provação que vivi até hoje! Preciso compreender meus limites. Entretanto, não me impressionar com eles e sim, enaltecer as possibilidades.

Será que eu preciso estar perfeita para poder iniciar um relacionamento, ou a maturidade geral e a vontade de acertar já não contam, pelo menos, para começar? Leio nos livros características que eu já buscava sozinha, antes, por sentir necessidade. Ainda não as tenho finalizadas, mas estou buscando. Incessantemente! O que conta não é a intenção, mais do que o resultado final?

Cada um tem seu tempo. Sua capacidade ao lidar com obstáculos. Meu tempo de compartilhar a vida com alguém já chegou, mas não fui muito boa com os obstáculos, que sempre me tiravam da rota, da minha própria jornada. O sofrimento emocional turvou meus sentidos. Minha dor tomou conta do cenário e, temporariamente, anulou todo o resto. Porém, eu sempre volto. E mais forte, mais sábia. Isso não conta? Será que já não tenho o mínimo necessário para começar, e ir, aos poucos, crescendo, tendo, sim, meu tempo compatível para ir buscando isso?

Por que quem me conhece como um todo e sem um casamento nas costas para eu me travar, me admira pelo que sou, assim como aqueles homens no shopping, pelo que mostro, mas diante dele eu sinto nunca ser boa o bastante? Sou eu quem seja inapta, ou nós dois que não estamos falando a mesma língua?

Sei que falar é uma coisa, fazer, é outra. Mas vejam meu caso específico: diante da vida, quando eu estava começando a ajeitar os conceitos, detectando o excesso que dava para a idealização e querendo passar a exercitar mais (quando eu realmente me importava com a pessoa, como no caso dele, não quando era só para ver no que ia dar, sem medo de ser rejeitada, ou quando vinham até mim e eu não precisava me esforçar para criar um relacionamento), encontrei o amor num homem casado, sendo obrigada a idealizar, se não quisesse obter problemas com a minha consciência – e com terceiros.

O tempo passou, fui compreendendo os pormenores da situação, derrubando barreiras e extremismos internos e ampliando o mínimo grau de ação na nossa delicada situação. Mas quando percebi isso, já havia declarado o que sentia, por exigências de outro setor da minha alma – a crise existencial – e, justamente por estar em crise, já havia feito uso da ansiedade, colocando a carroça na frente dos bois, como escrevi anteriormente, em outros textos, (se eu tivesse tido fé e não me deixado levar pela ansiedade, ao esperar um posicionamento, mesmo sem querer, pressionando – e assustando – talvez tudo tivesse ocorrido naturalmente. Sei que no fundo tudo acontece como deveria ser, mas isso não nos isenta de aprendermos com os erros, para não cometê-los novamente), gerando desencontro de ações.

Justo quando eu estava começando a me sentir no direito de “agir” (ver textos anteriores, ações mínimas naturais às quais minha excessiva rigidez ao lidar com a situação me impediam, não refiro-me a dar em cima de alguém compromissado!), tanto por um processo interno de libertação, quanto por uma aproximação da realidade, de tirá-lo do mundo dos sonhos e deixar de ser “intocável” (conceito formado ainda devido ao resquício do meu padrão antigo de comportamento, dos amores platônicos, mas massivamente contribuído pelo compromisso matrimonial dele), e interagir como um homem comum, por um lado, fui sempre mal interpretada por ele, que via nisso humilhação; por outro, não pude ter este campo de ação devido ao desgaste de más interpretações entre nós e a imagem que ele, erroneamente, criou a meu respeito. De uma forma ou de outra, não falamos a mesma língua: agi certo, na hora errada, distorcendo conceitos – e ele não soube compreender os deslocamentos; ou eu falei e não fiz, ele “fez” e não falou.

Entretanto, nunca desisti. E veio o choque: a separação, um relacionamento repentino e não apenas isso, mas um relacionamento no seu grau máximo: ele já estava MORANDO com outra!!!. Foi o que eu soube e, repito, me tirou o chão. Não poderia nem “me garantir” e tirar de letra um relacionamento efêmero, como as mulheres sábias conseguem fazer ao lidar com as pequenas aventuras de um homem. Eles já moravam juntos! Ok, eu poderia, ainda ser alguém de outro mundo e superar tudo isso, agindo com superioridade (se conseguisse. Hipoteticamente, porque, no meu caso, eu realmente não conseguia). Mas hoje, nós mal convivemos. Não sobrou campo de ação nenhum para mim! Foi tudo muito desencontrado (porém, visivelmente, não por falta de afinidade, ou “porque não é para ser”, e sim por erros “opcionais” dos envolvidos! Quando não é para ser, não importa: nada do que se faça vai fazer brotar algo que não existe. Mas quando existe algo, devido às nossas imperfeições, aos nossos hábitos emocionalmente confusos e infantis, podemos, sim, nos desviar de algo bom por ilusões ou sintonias ruins!!! Não é esta a nossa luta: sair da infelicidade e buscar o que é nosso, o que é natural à alma, a cada um de nós, encontrarmos nosso caminho e, assim, sermos felizes? Não estou falando nenhum absurdo!!!)! O mundo prático, factual, material, não é importante, eu é que o desprezei antes? Concordo com vocês! Então, como eu vou saber se é ou não para mim, se não tive a mínima chance de tentar? Não aceitar a impossibilidade do “não” após tentar e não dar certo poderia sim ser revolta. Mas não ter nem a chance de tentar… é frustrante! Resumindo: fui tolhida sempre! É assim me sinto: sufocada, amordaçada,  impotente… Impedida!

Realmente não pretendo mais expor detalhes factuais além dos que já foram expostos, apenas falar do aprendizado. Mas o fato é que tentei correr atrás de prejuízo, reconheci meus erros e me movimentei com a liberdade que não pude experimentar ao longo dos anos, tentando trazê-lo cada vez mais ao campo do homem comum, desmistificar esta barreira que eu precisei colocar entre nós devido ao compromisso – olhar, ligar, perguntar, etc. E tudo isso foi mal interpretado. Mesmo antes, o que eu via como finalmente “deixar meu mundo dos sentimentos e ser uma mulher de atitude”, sair das minhas amarras, crescer, ele entendia como alguém se derretendo a seus pés e achava que era falta de amor-próprio. Sim, em algumas vezes, dentro desta crise toda, eu estava mesmo esperando de fora, angustiada, e devia passar esta energia. Mas nem sempre… ele é que já estava com o “espírito prevenido” e me julgava, antes. E, após minha reação chocante – perfeitamente compatível com o absurdo dos fatos, mas isso, ele não reconhece! – este pré julgamento ficou ainda mais enraizado, embora eu consiga relevar, devido à falta de aceitação demonstrada de minha parte – que realmente contribui para um imagem negativa.

Cansei desta linguagem invertida, deste desencontro. Eu sempre tentei explicar, para tentar suprir o posicionamento real que eu pouco sabia exercer ou que não me sentia no direito de ter. Mas, até hoje, ele insiste em não entender. Cansei de explicar a diferença entre o uso do “meu” de posse e o “meu” referente a algo íntimo, pessoal, intransferível, típico de um amor que já vem com a gente, como o meu (viram? não digo “meu” porque possuo este amor. Se a Vida quiser, ele esvai-se de do meu Ser; mas ele é referente a mim, não a você, ou a você, ou a ela, ou a eles, etc. Entendem?).

Cansei de explicar que ter um amor assim não é garantia de nada, apenas eleva muito as chances de dar certo, porque já tem estrutura um pouco mais sólida. Porém, só daria certo mesmo se  tentássemos, experimentássemos, descobríssemos, assim como acontece com os outros amores igualmente bonitos, despertados ou até mesmo criados e, posteriormente, alimentados, graças a situações circunstanciais, como é a maioria dos amores ainda hoje. Que isso não é estar engessado, estar preso a uma história, apenas uma história assim tem mais chance de êxito que sensações efêmeras que nós, às vezes, chamamos de sentimento. Portanto, se a busca é a elevação espiritual em detrimento dos impulsos, este tipo de amor é, naturalmente, o privilegiado para quem busca isso. É o melhor para a própria pessoa, não uma regra moral imposta que ela deva seguir a contragosto.

Cansei de dizer que um amor deste gênero não é uma prisão pré-determinada, mas a possibilidade de um novo mundo, acessível apenas àqueles que têm coragem de arriscar. E é por ter lutado por isso e acreditado, que dói não poder viver, não porque eu é que não saiba “perder” ou me sinta dona dele e ele seja obrigado a ficar comigo. O que lamento, como já disse, é o desperdício. Entretanto, com a confusão dos “meus” e a ênfase dada por mim a este amor, somado ao meu exagero da vida espiritual, mais o espírito previnido dele – cristalizado! –  e minha reação agressiva a este relacionamento “surreal”, fica fácil ele ficar assustado, distorcer tudo e se afastar.

Outra pessoa certamente conseguiria sentir tudo isso e aceitar uma “bomba” de impedimento desta logo no primeiro momento. Eu não consegui, eu reagi, mas pelos meus motivos e limitações, não por pura revolta à vontade Divina ou posse em relação ao homem que amo! E, reconheço, o “tico e teco” tiveram um delay de longos meses para explicar a ele que quando eu dizia sentir que ele sentia a mesma coisa, não me referia a um sentimento no mesmo estágio de desenvolvimento do meu, mas cuja essência era a mesma, e , principalmente por já ter reciprocidade “prévia”, ter toda chance de “vingar”. Meses para ele ficar ainda mais assustado, mas eu retifiquei. Visto tudo isso, o que mais eu posso fazer? Chega!!!!

Cheguei num ponto de sensação de humilhação (em suma, eu não agi por esta razão, mas senti-me humilhada por ele) e decepção que me fariam “desencantar” rapidamente. Entretanto, para meu espanto, o sentimento não vai embora.

Mas isso não ocorre porque que eu o idolatre. Não significa que ele possa continuar com esse descaso comumente, como se fosse um padrão.  Como se eu merecesse ser tratada assim. E foi aí que cheguei a algumas conclusões… Um amor como o meu, um sentimento mais profundo, é sim algo sublime, incondicional, e que pede muito pouco para existir.

Entretanto, não podemos confundir isso com submissão. Talvez, porque nosso padrão de sentimentos ainda seja aquele baseado no Ego (carências, desejos, necessidades, atrações efêmeras) e esteja condicionado a receber, não dar e o sentimento do outro lado prosseguir possa ser confundido com falta de autoestima, da parte de quem doa.

Mas a parte que doa, ainda que sinta algo nobre, é humana, limitada e tem também um Ego, que não é só ruim: é uma ferramenta de defesa muito importante de nossa personalidade. Pode-se muito bem continuar amando, tendo carinho, enviando boas energias de vez em quando, mesmo depois de tudo.  Todavia, quando ele, Ego, apitar “invasão”, para que este Ser fique em equilíbrio, é necessário também respeitar esses limites. Cansei de me sentir “não boa o bastante” diante dele. Os outros não me vêem assim! Nem mais eu, que, tanto tinha a tendência da baixa autoestima a atrapalhar, quanto levava tanto em consideração a imagem dele! Foi este “click” que deu, esta sutileza entre “terrenos distintos” que eu compreendi… Não estou acusando-o ou denegrindo-o para que eu suba. Apenas demitindo-me da ação de depender da visão dele (já que ele é importante para mim e isso nos influencia) para ter a minha, que não pode depender de nada, nem de ninguém. Hoje eu sei quem eu sou!

O amor não precisa de reciprocidade. Quem ama, ama e ponto. Entretanto, o gesto de amar precisa sim ser estimulado, para que toda esta confusão de conceitos não ocorra. E que estes sentimentos degenerativos advindos desta visão turva da outra parte não bloqueie o acesso do Ser ao sentimento sublime. Sem extremos: nem sempre usa-se o Self para encontrar o amor e o Ego para desvios… Conhecendo bem os conceitos básicos, podemos entender as especificidades de uma situação e continuar dentro da regra final, mesmo que o meio seja “suspeito”. Comumente acontece uma aparente distorção nas regras devido às circunstâncias, a outros fatores, mas o objetivo continua sendo o mesmo: chegar à regra original! Cada caso é um caso, a alma é complexa, não plana, portanto, são vários fatores ocorrendo ao mesmo tempo que, em conjunto, formam uma situação diferente de outra, dependendo da combinação e da dose. Explico.

No quesito “autoestima”, se um Ego externo estiver agindo, nos agredindo, nós ainda tivermos a ferida correspondente a esta ação e isso nos desequilibrar intimamente, nos afetar, num primeiro momento, precisamos da ajuda do nosso Ego. Se eu não sou injusta e, numa argumentação, uma pessoa que nitidamente tem outro ponto de vista me acusa de injustiça, não vou me ofender, pois eu não a tenho em mim e compreendo que é a visão distorcida dele que me vê assim, não algo que realmente eu seja. Não dói. Mas se doer de forma abusiva, com desrespeito a nós, precisamos, sim, impedir o mal que está sendo feito.

Mas cuidado ao aceitar a ajuda do Ego… Ele eve ter espaço não para agirmos de forma igualmente errada à pessoa ou devolvermos na mesma moeda, estimulando sentimentos ruins. Mas para nos defendermos. O Ego é, também, um importante mecanismo de defesa da personalidade! O problema é que o usamos em excesso e ele nos prende, nos amedronta. Portanto, precisamos “falar a mesma língua” dele, mas dentro de nós. No meu caso, por exemplo: ao amar e dizer ou agir como tal, estou agindo com meu Self. Mas se quem recebe minhas atitudes é o Ego dele, ele vai interpretar minhas atitudes como “humilhação”, pois o Ego não entende isso, jamais doaria – ele é imediato, que ter sensações, e sensações fugazes! E vai reagir como tal: desmerecendo-me, sendo arrogante, usando meu sentimento para acariciá-lo, etc. Se eu tenho boa autoestima e já solidificada (as novas podem ser frágeis!), isso não me abala e, muitas vezes, é na insistência deste comportamento (água mole, pedra dura, tanto bate, até que fura) e na força do exemplo que eu estimulo o outro a mudar de atitude – aí sim, é a hora de aplicarmos todos os conceitos morais que conhecemos: perdão, caridade, altruísmo, paciência, etc., etc., etc. Mas, muitas vezes, na ânsia de nos elevarmos, de ficarmos em paz com a consciência e aplicá-las, desprezamos uma lei da própria Vida, que contribui para a consciência em paz, para a saúde Integral do Ser, sobre tudo o que é real é construído, e leva tempo; e tudo o que é desfeito, precisa ser refeito. Quantas vezes confundimos estas duas verdades e nos violentamos, obrigando-nos a obter imediatamente e a qualquer custo, virtudes que não possuímos ou que estão abaladas, desprezando o tempo certo de tudo? (O que não pode ser confundido com não construir ou reconstruir nada por acomodação).

Todavia, se este é ainda um ponto frágil em mim, seria ilusão, ansiedade e até mesmo orgulho de minha parte (parece contraditório, porque estaríamos fazendo uma boa ação, com boas intenções? Como pode ter um sentimento ruim no meio?) insistir que eu já sou capaz de fazer algo que não consigo. É melhor reconhecer minhas limitações e recuar. Deixar de “doar”, ao menos nas atitudes exteriores, entregues a ele, e defender-me. Isso equilibra a balança. Com o meu posicionamento ele automaticamente recua (e se a pessoa for embrutecida demais – não acredito ser o meu caso aqui, estou apenas ampliando o campo de visão – significa que não é compatível conosco e é aqui que nos afastamos dela, para nossa saúde e para que ela interaja com pessoas afins e consiga, ao falarem a mesma linguagem, crescer em suas “brutalidades”. Relacionamentos difíceis que eu posso me esforçar e melhorar em vez de querer facilidades de desistir é uma coisa; pessoas que nos desequilibram e violentam o corpo ou a alma – violência não é só física, mas também emocional! – não estão aptas a conviver conosco, temos o DEVER de nos afastar! Com isso, além do nosso equilibrio – que ninguém tem o direito de tirar! –  permitir que atraiam para si pessoas afins, com o mesmo grau de sentimentos, para que possa haver comunicação e elas também aprendam) e eu movimento energias interiores de autoamor.

Quando o ponto de partida com tudo em equilíbrio é a autopromoção, o enaltecimento de qualidades, o falar do “eu”, “eu”, “eu” e só fazer isso, aí sim, temos egoísmo, vaidade. Entretanto, quando nossa autoestima é “lesada” por algo, nossa autoimagem está deficitária. Precisamos voltar a “equilibrar a balança”, construir ou reconstruir o que foi destruído, e fazer isso é um gesto de autoamor. O único cuidado é não “viciar” no gesto, acabar fazendo em excesso e o inicialmente “enaltecimento pessoal saudável” transformar-se em vaidade e egoísmo ou egocentrismo. Como dizem, e eu também já escrevi: a diferença entre o veneno e o remédio é a dose!

Sendo assim, uma vez que eu tenha feito um gesto altruísta mas tenha sido “mal interpretada”, recuar não seria, a priori, desistir (como eu tanto pensei): é apenas consertar danos internos. Assim, com a ajuda do Ego, fico em equilíbrio e consigo novamente acessar meu Self, encontrando o amor – ainda que eu precise deixá-lo dentro de mim ou agir de forma indireta, sem “distorcê-lo” ao entregar para quem não o compreende.

Cansei de sofrer! E o que direi aqui não será feito com o intuito de ofendê-lo. Depois de todo este mecanismo, consegui voltar a fazer contato com o meu Self e amar, voltar a sentir e a visualizar aquele rosto sereno, brando, o olhar puro, cristalino. Diferente do obtuso que tenho visto ultimamente, fora toda a atitude que só o comprova. E tudo, tudo o que eu mais quero é voltar a ficar, também na prática, em paz com ele. Que o que temos em essência um pelo outro possa naturalmente voltar a fluir. Ainda que seja apenas a “amizade e carinho” que tenha pouca oportunidade de ser vivida. Mas volte…

Faço por mim: seguindo ainda a lista dos “cansei”, cansei de explicar que eu não tenho uma imagem ilusória a seu respeito, apenas lembro-me de virtudes que eu mesma já vi de fato no passado e sinto outras em latência. Isso é acreditar nele, não inventar um homem que não existe. Assim como amigos me viram na época da revolta e disseram: “volte a ser a Camila que eu conheço”. Porque podemos ser guiados por lados menos elevados de nós mesmos, e se eu ainda o vejo com bons olhos não é por cegueira minha, mas por acreditar na volta à visão por parte dele.

Sendo assim, com o intuito de “equilibrar” a balança, ao ter forças somente agora para fazer, sem atacar, em defesa à Camila que foi tão machucada, quanto ao fato dele estar com ela, e não comigo, sou obrigada a dizer dois ditados. O primeiro, “Tem louco para tudo”! Risos. Finalmente consegui ver – e sentir! – quem é que realmente perde nesta história toda…

Durante todo este tempo, sofria tanto pela grande dor de ter o coração partido e o homem amado envolvido por outra mulher, quanto pelos detalhes: eles comem pizza juntos, viajam juntos, conversam, perguntam, descobrem o outro; foi ela que ele apresentou aos filhos como namorada, foi com ela que eles interagiram, foi com ela com quem ele passou pelo doloroso processo pós divórcio, é com ela que ele vai a festas juninas, é para ela que ele se arruma, é ela que o vê chegando em casa com roupa social, vindo do trabalho, é o maldito (desculpe, lapso de raiva!) celular dela que toca e que tem a voz dele do outro lado, é com ela que ele vai tomar caldo no inverno, com quem fica abraçadinho, etc. Sem contar, para não pirar, no toque, no carinho, no sexo. Sexo. Estou certa de que estão longe de fazer amor… Mas interagem, e eu, não!

A lista era menor, quase mudei a sintonia… Foco! Voltando! Enfim, todos estes objetos de lamentação não passam do apego ao que é externo. O objeto do momento é o “caldo” e a festa junina. Lamento o caldo que eles (supostamente) tomam juntos com a mesma dor de como se estivesse perdendo o caldo que ele e eu tomaríamos… Que ilusão! O “x” da questão não é a coisa em si, o gesto mecânico “tomar caldo”, mas no que isso estimula em nós. No caso, nele. E ele está tomando o tal caldo com ela, não comigo! Não é a mesma coisa! Mesmo os extremos “fazer todas as posições do Kama Sutra” ou “jogar um helicóptero de pétalas de rosa usando terno (e um olhar carinhoso – mas sincero, para a pessoa, não por estar querendo exercitar a afetividade em si, o que é igual por fora, mas diferente, dentro!) que eles insistam em fazer juntos, não chegam aos pés do bate-papo descontraído e só para passar o tempo que ele poderia ter COMIGO na fila do banco para pagar o IPVA – na hora do almoço! 😀

Mesmo com meus defeitos, em essência, o que eu quis foi AMAR alguém. Quem me conhece e vê o quanto eu sofro com isso, ao querer me ver bem, recorda outras qualidades minhas e mesmo nesta área, o quando eu tenho a oferecer para um homem. Quem está perdendo, afinal? Eu cansei de sofrer, de ser rebaixada. Reergo-me e coloco-me onde eu deveria estar: com a autoesitma saudável. Com o cuidado para não me tornar arrogante, claro. É uma linha tênue que separa os dois lados…

Num primeiro momento, porém, dizer e assumir tudo isso é necessário e me faz bem! É ele que eu quero, disso, não há dúvidas. É com pesar, mas, ao mesmo tempo, serenidade, que faço a afirmação “ele não merece”. Enquanto pensar, sentir e agir desta forma, o máximo que ele vai sintonizar, que vai ser-lhe afim, será alguém como ela, alguém que ofereça apenas o que ela oferece. A escolha é dele. Não mais sofrerei por ela, tendo eu feito a de diferente natureza. E aqui vem o segundo ditado, o expurgo final para que possamos voltar a elevar a alma: “O pior cego é aquele que não quer enxergar”.

Este momento do voo, eu não sabia, mas precisava ser apenas para mim. Recuperou meu lado bom. Assim, consegui voltar a atenção para meu Ser. Não apenas voltar a ver a vida de dentro e buscar o que posso aprender com isso, administrar essas emoções, este sofrimento, mas resgatar as outras áreas de atuação que uma alma tem, que haviam sido esquecidas devido à “escravidão” da dor, da, aos meus olhos, injustiça. O foco pára (sei que de acordo com a Nova Ortografia, este verbo perdeu o acento, mas fica difícil diferenciar! Posso escrever assim até o final do ano! :P) de ser o fato em si, para voltar a ser EU. Diante de tudo isso, estes fatos são as experiências dele. O desafio de sobreviver a isso, o modo como farei, as infinitas possibilidades de ações diante disso – e o aprendizado obtido – , são as minhas. Não mais eu sendo consumida pelos fatos realmente alucinantes. Não que pensamentos desesperadores não me rondem, quase me levando de volta. Mas aprendo a controlar ainda mais minha mente. Não que não cause mais dor, mas fico como que anestesiada, ao focar em mim, em todo o resto. Claro, estou aprendendo a lidar com a situação agora. Preciso sedimentar esta lição em mim, antes de poder avançar. Se algum fato novo acontecer, possivelmente sairei desta boa sintonia novamente. Que Deus me ajude!

Voltando a falar do hoje, prosseguindo nestas reflexões, se tenho fé, preciso deixar as tramas da vida nas mãos de Deus, não mais querer fazer tudo para garantir algo. Aquela aceitação, tão difícil de ter. Abri mão, desapeguei-me, desliguei-me da história, algo que sempre me angustiou (mas o que, no fundo, eu sempre soube que precisaria fazer e hoje, ao ler textos passados, percebo este padrão, esta necessidade não satisfeita, e reconheço que a vida só me deu este choque para me obrigar a exercitar isso, a fim de poder estar de fato pronta para a próxima fase). Deixei-a parada, nas mãos de Deus. Tirei o time de campo! Paradoxalmente, é provavelmente neste estado de alma mais livre, solto, leve, que, se for para acontecer um dia, acontecerá. Faz tempo, muito tempo, desde quando usei a ansiedade pela primeira vez, que querer segurar, garantir a história, parou de ser luta pura, e misturou-se com falta de fé em Deus. Agora, voltei a me encontrar, me admirar. E, assim, em paz, encontrar o melhor de mim. Nesta “pasta”, está este sentimento tão nobre…

Eu achei que fosse enviar meu amor lá do alto. Mas não deu tempo de lembrar… Irônico, porque era exatamente por ele que eu estava ali… E aí, eu compreendi…

O balão é uma estrutura aparentemente frágil: uma cesta de vime impulsionada ao ar por gases e fogo. Mistura perigosa! Seguro mesmo parece ser voar numa caixa metálica com instrumentos capazes de vencer maiores adversidades.

Mas a segurança que eles nos passam, por serem maiores e nos fecharem, nos tirarem do contato com o todo, faz com que precisemos estar em altíssima velocidade – muito agitado! –  para conseguir sair do chão e gerem expectativa na hora de subir.

No balão, a partida é tão suave que te encanta, e no mesmo instante esta sensação vai contagiando, fazendo com que você esqueça do quão sensível é esta estrutura e apenas aproveite a gradativa subida. E, por estar em contato direto com o ar, com tudo o que se passa à sua volta, com a visão que vai paulatinamente aumentando, englobando cada vez mais coisas – copas das árvores, casas próximas, carros que chegarão em breve, prédios mais altos, morros que abraçam a cidade, montanhas que protegem os morros, até que vislumbra-se o céu… – vai envolvendo e nem se lembra direito de onde estava. É outro universo, dentro do mundo…

As nuvens que parecem desenhos e, ainda que não seja possível tocar, fica nítido o quanto estão ali, em contraste com o azul do céu, circundando-nos por todos os lados, até que vemos o sol. O horizonte. Para qualquer ângulo que se olhe, apenas a imensidão… Lembra-se de olhar lá para baixo e tudo fica tão pequeno, distante… Flutuar é tão bom que faz o medo de cair não mais existir… 

Sem que eu percebesse, naturalmente, sorri. Minha alma reavivou. Lembrei de mim, de tudo de bom que eu posso viver, além desta dor. Porque de lá, vista do alto, até a impossibilidade de viver este amor ficou pequena.

A descida não era ruim. É suave, tranqüila. O que era pequeno vai, gradativamente, aumentando, o céu ficando cada vez mais distante e quase não se sabe se ainda estamos voando ou se já tocamos o chão. Até que, ao tocar, ele quica algumas vezes, novamente subindo, descendo, subindo, descendo e assim, sucessivamente, antes de finalmente conseguir aterrissar.

Para sair, já não mais o problema com o vestido ao entrar. Consegui realizar com mais destreza o que, ao planejar, não consegui executar bem na ida: colocar um pé no buraco quadrado do cesto e, em vez de passar a perna como fazemos ao montar a cavalo, sentar na borda do mesmo e jogar as pernas, fechadas, para fora. Êxito! Durante a experiência, algo foi aprendido.

Quando voltei, perguntaram-me se eu sentira medo. Eu respondi que não. Apesar de um lado ainda dolorido ter me feito pensar “medo eu tive foi ao voltar para a Terra! Enfrentar a subida e a lei da gravidade não é nada perto do que preciso viver”, eu estava, alegre, empolgada, destemida… feliz como uma criança!

Descia alguém que chegara voando do alto. Como tantas vezes desci do meu estado mais sublime, na necessidade de viver outras facetas da vida. Mas trazendo comigo vivência de quem estava acima.

Fui pega de surpresa no modo como tudo começou, sutilmente, dentro de mim. Mas um dia eu também ganhei de presente da vida uma visita ao céu. Assim como os que comentavam ao meu lado, também assustei-me com a mistura simples de um cesto de vime, sem portas para entrar, devido a um casamento, e a explosão que poderia resultar na dosagem errada do fogo da informação com o gás do meu sentimento, entregues às forças do tempo.

Mas eu sempre achei possível visitar o céu. Aceitei voar. A subida suave, fazendo com que eu me sentisse conectada a tudo ao meu redor e fosse contagiada pela beleza do que era distante tornar-se tão próximo, convenceu-me por completo. Flutuar é tão bom que faz o medo de cair não mais existir! Deixei-me ir. E, conforme a visão foi ampliando, ver o que ficou embaixo tornou-se tão pequeno e via a vida com tanta perspectiva, que o céu tornou-se o estado real. Há muito mais além!

Sem que eu percebesse, o sorriso naturalmente surgia. Depois do fato, eu notava. E perdurava por dias, semanas, meses… Bastava olhar em seus olhos, tê-lo por perto. Para onde quer que se olhasse, o limite era a linha do horizonte. Vislumbrava-se o infinito.

Não que, devido ao dinamismo e à diversidade da vida, quando o pouso fazia-se necessário, o cesto não quicasse e o sobe e desce não fosse brusco e cansativo, se comparado com todo o resto. Mas a profundidade da experiência permitia ter-se novamente a vontade de voltar. E, quando o que era pequeno voltava a ficar grande, não se afligia com a aparente distância das nuvens, pois era tão sutil a volta que mal sabia se já tinha tocado o chão, a sensação ainda era de voar. A visão era outra, pois descia quem havia vindo das alturas.

Assim como no vídeo, anos atrás eu também exclamei: “Nossa, olha onde é que eu estou”, maravilhada. Verdadeiramente feliz, como uma criança… Feliz como uma criança, porque elas não sabem de quase nada a respeito da rudeza da vida, por isso atingem este estado de alma, ou porque ainda são fiéis à espontaneidade, à sinceridade, a simplesmente ser quem são, e ser como elas, ao acreditar no amor, é encontrar nossa verdadeira essência, perdida nas lutas pequenas do dia a dia, que se tornam grandes apenas porque são vistas do chão?

Ainda que a roupa preparada com esmero para a ocasião tenha sido equivocada… Poderia não ser uma calça jeans, mas usar o vestido que eu trazia, no final das contas, não impediu o balão de flutuar! E, ainda que não haja porta no cesto ou cordas prendam o curto e rápido passeio: pelo simples fato das coisas não serem exatamente como se imaginou, exclui o fato de mesmo assim, ter-se encontrado o céu?

Não acreditem cegamente em mim, apenas analisem… O que move o ser humano é a vontade. Circunstâncias são desculpas. Quem quer ser feliz de verdade supera obstáculos, volta atrás, começa tudo novo, vence a opinião alheia, reconhece erros, transforma preconceitos, perdoa, pede perdão, aceita virtudes, mata um leão por dia – fora, mas principalmente, dentro, educando a voz da dúvida ou do desmerecimento a si mesmo – e enfrenta o mundo inteiro, se necessário for, para seguir a bússola interior. Quantos de nós, por olhar apenas o que poderia dar errado, ou pelo medo refratário de voar, não desperdiçamos a abençoada oportunidade e inefável experiência de buscar o céu e flutuar?

Balão – Aparando Arestas

Bom dia, pessoal!

Preciso fazer uma retificação… O horário divulgado no último post acabou de mudar…

Eu já esperei tudo o que podia. Não preciso, simbolicamente, esperar ainda mais. Já cheguei até aqui, o que mais alguém poderia querer?

Os dias estão acabando mais cedo. Eu consegui sozinha, sem o apoio ou a presença dele em minha vida, então, este é meu passeio, que eu tenho ou não a opção de dividir com ele. No quesito “dividir com ele”, já esperei, já fiz. Seguir meu caminho não é deixar de amar! Mas no quesito “viver minha vida”, esperar a possibilidade dele ir, é estragar de fato o meu momento. Não quero ir no final da tarde, quero fazer o passeio com sol!

O que não quer dizer que eu parei de acreditar. Continuo tendo esperança! Mas chega de fazer tudo sozinha. Se ele QUISER, estará lá às 14h30. E, como estou de carona, se atrasar, ele que espere! Não sou eu quem precisa esperar até às 16h!

Coloquei no Facebook hoje cedo um link do Paulo Coelho: “seja realista” e depois, uma foto de uma casa flutuando com balões (!) e a frase: “Seja realista, acredite que tudo é possível!”. Concordo plenamente, mas para isso, não deve depender só de mim. Eu não posso mais atrbuir aos meus ombros esta carga!

Enquanto eu agir assim, não estarei pronta para ninguém. Nenhum de nós estará…

Pronto, agora vou parar de chorar e conseguir aproveitar, pois coloquei as coisas em seu devido lugar!

Preciso ir, vou me preparar e curtir este momento! 😀

Link Twitter Paulo Coelho: https://twitter.com/paulocoelho/status/213957666303782913/photo/1 

Fonte da imagem: ver post anterior

Amor nas Alturas: Venci um Concurso Cultural de Dia dos Namorados e ganhei uma viagem de balão com meu amado… que está com outra!

Não paro de sorrir. Risada sincera, alta, espontânea, como desde a páscoa não consigo ter.

Há poucos dias tive um insight a respeito do meu exagero em relação à vida da alma e esqueço um pouco de mecanismos naturais da vida.

 Mas já faz tempo que busco este equilíbrio, e, principalmente, em momentos de conflito, comecei a materializar minha fé com pequenos gestos: há muito tempo, sozinha com ele em casa, o primeiro a chegar de muitos amigos, (e bendito seja aquele pedaço de pedra e concreto entre nós, quando ele me olhava profundamente nos olhos e dizia que não queria ter que ir embora), e eu, falando coisa sem nexo e de boca seca, ele citou que adora suco de uva. Eu já havia colocado este item na minha lista de novos hábitos, pois minha mãe mesmo havia dito o quanto era saudável. Tive, então, o estímulo para acelerar o processo. Não bebo álcool, então, este seria o meu “momento vinho”. Comprei um cálice. Costumava ter um ao lado, lendo um livro no quintal, ou apenas degustava a bebida olhando a Lua. Esperando, sonhando, acreditando… Eu chamava de vinho da fé!

Algumas vezes, “passei reto” pela bebida no mercado. Em outras, como nas duas últimas vezes, a garrafa vinha para casa, mas ainda esperava, na geladeira. Percebi ainda não ser o momento, e mesmo sem pensar muito nisso, dei a mim pequenos momentos de prazer, todavia, não apenas com o chocolate ou com o capuccino, que eu adoro. Mas também com aquele vinho da fé…

Houve também o livro autografado que guardei por anos no armário (sem querer, um trocadilho…rs…). A dedicatória que escrevi quase um ano depois. E a entrega, outro ano afora.

A palavra “FÉ”, escrita no verso de uma lembrança de Natal, quando fui a uma palestra num dia de extrema dúvida em relação à possibilidade de um amor assim, ao que era a realidade. No final, perguntei. Das duzentas palavras entregues aos presentes, nenhuma repetida. Recebi exatamente o que precisava. Ela continua comigo sempre, à minha vista.

Dirigindo a Campinas para visitar meu pai, dia ensolarado, ainda mais amor que conflito, eu acompanhava o “Roupa Nova” cantar: “Eu te amo e vou gritar, pra todo mundo ouvir/ ter você é meu desejo de viver/ sou menino(a!) e seu amor, é que me faz crescer/ e me entrego corpo e alma, pra você!” e, quando não havia carro nenhum por perto, abaixava o vidro e gritava o que precisava sufocar com tanto afinco: seu nome, seguido da frase “eu te amo”. Depois, na Linha Amarela, voltando do Rio, num lapso de amor e fé, já no meio do conflito. E em outras estradas, outros caminhos…

Depois de tanto esconder, não ser compreendida e mal interpretada, vencendo o medo e a insegurança, após o choque pela força do “não”, que não era correto, não encaixava, mas era uma dura, triste e enlouquecedora realidade, versus à realidade serena, paciente, confiante e feliz que me levara até ali, usei do amor e da fé que tanto exercitei e escrevi uma mensagem.

No princípio de maio, último, quando eu vivia uma inexprimível dor devido ao envolvimento repentino do homem que eu amo com uma pessoa que apareceu “do nada” em sua vida, invadindo uma história que tinha tudo para ser tão bonita, tirando-me todas as chances de experimentar, de exercitar e concretizar meu amor, vislumbrado a infelicidade do trio descontextualizado, tive uma pontinha de fé.

Após almoçar e escrever, num agradável restaurante do Buriti Shopping, localizado na cidade de Guaratinguetá, expressei meu amor com sinceridade e depositei-o na urna. Mesmo quando tudo parecia impossível. Mesmo quando eu já não conseguia mais. Mesmo quando o descaso e a falta de consideração feriram o coração. Mesmo quando minha admiração por ele já quase não mais existia. Ainda assim, caminhei em direção ao amor, ao perdão. Não a como estávamos naquele momento, mas a como poderíamos (voltar e vir a) ser.

Qual não foi minha surpresa quando aquele número desconhecido chamou. Uma mulher simpática perguntou meu nome. Perguntei quem era. Quando ela falou o local, preparei as emoções. A declaração de amor feita no Concurso Cultural de Dia dos Namorados do Buriti Shopping de Guaratinguetá foi uma das escolhidas. O prêmio? Um passeio de balão para o casal!!!

Ela perguntou: “Você vem com o ‘XXXX’, é isso?”. Como explicar? Disse que sim. Porém, confesso ter sentido um quê de verdade ao dizer… Ou seria apenas a minha vontade?

Alguém enxergou o meu amor. Valorizou isso. Fui reconhecida pelo nobre sentimento, pelo meu talento ao escrever. Materialmente…

Na verdade, sempre houve, de uma forma ou outra, quem me ajudasse. Há um amigo que sempre esteve ao meu lado quando eu duvidei e quase mudei a rota. Não pudemos conviver no dia-a-dia – e eu ainda precisava de alguém assim. Mas ele aparecia no momento certo, dizia o que precisava e logo partia. Nossos caminhos são distantes, nos falamos pouco, mas sempre que ele veio, foi determinante. Sugeriu, mais de uma vez, que eu confiasse. Que eu “acordasse”. Que eu seguisse seus conselhos. Depois de tanto tempo, quando eu podia fazer mais e não fazia, respondeu meus questionamentos com uma pergunta: “Por que você ainda duvida?”. Sua bondade e ao mesmo tempo, firmeza, não me permitiam mais devaneios. Convencia. Quando eu fazia questionamentos supérfluos, ele indagava apenas o principal: se eu acreditava que um dia eu estaria ali (no local onde conversávamos neste episódio – cada frase é um encontro) com ele (ser amado).

Ele tem outra visão da vida… só falava de fé e de amor. Tudo em que sempre acreditei. Disse que se eu seguisse seus conselhos e não ficasse tão apegada ao costume mundo – muitas vezes contrário a esta crença – eu chegaria até este amor. Sempre, sempre dizendo para confiar em Deus. Contagiando-me. Terça, dia dos Namorados, eu, triste, ele gentilmente pediu que continuasse confiando nele, no que ele me diz. Em um outro dia, quase desisti. Caminhávamos juntos, pela praia. Ele pediu que eu sorrisse. Por ele, eu fiz. Mesmo envolta em tanto carinho, desesperei-me. Ele não deu espaço para minhas angústias e logo disse, enfática e brandamente: “Saia do hoje, desta realidade. Você… você acredita num amor assim?”. Já mais calma, ainda com lágrimas nos olhos, respondi que sim. Ele continuou: “Você incentivaria este sentimento em outras pessoas?”. Eu disse prontamente que sim. Com isso, neste instante, ele me fez enxergar que minha insegurança fazia-me pensar que para mim não era possível, mas eu acreditava neste tipo de amor. Mesmo assim, eu não queria mais. Estava muito difícil, eu já estava cansada e nos limites de minhas forças. Ele pegou em meu ponto fraco: meu senso de responsabilidade e a vontade de ajudar. Convidou, carinhosamente, que eu continuasse. Eu titubeei. Ele garantiu a mim que um amor assim era da vontade de Deus e que eu não fizesse apenas por mim, mas para estimular o amor em outros (é mais fácil para nós seguirmos exemplos que ouvir palavras, certo?). Trabalho inútil e humilde da parte dele, porque não há como negar um pedido de tamanho coração… Concordei e mais uma vez saí feliz de nosso encontro.

Fiz uma declaração de amor a um homem que está com outra. E não apenas isso: o prêmio que movia este gesto era estar, de fato, com ele. Depois de toda negação, de tudo de tão abstrato que eu busquei e que se transformou, nos fatos, no oposto do que vivi. É de pirar a mente. Digno de desistir. Burlei os dois obstáculos. Sábado, 16/06. Ainda segundo a moça simpática, das 14h30 às 17h, o passeio de balão para os casais de namorados vencedores estará à disposição. Preciso levar CPF e RG. No ar, será feita a declaração de amor.

Chegarei às 16h. Deixarei que os casais passem à minha frente. Meu amor vai, literalmente, me levar para o alto, em direção ao infinito… E ele, pode optar: ou continua com ela na Terra, ou experimenta o novo e vai comigo para o Céu. Esta é uma escolha individual. Às 16h50, subirei naquele balão, sozinha ou acompanhada. Entretanto, eu vou sim esperar por ele. Porque, assim como diz a minha declaração, “o amor é como a fé: um salto no escuro. E recebemos à medida que arriscamos…”.

Ontem após a ligação, fui estudar entre amigos. Cheguei radiante. Pediram que eu lesse o texto de abertura. Não consegui, a voz embargou. Era apenas isso que eu ansiava, e que faltava ouvir: “… Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.” – Lucas, 8:48.  

 

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Fonte imagem: flaviaamazonas.blogspot.com

Resposta ao Comentário – “Dia dos Desencontrados”

Olá a todos!

A não ser que meu sentimento mude (ou a situação), não pretendo mais postar textos baseados em minha própria biografia, pois já concretizei as palavras, coloquei-as num nível de realidade suficiente para minhas necessidades. Ao contrário do que muitos pensam, era isso que tanto ansiava: colocar na matéria o mundo dos sentimentos e das idéias, já que somos esta tríade.

Escrevia sobre mim porque, confesso, precisava sim desabafar; mas, principalmente, para estimular minha força interior a crescer, ao tornar públicas minhas dúvidas a fim de que estivesse tão forte a respeito delas por dentro, que conseguiria ter coragem de exteriorizá-las. E, também, manter-me firme em minhas convicções mesmo com a contrariedade das outras pessoas, deixando de ouvir a opinião alheia e seguir a minha, quando advinda de um sentimento bom – muitas vezes estamos enganados e ao seguir uma falsa verdade, caímos em conflito mas, por orgulho, não aceitamos a ajuda do outro, o que, apensar das aparências, não foi o que vivi. E, no fundo, queria comunicar-me com ele, o ser amado, mas sem “correr atrás” e procurá-lo em cada conflito que tivesse. E, ainda, uma quinta razão, além das necessidades psicológicas e emocionais… Como escritora, tenho a ânsia de compartilhar o que vivo e sou, na esperança de que possa ajudar outras pessoas, assim como outras obras e depoimentos ajudaram-me a chegar até aqui e descobrir um pouco mais a meu respeito.

Claro, este é meu espaço e eu o uso como eu quiser. As regras são minhas. E isso, digo não a quem lê, mas para quem escreve. Estou aprendendo a libertar-me. Havia comprado chocolates para o Dia dos Namorados, para dar um “up”, cuidar de mim e fazer coisas que me dessem prazer num dia que por si só não é nada, mas simboliza algo que dói não ter. Nesta dualidade “alma/corpo” na qual me debati e cujo equilíbrio eu busco, acho “engraçado” que neste caso, dar valor a “coisas do mundo”, como uma data comercial, seja bobagem. Sendo que eu estou apenas querendo fazer parte do mundo e viver também seus acontecimentos. Se este dia é uma representação dos relacionamentos que podem existir dentro da alma, por que não “dançar conforme a música” e aproveitar? Entretanto, quando, na hora de agir com coisas sérias, eu falo das bobagens do mundo e que devemos buscar dar valor às coisas da alma, do sentimento, aí invertem a situação: é preciso viver a realidade do corpo, nem tudo é alma, etc. Ou seja: para acobertar defeitos alheios (impulsos) e justificar atitudes realmente nocivas, o raciocínio: “também fazemos parte do mundo” serve. Mas para eu materializar com algo inocente uma realidade maior e misturar as duas realidades, vivendo situações oriundas dos costumes no ambiente no qual eu vivo agora, balizada em acontecimentos desnecessários (o Dia dos Namorados é uma invenção do Homem, provavelmente comercial, nem sempre existiu, portanto, é possível viver sem, e por aí, vai), aí eu sou errada. Que confusão de conceitos, não?

Bom, voltando à minha libertação para poder chegar aonde eu queria dentro do contexto do porque escrevo isso: um dia, quis chocolate, mas seria difícil sair para obter. Lembrei-me do que tinha em casa e pensei: “Não pode, é para o dia 12”. E eu mesma pensei: “Quem estipulou isso? Onde está esta regra?”. E eu fiquei muda… Esta mesma eu questionadora prosseguiu: “Não foi você quem comprou o chocolate? Não é para você? Por que você precisa seguir uma regra que você mesma inventou? O chocolate é seu! A decisão é sua! (A vida é sua!). Você é livre! Você quer comer agora? Coma! O que te impede?”. Depois eu compraria outro, não precisava ser aquele. E eu comi, ao longo dos dias…

Sendo assim, minha vontade na atualidade é voltar a deixar minha vida particular no foro íntimo, e escrever apenas sobre o que aprendi no âmbito público. Embora hoje (12/06) eu esteja novamente “dolorida” e minha mágoa esteja aflorada, então, o que vou dizer agora pareça falso, mas deixo de escrever sobre nós também por respeito a ele, ao mínimo de consideração que ele teve comigo pelo simples fato de me ouvir por algumas vezes, mesmo agora. E pelo modo decente como me tratou, principalmente no passado. Pela essência que eu sei existir nele. Não porque ele seja perfeito – e toda hora ele me diz isso: que eu vejo qualidades que ele não tem. Será que não é ele que não acredita num amor assim e, baseado neste ponto de vista, distorce a visão que tem de mim e me julga como uma boba sonhadora? Aí, quando eu ajo com amor, com perdão e doação, ele entende como baixa autoestima minha, e me despreza; quando eu vejo qualidades já existentes ou em latência nele, ele não compreende que eu o faça por amor, que elas de fato estejam lá, e sente-se pressionado por corresponder às minhas, então, em sua visão distorcida, altíssimas expectativas, e conclui que eu não o conheço ou que me iludo a seu respeito? Sendo que, do meu lado, é só encontrei alguém que me coração quer, ama, e, por isso, vê tudo sempre pelo melhor prisma, enxerga além do que está hoje, porque eu sou assim mesmo, faço isso em tudo (!), e quero apenas poder materializar no processo natural da vida um sentimento bonito e ambos crescermos juntos, que é o que todos viemos fazer aqui. Garanto que ter um namorico apaixonado não é o que viemos fazer aqui… E ele SABE disso.

Antes mesmo deste choque de realidade, eu já sabia que, se fosse para tornar-se palpável, não seria fácil, que ele é humano e tem defeitos. Eu cansei de dizer, mas talvez este preconceito dele tenha atrapalhado: não quero um príncipe encantado! E já faz tanto tempo! Quero um homem!!! Alguém real, porque eu também fui me despindo de minha ilusões e transformando-me numa mulher, num ser humano comum!  Se minha ignorância no campo prático fez com que eu falasse uma coisa e fizesse outra, a ignorância dele no campo dos conceitos fez com que ele agisse de um jeito mas, ao raciocinar, falasse outra coisa. Talvez disséssemos o mesmo texto, mas não nos comunicamos nos campos certos…. Não falo de um relacionamento saudável ou de um amor infinito por não ter noção de realidade. Mas por ter dentro de mim outra realidade e querer vivê-la aqui. Exercitar o amor, não viver algo ruim na prática, porque isso é o máximo que se pode obter, e sonhar com uma ilusão… Praticar o amor a cada dia… Com o homem que eu amo, que tem defeitos, mas qualidades. Sou eu que “viajo” ao entrever suas qualidades ou acreditar na sua capacidade de explorar as que ele já possui, ou ele que tem uma visão ainda negativista de si, hábito de nossa coletividade, e foca no ruim, mas não percebe, porque somos condicionados a associar humildade e “dura realidade” com enaltecimento de defeitos?

Acreditar que um ser humano possa ouvir seu lado bom mais do que (não absolutamente, e é aqui que nós dois deixamos de “conversar”, onde ele me julga pelos extremos) o ruim, é igual a ter ilusões a respeito de quem somos? Creio que não…

Voltando ao motivo do texto… Se futuramente decidir algo diferente, vou quebrar minhas regras e criar outras, melhores para meu momento da época.

Se eu ainda falo sobre isso, é por ter um resquício de necessidade de esclarecer o que vivo e, assim, provavelmente esclarecer conceitos. Temos o péssimo hábito de utilizar mal nosso conhecimento. Mesmo já despertos para bons ensinamentos, os aplicamos em horas erradas e distorcemos a situação, gerando um mal – mesmo fazendo o Bem. Tento ser honesta no que eu erro, mas não permitir que me culpem, que eu me culpe, por algo que não fiz. E, no ensinamento “autoestima”, fazer isso é me elevar. Embora pareça “esperar do outro”, no ensinamento “ser autossuficiente para resolver seus problemas”. Cada caso é um caso. Senão, seremos meros repetidores mecânicos de regras de conduta escritas ou exemplos alheios, que podem se parecer com o nosso, mas não terem a mesma essência, e continuarmos em erro ou infelizes. Quando dois ensinamentos se “chocam”, só o autoconhecimento para ajudar a detectar qual é o prioritário, qual estamos de fato vivendo, para poder usar o raciocínio certo na hora certa e promover o equilíbrio e o crescimento do Ser. Não basta ter conhecimento das regras: é preciso ter cuidado e sensibilidade na hora de aplicá-las. Pensemos todos nisso!

Transformei em Post a (longa) resposta a um comentário, para que eu pudesse descrever com fidelidade tudo isso.  

Imaginemos duas pessoas filosofando, num Café. E, já que é para imaginar, por que não um em Paris? (Foto do Café Chez Janou)

Strider disse, em 07/06, às 9h43:

“Um comentário de meio de leitura, pra não esquecer: não só neste, mas em muitos outros textos, você fala dos outros, o que os outros pensam, se pensam isto ou aquilo (geralmente opções negativas). Pergunta: que outros? Quem são eles? São eles mesmos que pensam isso ou é a voz deles dentro de você? São eles que pensam isso ou você mesma? Eles chegaram e falaram isso ou você já se preveniu e tentou se explicar? E independente de qual dessas opções, por que o que os “outros” pensam a incomoda tanto, a ponto de merecer parágrafos e mais de explicações, em praticamente todos seus textos? Food for thought.”

Eu respondo:

“Pois é, já pensei em tudo isso. Mas acontece que em textos onde explicamos conceitos, não dá para explicar conceitos de mínimos detalhes. Então, usamos palavras prontas para explicar uma ideia que, ao escrever, eu penso estar compreendida nas entrelinhas. Mas nem sempre acontece assim, e muitas vezes o que escrevemos é levado ao pé da letra. Os “outros” a que me refiro são as pessoas da minha convivência próxima que não concordam comigo e que fazem com que eu questione a mim mesma em minhas convicções; ou falo da Humanidade de forma GERAL, um comportamento comum à maioria. Se eu disser a você que a Humanidade é angelical, estarei mentindo. Mas se eu disser que ainda somos guiados pelo orgulho, pelo egoísmo, por paixões, não tem como negar: qualquer noticiário de TV mostra isso. O que não quer dizer que essas mesmas pessoas dos noticiários não sejam capazes de coisas boas, em outros aspectos da vida, assim como há pessoas que não fazem parte desta regra. Mas, se eu quiser refletir a respeito do mundo onde vivo, preciso levar em conta o comportamento GERAL. A não ser eu faça um texto específico sobre o mundo, como agora, quando eu explico cada nuance. Aí falamos a respeito de todos os tipos de comportamento, para não faltar com a justiça. Porém, quando eu apenas cito o mundo como pano de fundo para ilustrar outro raciocínio, como um texto pessoal, onde o foco sou eu e o meu aprendizado dentro deste mundo, não posso ficar explicando cada conceito, senão nunca chego no que eu quero falar. Entende? Na verdade, no Ensaio “Quem Somos Nós” eu fiz isso. Mas não dá para postar textos de trinta poucas páginas num blog toda semana…rs… Um livro, seria perfeito!

Embora eu reconheça e concorde com sua questão, ao já ter descoberto “os outros” que, na verdade, eram sim preconceitos meus. Era a minha insegurança que me fazia sentir-me ameaçada por qualquer outra opinião contrária. À medida que vou aprofundando, descubro novas camadas disso. Porém, muitas vezes, refiro-me a fatos concretos criados por outras pessoas do meu convívio, que não eu, e que não quero citar diretamente.

Logo em seguida, Strider diz, no mesmo dia, às 11h35:

“Agora sim, li tudo! Queria ser tão perspicaz quanto minha terapeuta e levantar todas as questões importantes do texto. Mas não estudei psicologia, embora adore ler sobre. Sei dizer que, em uma parte do texto, eu não sabia se xingava você ou ele (rsrsrs). Depois, comecei a achar que você coloca a responsabilidade de muita coisa nele, tirando-a de si mesma (como quando vc escreve que ele te enrolou pra dizer o que sente, e no fim nunca disse). Até pensei em mim: “hoje eu acho que seria sincero e diria ‘não sinto nada por vc’ se alguém me perguntasse. Mas eu já, muitas, muitas vezes, fugi e evitei dizer ‘não’ pra alguém com medo de magoá-la. Já criei estratégias mirabolantes só pra terminar com alguém que eu estava ficando mas não queria mais e ainda sair da história como se eu tivesse sido quem gostava e a outra pessoa fosse quem tivesse desistindo de mim (fiz isso recentemente, ano passado, com um ex ficante). Ou seja, o cara não ter coragem de te dizer “não sinto nada”, pode mesmo ser o que normalmente seria, isto é, sinal de que ele não sente nada e não sabe lidar com o sentimento dos outros, não saber se “culpar” por deixar alguém que gosta dele triste.

Depois, ainda, pensei que vc parece escrever para se convencer de que está certa. No fim, o texto muda de tom e você assume uma postura mais ativa, porém um ativo dentro de um condicional passivo.

Enfim, de tudo, a única certeza que parece ter ficado é que você está gastando muita, muita, MUITA energia com isso tudo. Apesar de que, se canalizar isso em boa literatura, pode até trazer algo bom que corresponda a seus objetivos. “Dar tempo ao tempo” é canalizar a energia em outras coisas e esquecer dessa um pouco. E isso não quer dizer renegar o que você mesma acredita ou seguir a opinião dos outros que “sucumbiram ao modo de pensar do mundo”. Limpar a alma faz bem, deixar a energia fluir é necessário. Por que não tentar? Por que ter de usar toda a energia nessa história? Por que ele não pode sair com alguém mais novo, mesmo estando errado e com chances de quebrar a cara no futuro (breve ou não)? Por que esse ‘so-called’ autoamor não pode ser traduzido em ‘vou centrar minhas energias nas coisas que me fazem sentir bem’? Por que resolver ‘agir’ em um momento tardio e que pode trazer-lhe um resultado desfavorável? Por que não simplesmente plantar uma sementinha, que se encontrar solo fértil vai crescer e trabalhar a seu favor, e deixar isso pra lá e centrar energia em outras coisas, mais ligadas diretamente a você?

São só questionamentos, a resposta só você pode dizer…”.

E eu termino:

“Bom dia, Strider! Pois é, o texto certamente é cheio de questões. Cada hora tem um tom porque além de, confesso, desabafar, eu gostaria de mostrar como eu me senti para chegar aonde cheguei. Que gerasse empatia em quem lesse, para entender que, mesmo tendo nossas razões, temos o nosso lado de contribuição para falta de êxitos nas nossas lutas. Mas isso não quer dizer que o sentimento ruim deixe de existir, que a dor suma repentinamente. A aceitação genuína leva tempo. Se violentarmos a alma da pessoa em nome de atingir o Bem ou o correto imediatamente, isso será mais prejudicial que benéfico. Mas isso não pode ser usado como desculpa para a pessoa continuar culpando o outro, ou sofrendo além do necessário… Muito sutil a linha que separa os dois “terrenos”.

Sou adepta de ver sempre os dois lados da questão, até podermos de fato superar o ruim e viver apenas o bom. Compreendendo este tempo necessário para o progresso das coisas e o próprio mecanismo do processo, podemos seguir e mudar. Que não existe apenas a nossa dor e a parte do outro, ou apenas a aceitação: no começo, há um pouco de cada, e precisamos reconhecer isto para poder avançar.

Eu não coloco toda a responsabilidade nele, e foi basicamente isso que me fez criar este post. O que fiz neste texto (o post anterior, que ele comentou) foi exatamente reconhecer isso, num aspecto novo para mim! Se ainda assim vejo o que faltou da parte dele, é para ser justa comigo, algo que antes eu não era: ao ver meus erros, eu anulava o dos outros e já pedia perdão, pois sempre busquei a paz. Entretanto, o fazia de forma incompleta, poupando o trabalho do outro, gerando a paz de forma artificial. Chamava de humildade o que, ao fazer EM EXCESSO, acabava tendo um pouco de falta de autoestima, pois quem não age assim não reconhece a parte bela, humilde do seu gesto, “folga” e passa a menosprezar ou desconsiderar você. E, ao não permitir o trabalho do outro, construía um padrão errôneo de comportamento, possibilitando novas dores similares no futuro.

Se ainda vejo o que faltou da parte dele, não é por depositar o fardo em seus ombros, porque não é apenas os erros dele que vejo. Da minha parte, sempre vasculhei e encontrei meus! O que ainda não ocorreu da parte dele. Para chegarmos à linha do equilíbrio, é necessário que ambos falem a mesma língua: se houve erros dos dois lados, que ambos reconheçam isso. Mas só eu peço desculpas, só eu verifico erros. A balança ainda está desequilibrada! E este defeito eu confesso: tenho baixa tolerância com injustiça. Passo por cima do tempo natural das coisas, da Lei da Vida. Por isso não aceito que ele tenha uma pessoa “torta”, um desvio de rota: porque se não é certo, não é e PONTO! “Dane-se” se isso vai abrir seus olhos, se ao viver uma coisa ruim, vai dar valor a algo bom. Queria que não tivesse se desviado, me machucado e dado valor às coisas certas, como eu fiz!!!!

Sentiu o drama? O quanto eu ainda ajo de forma extremista em relação a este aspecto específico da vida? Não sempre, mas este campo afetivo é o meu calcanhar de aquiles. Eu já vivi outras dores, e nunca agi desta forma. Compreendi, aceitei, tive fé. Eu já tive outras decepções amorosas, inclusive, de pessoas ainda mais embrutecidas. E nunca tive raiva! Eu compreendi, aceitei e segui. Ou seja: não sofro porque “não aceito rejeição”. É que tem algo errado com esta rejeição! O problema não é esta história em si, mas todo o contexto que eu vivo. Este não é “um amor”, superando este, vem outro; mas o amor pelo qual lutei a vida inteira, no qual sempre acreditei! Num mundo tão imediatista e sexólatra, você faz ideia da força que eu desprendi ao longo dos anos para conseguir manter-me em paz, ao seguir meu coração, meus ideais, e negar todas as influências que sofri?

Aí, nesta história específica, eu já estava exausta, desgastada. Tanto pelas minhas dúvidas internas, uma crise interna, quanto pela indefinição da parte dele, contribuindo muito para esta crise interna, mas também afetando e ferindo meu campo emocional. Soube deste absurdo todo em meio a pior crise financeira que já tive, sem saber como fazer para pagar as contas do próximo mês. Sentindo-me completamente insegura e desamparada. Com um problema em família que não comentei com ninguém, de tão problemático que é, mas que bagunçava minha cabeça. E tudo isso ficou ridículo perto do que veio… Foi com este desgaste emocional que eu sofri não uma negativa comum, mas um choque na área que sou mais sensível: a área afetiva. E, dentro da área afetiva, vivi o que mais temia, acreditem todos ou não: uma traição. Porque o laço que me une a ele independe do corpo para existir. Nunca tivemos nada, mas nos meus sentimentos, eu me senti traída. O fato das pessoas compreenderem ou não isso, não isenta meu coração de estar realmente despedaçado graças a isso!

Durante o processo de saber desta realidade horrível, eu tentei voltar ao patamar de paz, mas a influência da namoradinha dele na história, o modo arrogante como ele me tratou e o seu DESCASO, contribuíram para que eu não ouvisse a última chama de fé, amor e autocontrole que eu tivesse, e simplesmente me desesperasse, dando vazão à minha reação natural diante disso tudo. Eu perdi a cabeça, fui agressiva, revoltada, fiquei desesperada. Ao longo da vida, lutando para ser correta, tive ainda o sofrimento de me ver perder a cabeça e não acreditar no que eu mesma dizia ou fazia, transformar-me em alguém que eu nunca imaginei ser. O que é o oposto de eu estar segurando algo que finalmente aflorou, de cair uma máscara! Eu já vi máscaras caírem em mim, e o que aconteceu, dentro, não foi isso! Foi passar por algo maior que sua capacidade de suportar e destruir o que de bom havia! Eu vi meu lado bom ser, ainda que temporariamente, convertido em mau, e isso foi muito difícil! Mas, na verdade, o que acontece nunca é maior do que podemos suportar. Eu consegui reagir e reverter o quadro. Graças a Deus, aos amigos e à família, agora volto a alimentar minhas virtudes e domar minhas reais más tendências, e não mais virando um ser ruim, raivoso, descontrolado – e só.

Portanto, de fato, eu fui prejudicada. Eu poderia sofrer tudo isso e reagir diferente? CLARO! Sim, ainda assim, a responsabilidade é minha. Mas neste caso específico, eu não PODIA, não tinha condições para isso (e ele tinha consciência do quanto sua indefinição me afetava), portanto, a contribuição dele para que eu chegasse aonde cheguei é sim uma falha dele. Sozinha, pela minha índole, pelos meus desejos e aspirações, eu JAMAIS chegaria na condição que atingi. Eu não posso usar isso como desculpa para acobertar meus erros. Mas ele não pode usar os meus erros como escudo para deixar de ver os seus. Entretanto, é o que ele faz. Eu tenho que reconhecer meus erros, e ele, os dele. O que ocorre aqui é que eu reconheci meus erros, e ele, apenas prosseguiu apontando-os. Os dele não entraram em pauta! Aí eu os coloco “na roda”, e ele ou outras pessoas que analisam por cima, usam um raciocínio certo, na hora errada, gerando desencontro, dizem que faço isso por colocar a responsabilidade em seus ombros e não olhar para mim, que não respeito o livre-arbítrio dele, etc. Mas não é! O que seria o post anterior ou quando eu pedi desculpas sinceras a ele, mesmo com a postura “superior” (não mais um estado de humor, mas um conceito que passou a ser permanente nele, e me deixou “oco” o coração) dele perante mim?

É muito difícil sofrer o que eu sofro, sendo honesta e reconhecendo minhas falhas, quando a outra parte não o faz. Para minha consciência é ótimo, e estou ganhando forças graças a isso. Mas ainda sofro pelo que ocorre fora: este desequilíbrio da balança.

É muito difícil quando eu, ao tentar me entender, aponto a real situação e ainda levo bronca de todo mundo, como se 100% da situação que envolve DUAS pessoas fosse responsabilidade apenas de uma. Só isso!

Quanto ao seu posicionamento (Strider) a respeito de ter sido “indefinido” também ao terminar relacionamentos ou dar um fora em alguém. Primeiro, fico feliz que tenha refletido e pensado em fazer diferente, hoje. Segundo, compreendi sua intenção em me ajudar, querendo fazer com que eu me desprendesse do fato prático e lesse nas entrelinhas das atitudes, para que eu me desligue desta história e pare de sofrer. Isso é louvável, eu compreendi a boa intenção aqui! Porém, é um modo de pensar/agir similar ao dele. Mas nem todos os homens agem assim. Eu não agi assim quando alguém sentia algo por mim. Novamente, não estou falando de coisas que vi na TV ou li em livros: eu vivi! Então, se existem outras formas de conduta, será que este gesto já é o estágio final, ou pode ser ainda melhor?

No passado, homens praticavam canibalismo e comiam homens; detritos eram jogados na calçada, só para dar dois exemplos chocantes. O que se pensa hoje do canibalismo? O que pensamos sobre a rede de esgoto? Ela é o mínimo necessário para se viver, certo? (E ainda assim há quem não a tenha…). Emocionalmente, a mesma coisa: brincar com o sentimento do outro talvez tenha algumas justificativas e seja um padrão ainda aceito hoje. Mas da mesma forma que um sanitarista ou uma pessoa menos bruta recusou-se a repetir estes hábitos no passado, buscou e descobriu comportamentos diferentes e hoje, nós seguimos este avanço, não o padrão antigo, eu (e muitas pessoas!) digo que sentimento do outro não é brinquedo e TUDO o que fazemos ou negligenciamos neste aspecto, é de responsabilidade NOSSA! Assim como o pai de um menor é um indivíduo diferente, nem estava junto quando o filho cometeu determinado abuso, mas é responsabilizado por isso, devido à contribuição que deva dar para a educação do filho, respeitando um mecanismo natural da vida, quando alguém nutre um sentimento por nós, devido ao mesmo mecanismo natural da vida, é sim de nossa responsabilidade agirmos com clareza, sinceridade e bondade. É, sim, algo referente a NÓS!

Se agirmos corretamente e a pessoa ainda insiste, aí sim, é excesso do outro lado e a pessoa é quem deve reconhecer seus limites, o livre-arbítrio do outro, etc. Mas é muito cômodo alguém fazer “de menos” e usar desta capacidade do outro ao lidar com rejeições, em administrar a si mesmo, para não ser o obrigado a fazer a sua parte, sobrecarregando o outro lado. Dentro de qualquer situação, há o correto, o resultado final a ser atingido dentro de um modelo de conduta. O que acontece é que muitas vezes aplicamos modelos de conduta correto nas horas erradas, quando, sem o autoconhecimento, não compreendemos qual é o real aprendizado do momento, ou visando atingir o modelo final exigimos a virtude da parte errada, gerando sobrecarga para um e estimulando o comodismo no outro (como eu voluntariamente fazia no “perdoar”, mas fazendo a parte do outro e colocando-me em situação de “abuso” outra vez). O objetivo da vida é elevar virtudes. Mas não podemos nos usar das virtudes necessárias ao outro para esconder os nossos defeitos. Nem se colocar na posição ansiosa de resolver tudo e fazer as duas partes, como eu fiz.

Ou todo mundo fala “virtudes”, ou todo mundo fala “defeitos”. Exemplo: sabemos que vivemos num mundo cheio de golpistas. Precisamos ser espertos, certo? Mas o fato de EU precisar ser esperto dá ao golpista o direito de me golpear? NÃO! Este é problema MEU. Não dar golpes no outro é problema DELE. Eu tenho que trabalhar o defeito de ingenuidade que, neste caso, é falta de amor-próprio, e ser esperto; mas o golpista também tem que trabalhar a honestidade nele. Muito cômodo ele dizer que o outro era bobo. O outro tem que trabalhar defeitos em si, mas ele, não? Isso vai dar a falsa impressão de que ele pode fazer o que bem entende.

Peguemos este golpista como exemplo: se ele não trabalhar as virtudes nele, vai usar da ingenuidade do outro para poder dar golpes; da falta de atenção ao caixa para ficar com o troco a mais; da grosseria do carro ao lado para reagir violentamente e socar o rosto do homem numa briga de trânsito; da fragilidade emocional de uma moça para usá-la e jogar fora e por aí, vai. Quem não terá limites será ele!

Brincar com o sentimento alheio é errado. Queira a pessoa ou não, gera danos e vínculos. Cabe a cada um lidar da forma mais honesta possível, para evitar aborrecimentos. Da mesma forma que quem rouba uma loja, pode sair ileso, mas se for pego, vai responder pelo seu crime – porque este ato está fora da justiça -, quem lesa o patrimônio emocional do outro pode até sair ileso, se o outro não se sentir subtraído e conseguir a façanha de resolver o problema sozinho. Mas se não consegue – e, inclusive, comunica isso à pessoa mais de uma vez! – e o outro faz vista grossa, então, estará atraindo para si as consequências dos seus atos. Lei da Vida, não capricho ou despeito meu.

Vamos refletir num ponto… será que o fato de termos medo de magoar alguém é puro altruísmo, ou, baseado no mal que podemos gerar em casos de descuido, não poderia ter, oculta, uma razão do Ego, para agirmos assim? “EU sou tão importante que posso destroçar o coração se disser que não sinto o mesmo. Tadinho(a)!”. Uma pena implícita da pessoa… Por que?

Ora, é natural: sentimento é sentimento. Ou se tem, ou não se tem. Pode desenvolver com o tempo, claro, mas aí é egoísmo nosso prender a pessoa até que descubramos. Ela está pronta, mas você não está? Das duas, uma: ou ligue-se a ela e faça uma tentativa, para ver se o sentimento aflora (claro, sem iludir ninguém); ou deixe a pessoa livre para que encontre outro alguém. Se for para ser, vai ser, e você vai perceber rapidinho o que perdeu! Mas, se não há, qual o drama? Com todo tato, toda delicadeza (aí, sim, devem entrar estes cuidados, este zelo, que muitas vezes nos impede de dizer a verdade, pois a situação é realmente delicada. O exagero deste sentimento é que pode ser uma vaidade oculta, mas ele, a princípio, é muito nobre!) e, simultaneamente, sinceridade (o que não tem nada, absolutamente NADA a ver com dureza!), o correto é dizer, de preferência pessoalmente, o que se sente. Simples assim!

Podemos ser indefinidos diante da confissão de alguém por dois motivos: sentimos algo que talvez nem nós percebamos, e naturalmente não deixamos a pessoa ir; ou, o mais lamentável: estamos fazendo carinho no Ego.

Voltando à minha argumentação, à minha defesa… Uma coisa é eu respeitar o momento dele e o fato de ele não agir como eu gostaria que ele agisse comigo, como eu agiria (e aqui vai mais um defeito meu: ainda esperamos que o outro aja como nós agiríamos! Precisamos mudar isso!!!). Outra bem diferente é eu ser responsabilizada pelas faltas dele como se fossem defeitos meus!

E, a princípio, quanto a não conseguir deixar para lá numa boa, não é porque eu seja apegada ou “mimada” ou mesmo obcecada pela história em si, por depender de algo externo e isso ser um padrão meu. Eu sempre deixei tudo para depois, sempre fui passiva diante da vida, sempre projetei e nunca realizei. Justo na hora que resolvo aflorar, experimentar o “agir”, sou impedida! Isso é muito dolorido! Sinto-me tolhida! Quis viver, a esta forma de vida me foi tirada, arrancada! Quando senti algo que me impulsionou para esta consciência de que também poderia acontecer de verdade, COMIGO, e não só nos meus sonhos ou na prática, com os outros, eu me travei devido ao casamento dele. Mas eu acreditei, eu tive fé, eu lutei, eu esperei. Eu AMEI, porque se fosse paixão, eu não teria esperado desse jeito nem crescido graças a este sentimento, como cresci. (E, repito, é muito duro ver um sentimento menor ter espaço como maior, pois é ele que “existe”! Dói, dói, dói!). Porém, reconheço que, se depois de ter feito tudo, a rejeição ainda perdurar, o melhor para mim e para a própria história é deixar fluir, porque neste novo contexto, continuar seria sim estar obcecada, seria não conseguir desapegar do sofrimento. Já falo abaixo sobre isso – e da dificuldade que tenho ao colocar esta realidade em prática.

Então, foi muito dolorido eu PERDER o amor da minha vida só porque para seguir minha consciência e fazer tudo certo, não tive chance de ser mulher diante dele; porque ele me deixou no banho-maria e sentir-me no direito de agir, finalmente, mas não poder. Ele experimentou com outra pessoa, está vendo no que vai dar um relacionamento, e eu não tive a mesma chance. Nem o mínimo, não o êxito do grande amor em si: nem a chance de tentar! Não apenas por merecimento ao que sinto e ao que fiz: não fui eu quem exagerei na importância que dei à vida da alma? Ok, vamos ser sensatos e ver todos os ângulos: não tive a chance nem de exteriorizar meu aprendizado, de ser comum, da “idealizadora” para aquela que também pratica, de também utilizar-me do mecanismo da matéria para viver a vida da alma! E se eu o beijasse e não sentisse nada? Convivêssemos e eu descobrisse que não tínhamos tanta afinidade como eu pensava? Seguiria a vida toda achando que perdi um amor e não seria verdade! Nem isso eu pude ter! Ou seja: por um motivo ou por outro, nunca é para mim!

E, ainda por cima, é muito dolorido ninguém entender o que você sente, deslocar todas as opiniões e só agora, porque eu luto, é que estou tendo o reconhecimento daqueles que me cercam. Mas, por não terem acompanhado com a visão correta o processo inteiro, não compreenderem que eu realmente fui “negligenciada”, eu ainda sair de “equivocada”. Sair como “aquela que corre atrás” e ele fosse um “pobre homem que quer apenas seguir sua digna vida e é incomodado por alguém que não aceita”. Se fosse feito da forma normal e com dois anos a menos de desgaste emocional e mental, ou mesmo depois, mas uma DEFINIÇÃO com respeito por mim, por meus sentimentos e por meu sofrimento – que já existiam muito antes do atual sofrimento e sentimentos dele em relação a esta nova história, então, para haver justiça, os sentimentos e sofrimentos de TODOS devem ser levados em conta, não apenas de um lado! – eu já teria compreendido faz tempo. Mas foi tudo trocado, tudo invertido, eu fui só agüentando e terminou com um CHOQUE, não com uma negativa e rejeição comum, dentro de um contexto natural. E isso me custou, razão pela qual doa TANTO. Mas ISSO, ninguém vê. Só me aplicam num padrão pré-estabelecido, desmerecem o que sinto e me sugerem esquecer ou desconsiderar. Querer que eu aceite um choque como “mera coisa da vida” e como se fosse eu a que estivesse me enganando, não dá. Não queiram saber o que vivi! Não queiram saber o que é viver a PIOR dor para você (cada um é de um jeito, cada um tem seu ponto fraco, este é o meu! Mas já passei com certa tranqüilidade por coisas que poderiam “pirar” a cabeça de muitos, então, cuidado ao acharem que sofrimento emocional não gera dor ou seja pouco, se comparado aos outros, como eu já ouvi muita gente dizer) e ainda ter que levar “sermão”. A ÚNICA coisa que realmente dói em você, ser vista como só mais uma situação ruim e sua dor ser tratada como mero obstáculo da vida. Não porque estejam fazendo o certo ao lembrar-lhe que a vida tem dificuldades: mas por não reconhecerem o que você sente de verdade. Como se eu, por sofrer tanto, não esteja realmente passando pela maior provação que EU poderia enfrentar, mas como alguém imatura e que não sabe agüentar trancos da vida… Imatura? De sete bilhões de pessoas na Terra, garanto que quem conseguiria amar como eu amei seriam apenas poucos milhares… E olhe lá!

Acho perfeitamente normal você nutrir um sentimento lindo por alguém e infelizmente a outra pessoa não corresponder. Se fosse isso, eu não queria seu amor a todo custo. Eu só queria ter o máximo que eu poderia, então, ter: amizade e respeito. Dele eu só queria: “Eu não sabia que estava lhe causando um mal. Mesmo assim, não queria ter feito. Não quero que você sofra por minha causa. Me desculpe”, e voltaríamos a ser amigos, porque eu tenho fibra íntima e amor para isso. Saberia trabalhar este sentimento. E digo isso não por achar, mas por saber, já que foi exatamente isso o que eu fiz por quatro anos. Não estou nem me iludindo a respeito de minhas capacidades. Por quatro anos eu vivi apenas com amizade e carinho, e para mim, enquanto valia a pena devido a outro compromisso justo dele, enquanto ele elevava suas virtudes ao tentar fazer o certo, e eu elevava as minhas, ao compreender isso e sublimar meu sentimento, serviu. Alimentou-me, graças à nobreza do que sinto. Ainda que ele tivesse se separado de forma natural e namorasse uma pessoa num tempo também natural… Ou, mesmo que de forma abrupta, como aconteceu (muitas vezes, as aparências enganam, certo?), mas eu visse um brilho em seu olhar… tudo bem! Ele não me ama, eu teria que aceitar! Mas tem um sentimento bom por outra pessoa. Quando é assim, conseguimos desejar a felicidade, pois fica uma “dor boa”, uma dor pela rejeição, mas ao mesmo tempo o Bem sendo executado e, graças ao sentimento de amor (se fosse paixão, não conseguiríamos ter este desprendimento, pois só quereríamos para nós e ponto!), compreender que no final das contas, o que importa é a felicidade da pessoa. Abre-se mão de si, da sua felicidade, para desejar a felicidade do outro. Mas desta forma… Com descaso a mim E impulsividade, passionalidade do outro lado? Ou seja: mal! Simplesmente não consigo aceitar! É desvio! Ainda que fosse desvio, mas ele tivesse sido honesto comigo. Aí, sim, eu deveria respeitar a vontade dele. Certa ou errada, cabe a ele julgar. Mas eu estou “presa” na história, no sentido de ter sido deixada em banho-maria, de ele não ter arcado com as responsabilidades de quando alguém nutre um sentimento por nós e isso ter naturalmente geraod um vínculo. E agora, ele quer se ressentir da minha reação, como se fosse 100% criação minha! É esta injustiça que eu quero corrigir!!!!! Eu é que fui prejudicada e ainda saio de “vilã”??? Nããããão! Se ele quer respeito, que me respeite!

Graças a pessoas amáveis que tenho em minha vida, nunca estive sozinha. Mas para poder viver o que de fato vivo, para validar este amor, estive. Dos amigos, eu só precisava de: “Não compreendo o que você vive, mas me compadeço da sua dor”, e não quererem me convencer que minha dor não é genuína, entende a diferença? Me darem força para passar POR ISSO que eu de fato vivo, não fazerem com que eu construísse defesas internas para me fazer entender, justo quando eu estava tão frágil e precisava apenas receber. Agora alguns aceitam meu amor e reconhecem minha dor, mas sempre, ou, na maioria das vezes, com uma negativa, uma censura. Eu nunca posso ser como eu sou. Até para desabafar, preciso “me explicar”. Desde o começo, eu só queria que meus amigos me abraçassem porque eu estou sofrendo, que o homem que eu amo e pode até não me amar (embora eu ainda tenha a minha opinião e a minha certeza, e o modo esquivo e contraditório como ele age só contribui para alimentar isso) levasse em consideração o carinho e a amizade que um dia teve por mim e, lá atrás, ou mesmo durante o processo, em vez de pensar apenas em quanto este sentimento era incômodo para ele, tivesse empatia e dissesse que não queria que eu sofresse, ainda que ele não soubesse disso. Só isso.

Preciso ir, estou realmente gastando muita energia nisso, e exausta de pensar neste assunto. Cheguei no ponto exato em que estou tão desgastada e decepcionada que o sentimento acabaria, como já aconteceu outras vezes. Mas ele não acaba… Então, no fundo, láááá no fundo, eu ainda torço para que dê certo. Mas, conscientemente, eu não sei mais se quero… É muita sujeira e humilhação no que de mais bonito poderia ser… Parece impossível voltar a ser bom… E eu não sei se quero mais me esforçar para isso, para reconstruir… Já fiz muito, muito mais do que poderia fazer por este amor. Mas como viver sem acreditar no amor, se isso é não apenas uma área da minha vida, mas, no meu caso, exatamente o que vim fazer???

O que me dói é que para ela, ele, inconscientemente, deve ser só um mecanismo de fazer carinho no Ego. A sutil diferença entre agradar alguém para receber de volta, ou agradar porque se tem sincera vontade de fazer bem a alguém. Paixão versus Amor. Para ela, ele é “um amor”. Para mim, é “o amor”. Nenhum de nós vai ficar feliz. Se ele estivesse BEM e quisesse ou precisasse experimentar, eu compreenderia. Aí, sim, “Quem ama, liberta”. Mas pela forma como ele agiu, como age, é nítido o quanto está em conflito e deixando-se arrastar por sensações e pensamentos trocados, destruindo o que de fato é bom. O que dói não é só a rejeição, mas a destruição. E não há nada que eu possa fazer para mudar isso! Sinto-me impotente para manter algo pelo quê lutei a vida toda, algo que dependia de mim, do meu esforço, da minha fé, e isso, para mim, é desesperador.

E eu concordo plenamente com você sobre plantar a semente e deixar crescer, e não agir tardiamente; ou focar em outras áreas da minha vida e deixar o amor agir. É o que estou fazendo! Mas é um processo, não um estado já atingido e, em dias como hoje, por exemplo, eu volto a ficar daquele jeito “extremista”, ou é, ou não é (se é para ser, que aconteça/ se não é, não… sem essa de ele precisar ter outra para descobrir que sente algo por mim), vendo tudo de forma direta, ignorando a maneira indireta da vida nos ensinar, e sofro novamente por tudo, entende? É a minha limitação à uma regra da vida, que eu já até consigo assimilar em outras áreas, mas nesta ainda tenho “traumas” e sou uma pouco mais “chucra”.

Ontem no banho me veio uma ideia na mente… Penso que nossa alma é como peças de metal disforme, reunidas concentricamente em torno de um ímã. Ela mal consegue rolar no chão, tamanha a desarmonia entre as peças. Nosso trabalho é vencer a força de atração, desplugando cada peça e trabalhando nelas, aparando as arestas e deixando-as harmônicas. À medida que cada peça vai chegando perto do seu estado puro, encaixa-se na peça ao lado. Até que todas, trabalhadas separadamente, consigam se unir outra vez e formar uma bola perfeita, não mais pela força bruta do ímã atraindo as peças, mas pela perfeita harmonia dos encaixes, e consiga rolar perfeita e livremente pelo chão, num movimento seguro, pacífico e harmônico.

Creio que a alma perfeita é energia pura, única. Mas, para atingirmos este estado leve e irradiante, precisamos desfragmentar, aprender um pouco de cada vez, trabalhando cada parte por momentos, depois o ímã atrai; aí desplugamos outra parte, lixamos um pouco, e o ímã atrai; pegamos uma terceira parte, fazemos o mesmo, depois voltamos para a primeira a lapidamos mais um pouco, até que todas não precisem mais do ímã para se unir e consigam simplesmente fluir.

Durante este processo, podem haver peças que sem encaixam e formam blocos. A bola rola por um período, mas em determinado ponto, a peça ainda embrutecida faz com que a bola siga outro curso ou mesmo empaque. É isso que quero dizer com esta área da minha vida: eu tenho um trauma nela. Muitas vezes, consigo “rolar” feliz, ter fé, esperança, amor, etc. Mas neste quesito – afetividade – e, dentre todos os desafios deste setor, o caso “terceira pessoa na história” – eu ainda não consegui lapidar direito a peça, e ela ainda me faz tropeçar. Até consigo ter um mínimo de fé, de esperança, de alegria, etc. Mas este assunto me desequilibra de tal forma que turva a minha visão e me desconecta de pontos bons dentro de mim, e eu perco o chão. Este é o meu calcanhar de aquiles! É meu maior desafio! Espero que ele não comprometa o curso da bola!

Mas vai passar… Obrigada pela ajuda!

Bjo!

Camila”.

Apesar de estar completamente desenganada, sem perspectiva, sempre que era para ele estar presente e ele não o faz, devido a esta nova vida que escolheu, eu fico doída. Recaio. Fico ressentida. A ausência dele me fere mais do que se nos víssemos num clima ruim… E hoje, para mim, é o “Dia dos Desencontrados”. Dói…

Eu tento, mas não adianta: devido a todo mal que isso me causou – e eu teria que ser santa para desprezar isso e ainda assim, sublimar – enquanto ele estiver com esta menina, não consigo mais ter o profundo respeito e a sincera admiração que eu sempre tive, então, ouço mais minhas dores.

Curioso… fui eu quem comprou coisas para passar pelo dia de hoje, mas são eles que consomem-se um ao outro numa união que, na melhor das hipóteses, poderia até ser razoável e mesmo boa, mas deslocada devido ao contexto (ou o que eu realmente penso ser – a pior das hipóteses, uma tentação não resistida que desviou duas almas do caminho do amor) é ruim e gera distanciamento da paz interior; e eu, apesar de sozinha e não vivendo a união carnal que, principalmente num dia assim (ou no feriadinho prolongadinho com friozinho quando eles ficaram juntinhos e até viajaram para uma cidadezinha, vai saber?), deveria ser a materialização de um sentimento genuíno, sou a que mais me aproximo do amor, pois vivo a minha “orgia Literária”, degustando um bom chocolate e cuidando de mim, mimando-me com coisas que me causam sincero bem-estar, alimentando minha alma com novos conhecimentos e o corpo, com prazer da serotonina (que, poderia, também, vir da fonte certa, mas ela está sendo consumida por outra pessoa) e do cheiro marcante e suave de produtos que embelezarão meu corpo tanto quanto busco (mesmo titubeando e a muito custo!) deixar mais bela a minha alma!

Fonte da imagem Café: tali-coisa.blogspot.com

Imagem Pés na areia: quaseeanjoos.blogspot.com

Coração com rosas: anamgs.blogspot.com

Quem não deve, não teme

 Antecipei a publicação deste texto (23h54 – 04/06/2012) porque perdi o sono. Desde o meio da noite, uma ideia que me incomodava há anos veio muito forte em minha mente e fez sentido… Não vem ao caso dar detalhes, mas foi tão forte que não perdi tempo e hoje mesmo contei-a ao primeiro amigo para quem tive oportunidade. Talvez eu não consiga em breve vibrar neste estado de alma do texto e passe por outro conflito no meio disso tudo. Nesta minha luta por autoafirmação para entender a mim e às certezas interiores, confesso que a-do-ra-ria estar enganada! Ouvi uma música que sempre me fazia acreditar em mim, “I Believe in You”, Il Divo, e pela primeira vez, ouvi-a como se fosse jornal de ontem. De forma geral, as dúvidas quanto a quem eu sou acabaram de ser elucidadas de forma mais massiva, e ficaram pequenas, perto do que temo.

Fiquei atormentada pela ideia, mas não “consegui” me desesperar. Parece que é algo por que preciso passar… Espero, espero, que esta ideia ruim seja ainda resquícios de minha autoestima baixa, tentando boicotar minha felicidade. Porém, se for sexto sentido, o pior ainda está por vir! E, para variar, eu não sei! Ao longo dos anos, não tive o direito de saber o que acontece à minha volta, referente à minha própria vida! Justo eu, que sou bem mais intuitiva (Jung – Ciência – define pessoas assim!) que prática, então, tenho uma capacidade enorme de interpretar, não fico presa apenas ao concreto. Penso muito no que pode ser, já que o que está pode ser passageiro e nem sempre representar a verdade (falo um pouco disso neste texto, mas também em anteriores, com mais detalhes). Interpretar hipóteses, então, me faz voar… Sinto falta de certezas concretas e materializadas em minha vida, sou humana também!

E agora, ao escrever esta introdução e começar a revisar, a ideia/sentimento veio outra vez, mas com força e perdão. Ai, Senhor, diz que estou cansada (sono) e minha baixa autoestima está boicotando minha felicidade!!!!! NÃO QUERO passar por isso! Por que testar minhas capacidades sofrendo? Que tal deixando eu exercitar pelo Bem??? O Senhor realmente me ama? 😛

Estou com sono, cansada… Quanta bobagem o que eu questionei (de forma brincalhona) sobre Deus. Mas é exatamente assim que vemos o sofrimento, ainda não sabemos tirar o proveito e compreender o Amor que há por nós pelo estímulo que recebemos e a beleza que produzimos, na alma, ao superar lutas terríveis. Mas que não é fácil, isso eu sou obrigada a concordar com a galera: NÃO É!

Amanhã eu posto a foto. E dou uma revisada a mais, só para garantir…rs… É rir, para não chorar! Puts, meu coração está aberto, estou sentindo amparo e força e aquela aceitação do “caxias” que é informado da hora extra na véspera do Natal… seja o que Deus quiser… e que Ele me dê forças para não enlouquecer ou arriar de dor, caso esta “coisa” seja Sua vontade, completamente contrária à minha… 

Boa leitura!

                        Quem não deve, não teme

“Eu escrevo para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida”. Esta frase de Clarice Lispector levou-me a adquirir um exemplar de “Um Sopro de Vida”, Ed. Rocco. De repente, o que eram fragmentos de realidade uniram-se e transformaram o todo: a única “coisa” de que dependo para viver não é um fato ou uma pessoa. Mas a Literatura. Entretanto, escrever sou eu. E tudo ficou claro: dependo única e exclusivamente de mim! Não há conflito que escrever não resolva. Reunir lembranças num pedaço de papel para inserir no texto, ou criar uma história, elucidar mistérios internos e conectar a outros ensinamentos, enfim, tudo relacionado a escrever, dá-me um prazer profundo.

Vivo na atualidade a melhor fase da minha vida. Não penas porque o presente é o que importa, pois, muitas vezes, passamos por tormentos tais, que a única coisa que nos consola é pensar num futuro melhor, lembrando de momentos passados que, de fato, existiram. Como já os vivemos, experimentamos, eles nos ajudam a lembrar de que é possível existir uma situação mais iluminada.

Mas estou na melhor fase da minha vida porque, passado o desespero de um destes tormentos, consegui ter, finalmente, a consciência prática de que o presente é o melhor momento. Não deixo mais para “um dia”. Busco e luto pelo “agora”, pois tenho sede de viver, sinto-me capaz e merecedora de sucesso, prosperidade e AMOR. Embora tenha aprendido que esta sede de viver, motivada pelo encontro com o “Eu”- que gerou uma autoestima finalmente saudável -, muitas vezes precisa ser contida para esperar o momento certo das coisas, pois é característica de quem está em paz consigo ter paciência e esperança.

Consegui compreender, de uma vez por todas – mesmo que haja muito o quê aperfeiçoar, pois aprendizado é contínuo – a diferença entre egoísmo e autoamor; a diferença entre doar-se a alguém por não estar satisfeita com quem sou e buscar no outro a solução para meu vazio existencial, e doar-se a alguém por ter encontrado o amor em mim e conseguir amar, por pior que sejam as aparências das coisas; a diferença entre iludir-se e acreditar; entre fé e se ludibriar; entre a realidade da alma, que não é palpável, mas acalma, eleva e traz felicidade, e a do mundo, que muitas vezes  nos engana com sensações agradáveis, com momentos de euforia, mas materializa mentiras tidas como verdade, pois chocam nossos sentidos imediatos e palpáveis. Porém, por estarem em desacordo com a realidade real, passam.

Aprendi mais uma coisa sobre mim. Neste processo, repetidas vezes voltava ao patamar anterior e mergulhava na dor, levando em conta muito mais o que acontecia fora, prendendo-me a uma história infeliz e à vida do outro, que ocupava-me comigo. Reação natural a quem sofre um mal. Mas a lógica da vida não é reagir, e sim, agir. Tirar proveito do sofrimento (trabalhoso), não mergulhar nele (automático).

Apesar de, vira e mexe, a dor acometer-me novamente, eu sempre retorno a este novo modo de ver a vida, e noto-o mais consistente. Aprendi, então, que estou em fase de transição. Que não é este estado de alma iluminado que atinjo hoje, graças ao autoamor – atingido inicialmente no passado, graças ao amor pelo meu (futuro) companheiro – o falso, como o outro estado de alma infeliz me faz pensar cada vez que eu sucumbo. É o estado de alma infeliz que está sendo aniquilado, o novo está prevalecendo. A velha luta entre o bem e o mal dentro de nós, ou o homem novo substituindo o homem velho, ou o Ego, desesperado, tentando impedir o Self de brilhar. Como queiram.

Racionalmente, eu sempre soube que o estado de alma feliz era o verdadeiro. Sempre acreditei em tudo isso! Tanto, que busquei! Porém, na hora de experimentar, de viver, minha baixa autoestima, somada à insegurança, sempre boicotavam o processo. A primeira, que me fazia duvidar ser merecedora de algo bom, quando vencida pela forte crença do Bem que eu trazia, era ajudada pela segunda, que terminava de aniquilar a ação de crescimento e fazia com que eu duvidasse de minha crença. E o conflito novamente aparecia. Agora eu sinto que estou certa. Eu sinto qual é a verdade, eu sinto o que é possível. Crença e vivência finalmente estão fazendo as pazes.

É um processo. Tenho consciência de que vou voltar a duvidar, até que esta parceria fique pura. Mas agora eu sei! E é inevitável retroceder!

Amei em silêncio e à distância por anos. Por conhecer minhas tendências e compreender que ter um relacionamento bacana, mas não tão profundo, no meu caso, não era “me permitir”, mas deixar de estimular virtudes que já estavam em processo de desenvolvimento e assim, fugir do trabalho, lutei internamente contra meu imediatismo, contra meu Ego, contra meu orgulho. Busquei o Amor, dentro. Tinha tanta certeza de sua possibilidade, sentia ser tão forte e real que, mesmo sem ter noção racional do como, sabia com o coração, ser possível, fora.

Para estar aqui hoje, é porque escolhi seguir minha verdade interior, que, após muito duvidar e analisar, descobri ser o que me deixa em equilíbrio, o que tem relação com meus defeitos e potencialidades – eu poderia ser uma pessoa carente que estava inventando um amor platônico e precisava desenvolver a autoestima; ou alguém com baixa autoestima e insegura que não conseguia acreditar no amor, e precisava, então, desenvolver a autoestima para conseguir acreditar em si.

Porém, estou aqui sozinha. Para todos, sou a revoltada que não aceita a vontade de Deus, ou a carente romântica que não sabe o que é amar e não consegue desapegar de uma história, ou qualquer outro perfil que se encaixe na opinião pessoal de cada um para o efeito: “mulher que ama um homem que sabia que ela o amava, mas nem a deixou saber que separou-se e namora outra”. Curioso… todos discordam, mas cada um, por um motivo… entretanto, só uma é a verdade… Para a discordância ser válida por vir de uma verdade, todos deveriam ter a mesma opinião. Eu é que, supostamente, não enxergaria a verdade.

Mas havendo as divergências de opinião, será que a discordância é baseada numa verdade que só eu não enxergasse, ou tem outra causa? Então, mesmo que eu ainda duvidasse de mim, aqui vai mais um argumento racional para incentivar a autoconfiança: se eu sou uma e, assim, só uma é a verdade para o erro ao acreditar neste amor, como cada um pode apontar um possível motivo, mas diferente? Só um teria compreendido a verdade, os outros, não. Mas todos negam… Negam porque eu realmente esteja errada ao continuar acreditando, ou porque eles não conseguem ver o amor da forma que eu vejo? E, ainda que todos dessem o mesmo motivo para a impossibilidade, mas eu tivesse, de fato, ficado em paz ao acreditar em mim: não é porque é da opinião de muitos que, em cem por cento dos casos, seja a verdade. Galileu afirmava que a Terra não era o centro do Universo e foi massacrado pela opinião pública da época. Entretanto, o tempo dissipou a ignorância coletiva e mostrou onde estava a verdade. Quando se tem saúde mental normal (claro, senão os loucos vão dizer que não são loucos e deixar de se tratar! Mas, depois do que passei, eu penso em quantos loucos são internados apenas porque não são compreendidos, e não por serem de fato, loucos…), quem é mais capaz de avaliar seu próprio mundo interior – você ou o outro? Buscamos fora – onde vão existir variadas respostas prontas – porque é mais rápido e dá menos trabalho do que procurar e analisar, dentro.

Eu senti minha vida se modificar, meu Ser atingir patamares sublimes, mas, devido ao casamento do meu amor (“meu” com carinho, não por posse, mas sim como denominação de algo íntimo, referente a mim), em vez de espalhar este céu, precisei guardar, exteriorizando apenas pequenas amostras. Meu lado inferior, com o tempo, começou a atrapalhar, a duvidar, a ansiedade começou a cobrar, e eu me desequilibrei. Nesta época, depois de muito esconder e precisar de ajuda externa, já que eu não estava bem, foi quando contei às primeiras pessoas.

Eles viram, assim, apenas o meu sofrimento. E seu conceito de amor é diferenciado (ou similar em alguns aspectos, diverso em outros). E sabem que eu já me apaixonei platonicamente no passado. E já tiveram suas experiências ruins. Portanto, com o maior amor (e isso eu agradeço e admiro em cada um deles!), por me verem sofrer e sofrerem junto, querendo que isso acabasse, quiseram passar seus valores e solucionar meus problemas, mas de forma instantânea e com o que deu resultados para eles.

E eu, nesta fase de transição interior, independentemente da história, estava cada dia num estado de alma. Não por bipolaridade ou dupla personalidade (rs…), mas por ser uma fase de mudança e, exatamente por isso, inconstante. Entretanto, imediatistas que somos, todos, em diferentes graus, queremos logo encontrar o diagnóstico final para conseguir formar um conceito. O provisório e o desconhecido nos assustam. Já que “um amor assim não existe”, que “eu sou uma romântica sonhadora e se estou sofrendo, não é amor” (e eu CANSO de dizer que não é o amor que me faz sofrer, é a angústia de ter vivido este estado de alma e não conseguir voltar a ele; é a angústia de saber o quanto a humanidade ainda vive uma lógica invertida, o quanto o orgulho ainda rege nossas vidas e saber que é muito mais fácil alguém buscar um sentimento mais rápido e afastar-se do amor, do que vencer o orgulho e trabalhar por ele e, assim, toda a minha luta ter sido em vão – e eu ser impotente para mudar isso), e que transições, na prática, não acontecem, não sabemos respeitar o processo das coisas (precisamos logo do diagnóstico final!), eu, portanto, deveria ter algum problema – minha não aceitação e minha dor deveriam ser explicadas como sendo eu a revoltada com Deus, ou a romântica que produz amor platônico, etc. Nunca, nunca a visão geral é que poderia ser modificada! Para eu aceitá-la, teria que me negar. Violentar, aniquilar a mim mesma… Não consegui! E aqui estou!

Eu já passei por situações que tirariam o equilíbrio de muitas pessoas. Algumas vezes, até abalei-me, mas sem sucumbir. Em outras, sorria e estimulava, com fé, quem estava comigo. Na área afetiva, eu levei muito mais foras do que tive acertos. E, na época, eu julgava serem “o cara”. Portanto, de fato, sofri! E nunca, nunca tive uma reação assim. Não é minha bondade que é falsa e agora, na dificuldade, estou “mostrando a cara”, está “caindo a máscara”. É este fato que nega tudo de verdadeiro e bom que eu construí, e me fez duvidar de mim outra vez de uma forma bem mais profunda e definitiva. Por pouco, não enlouqueci. Não foi brincadeira o que eu vivi! Eles estão “”brincando de casinha”, “de conhecer uma pessoinha”, experimentando para ver no que vai dar, e eu quase parti!

Bem que quando eu estava na praia, no começo do ano, tive uma sensação de que minha luta ainda iria começar. Eu já estava exausta e pedindo folga a Deus, e me veio este pensamento…

Desde o começo, eu só quis a verdade. Eu sempre, sempre admiti a possibilidade de estar errada, de ser aquela carente que cria o sentimento platônico, mesmo que isso não fizesse mais sentido por dentro e ferisse minha autoestima e autconfiança em desenvolvimento. Entretanto, eu sabia que para ajudá-las, era necessário admitir esta hipótese. Quem não deve, não teme…

Pois é… Quem não deve, não teme! Se eu sempre fui discreta, respeitosa, e éramos amigos – se eu fosse “mala” e nem houvesse elo entre nós, era fácil entender que eu seria de fato, inconveniente, por isso ele se esquivava – por que ele nunca quis uma conversa franca pessoalmente? Eu não sou “a iludida” e ele “o homem que não ama e que é incomodado”? A iludida buscou a verdade, e o homem que não ama e não tinha nada a perder dizendo a verdade, agiu de forma ambígua… Suspeito… Foi ele quem me negou a verdade! Quem dizia uma coisa com os lábios, mas fazia outra, com as reações espontâneas e algumas atitudes pequenas. Com a linguagem não verbal… E aqui entra a reflexão das duas últimas semanas… Linguagem não verbal…

Podemos até fazer de formas diferentes, mas, no fundo, todos ainda repetimos os mesmos erros. Fui extremista na valorização que dei à alma. Confundindo com algo menor, desprezei um mecanismo natural e necessário à própria alma para crescer, que é o processo material de como pode florescer um amor, venha ele de onde vier: já da alma, como o meu, ou nascido aqui, a partir de circunstâncias favoráveis entre pessoas afins. Não dei chance a algo – que poderia sim ser maior e já existir dentro – de materializar-se, processo este que é tão bonito…

Quando o conheci, já estava começando a detectar isso, mas assustei-me com seu casamento e travei-me novamente. Quis segurar algo impossível de ser segurado: um sorriso automático quando o via, um olhar sincero para a direção onde ele estivesse. Isso não é dar em cima de alguém. Dar em cima é ir atrás, é encarar, é criar situações favoráveis, é ser sexy escancaradamente, é, conscientemente, mesmo sabendo que ele era casado, jogar charme, nitidamente passar a impressão de flerte. E, por forçar-me a fazer algo que não é de nossa capacidade humana, muitas vezes precipitei-me ao agir, afastando-me ainda mais dele.

Temendo ultrapassar o limite, eu exagerei no “breque” e não fiz o mínimo. Eu bloqueei a natureza! Porque a realidade é a seguinte: se eu tivesse olhado para ele com naturalidade e ele retribuísse, obrigatória e suavemente afloraria um sentimento nele. O que faríamos disso, é outra história. Sentimentos não controlamos, mas atitudes, sim.

E as atitudes que controlamos são aquelas oriundas de nossas imperfeições. O funcionamento natural da alma já está em nós, ninguém segura! Se o faz, causa danos, porque é artificial! Como aconteceu comigo… Se ele de fato precisasse ficar casado e nós dois, saudável e naturalmente, percebêssemos um sentimento, seria ansiedade nossa querer um divórcio ou mesmo falta de caráter ter uma vida dupla. Assim, poderíamos controlar nossas atitudes equivocadas por uma causa justa. Mas se o casamento dele continuasse apenas por confusão de conceitos, o que é muito comum nos relacionamentos – e, para ilustrar, eu acabei de confessar uma enorme que vivi! – e nosso sentimento fosse maior, seria inevitável.

No campo das atitudes, seu casamento deveria sim ter sido respeitado, e nisso, eu estava certa. O que eu lamento foi ter barrado o processo natural do sentimento. Eu boicotei a minha própria felicidade! Se hoje há espaço para outra, é porque eu mesma permiti que este espaço acontecesse. Mesmo querendo acertar, eu errei. E como dói ter perdido a oportunidade! Ainda mais após tanto esforço!

Foi isso que tanto me doeu, além da rejeição em si: ele sabia como eu era e ainda assim não se definiu; eu me privei do que queria, sufoquei vontades e um sentimento que pede para ser exteriorizado, visando não prejudicar outras pessoas. Sabe Deus o quanto eu me contive para esconder o que sentia! Eu me anulei, mas por uma causa justa, e recebi apenas rejeição. E ele não me deu a chance de tentar! Na época, senti-me otária por amar alguém! Se tivesse me protegido, me defendido, pensado em minhas necessidades imediatas, e não no amor, não teria me machucado! Teria, entretanto, valido a pena? 😉

Mas, como jornalista que sou, aprendi que uma história sempre tem dois lados…

Sábado (02/06) eu já estava voltando a ficar triste devido a tudo o que me aconteceu. Soube que, em conversa com uma familiar (nunca, nunca comigo!), ele disse que não sente NADA por mim (o mesmo questionamento: por que ele fala para mim de forma ambígua e de forma direta e enfática somente para outros – foi uma ofensa ter sido tratada como incapaz ou imatura, tendo sempre buscado a maturidade e uma conversa franca entre dois adultos! – mas não consegue olhar nos meus olhos e dizer a mim??? Porque de fato não sente e só não sabe como dizer, ou porque foge de si e nega de formas incompletas, mas na hora de negar mesmo, não é capaz, porque não é verdade?). Bem diferente da amizade e carinho que ele sempre disse existir – e que nem precisava, porque eu já sentia. Fiquei ainda mais triste, voltando, quase, ao estado de desespero. Mas saí com a família. Busquei a Livraria como um beduíno, no deserto, a água. Lá era meu ambiente. Aquilo sou eu! E voltei a me refazer… Dei-me de presente de Dia dos Namorados muitos livros, incluindo “Um Sopro de Vida”, e um romance especial para ler neste dia. Comprei chocolates de Kopenhagen e itens de beleza da “L’Occitane”. Não por estar presa ao sistema consumista e dar valor a coisas materiais ou à futilidades, como marca, e precisar delas para me sentir importante. Mas por serem as marcas, muitas vezes, materializações de coisas realmente refinadas, boas, que dão prazer, e que, neste dia específico (estes produtos não fazem parte do meu atual padrão aquisitivo!), por tudo o que passei, eu mereço!

Ao chegar em casa à noite, iniciei a leitura de um dos livros adquiridos, que fala a respeito da linguagem corporal na hora de escolher um parceiro afetivo. Este banho de loja e a consciência de mim fizeram com que eu esquecesse do sentimento de amor em si, bem maior que eu, e acionasse apenas o departamento “afetividade” que há em mim, querendo exercitá-lo, ainda que mecanicamente – encontrando um cara legal e já está bom, esperando receber. Algo que fizesse bem ao meu Ego, que não tivesse um sentido para a alma. Pasmem, mas a romântica fiel também vive momentos assim! O que eu sinto é sublime, mas eu sou humana! Vocês acham que eu continuo acreditando porque esteja presa na história, ilusão ou verdadeira, mas porque esteja apegada? Eu insisto em dizer: Não!

Vejam o que, mais uma vez, aconteceu: eu quis receber e me sentir no direito de encontrar alguém legal e me contentar com isso. Muitas vezes, é exatamente assim que acontece, este método não é errado! Mas, geralmente, tornamo-nos escravos do Ego e não exercitamos o amor, ficando, sim, presos em receber, buscando sempre a euforia do começo, mais preocupados no que vou ganhar, do que em quem a pessoa é, investindo em relacionamentos equivocados, que fatalmente terminam – e, se duram, é porque os envolvidos ainda não perceberam o quanto estão maltratando a si mesmos e aos outros envolvidos, ou não tem coragem de sair da situação – usando as pessoas, brincando com seus sentimentos e o que tanto me incomoda: banalizando os relacionamentos!

E cada um tem uma realidade. Ainda que eu estivesse acionando este mecanismo do Ser por um motivo justo e natural, no meu caso, seria desvio, seria “preguiça”, pois o amor já estava comigo, portanto, não viria deste processo, mas sim, do outro – o do reconhecimento, da luta para não ceder à tentação de acionar este mecanismo comum e ter a qualquer momento um relacionamento à minha disposição. Sempre que eu desistia do amor e queria “ser como todo mundo”, eu sentia uma certa liberdade, confesso, mas uma liberdade seguida de culpa, de fuga… Como se eu estivesse faltando com um compromisso e preferindo alívio imediato. Como quem pula o muro da escola para matar aula, ou falta no trabalho para fazer compras. Sensação diferente tem quem cumpre seu dever na hora certa a aproveita o final de semana ou tira férias e desliga-se de verdade do trabalho, não? Era no primeiro grupo que, emocionalmente, eu me sentia… Algumas vezes eu pedi para tirar este sentimento do coração, mas sabia que o alívio momentâneo quando lutar era difícil não compensaria o deslocamento interno que eu sentiria ao anular algo assim… Simplesmente, não é possível!

Geralmente, se estamos servidos de boas companhias, quando fazemos algo errado, quem nos ama orienta o caminho certo, cônscios que são do bem que o dever cumprido traz a qualquer um, por mais que demande esforço. Todavia, por outros motivos, já descritos aqui e em textos anteriores, nem quem me ama entendeu minha “sina”, e para conseguir ser responsável e ficar em paz comigo, não tive o apoio direto deles – saber que eles me amam e sentir a vontade de ajudar, ou o apoio indireto, fazendo companhia, dando palavras de ânimo, ligando para saber com eu estava e etc., salvou-me e salva-me sempre! Sou grata a todos! Amo-os muito, e sou muito feliz por tê-los comigo!

Voltando à leitura do livro, já cansada de lutar, lutar, lutar, e nunca acontecer ou confirmar o sentimento, novamente dei chance a esta mentalidade fácil e rápida, que é uma sensação muito diferente da que eu tenho quando acredito na outra (é também uma mentalidade boa, mas menor, se comparada àquela e que, por não ser a minha, faz com que eu entre em conflito. Portanto, para mim, não serve! Pode ser necessária e maravilhosa a outros! Por isso, a importância do autoconhecimento: para que coisas certas não sejam aplicadas na hora errada e fiquemos confusos por, mesmo fazendo o correto, ainda sermos infelizes!). Lia as páginas, pensando em deixar a experiência vivida para trás e tirar como aprendizado o fato de ter perdido o homem e o amor da minha vida por não saber materializar o começo do sentimento, mas visando aprender para fazer diferente com alguém bacana que viesse. Mesmo que ainda sentindo a dor e lamentando o desperdício, por saber das capacidades que eu já tenho para as fases posteriores, e que muitas mulheres ainda não tem, fazendo com ele provavelmente viva um círculo vicioso de relacionamentos insatisfatórios e seja infeliz; e eu precise me contentar com esta “mentalidade menor”, tendo plena consciência de outra muito melhor que podia sim existir, mas eu perdi, sendo, também, infeliz.

Ao ler, fui tendo flashes involuntários de tudo o que aconteceu com a gente. .. Reconheci quase todas as linguagens masculinas de interesse, em relação a mim. E vi as linguagens femininas que eu, forçosamente, por anos, travei. Em vez de pensar em uma outra história futura, esses flashes me invadiam calmamente o pensamento, como se, para, novamente, me fazer enxergar a realidade que houve, sim, em tudo isso! E, além desses flashes, um sentimento brando de esperança me levou novamente à minha mentalidade original – deixar meu ego de lado e voltar à minha luta por este amor. E eu fiquei feliz

Como isso pode ser a mesma coisa que baixa autoestima com apego??? Por Deus, como pode ser??? Será que não somos nós que avaliamos os efeitos iguais, os rótulos, sempre com a mesma causa, para entender logo o que acontece e não ter trabalho para analisar? Este rótulo já estava gravado em minha mente. Para chegar a essas conclusões, precisei buscar e analisar por quatro anos. Foi “fácil” porque aceitar o rótulo doía em mim, então, procurei algo melhor. Isso me fez pensar no Ser Humano como um todo… Será que, por não sentirmos as dores e a realidade do outro, não é mais fácil nós os encaixarmos em situações já definidas previamente? Assim, não precisamos sentir sua dor, esforçarmos a arte de ter empatia pela pessoa.  Isso sem contar no mecanismo geral que apontar defeitos nos outros, para deixar de olhar para os seus.

E então, homens (gênero, não Humanidade), compadeçam-se do meu amor e, ok, podem jogar tomate… Naquela terceira vez em que eu o procurei para perguntar o que ele sentia (a ocorrida onze meses após ao dia que declarei meu sentimento), vejam o erro crasso que cometi, além de todos estes pequenos erros de rejeição contínua, na prática, a quem dizia (com sinceridade!) tanto amar. Todos concordam comigo que homens e mulheres tem mecanismos, naturezas, diferentes, certo? Que a mulher, quando encontra um parceiro, logo vê um companheiro. O homem vê mais a parte sexual, depois, com o tempo, as coisas vão evoluindo. E, homens: que a mulher, quando já chega insinuando compromisso, assusta e afasta… Pois bem… Eu escrevi um livro com 53 páginas contando toda a minha parte da história. Claro, fazendo reflexões importantes, mostrando a seriedade do que sentia – com medo de parecer uma “outra” que dá em cima de homens casados, compreendem? – explicando meu conflito e enaltecendo a importância da definição da parte dele. Mas… Afirmando ter certeza de que ele correspondia, insinuando que já devíamos ter uma ligação anterior. Se um casamento de uma vida assusta, façam uma ideia do que um compromisso cósmico faz com a mente de um cidadão!!!!

Eu matei toda a expectativa da descoberta, da aproximação, da conquista… Não posso nem usar a desculpa de que ele era casado, eu tinha padrões morais sólidos e ele também, portanto, racionalmente, não contava com um divórcio, e dizer que queria, ao menos, estabelecer um relacionamento no campo das idéias, que me alimentava e, por isso, me precipitei. Por dois motivos: porque, mesmo sem saber como (devido aos meus padrões), eu tinha fé e sabia ser possível. E tenho um defeitinho danadinho… a ansiedade. Ela falou mais alto que minha fé, e colocou a carroça na frente dos bois. Mea culpa. Quem não deve, não teme, certo? Se o amor é assim tão lindo e tão forte, a matéria nunca irá aniquilá-lo, muito pelo contrário: ela serve como veículo de concretização para a realidade da alma. Eu não deveria ter desprezado o processo básico de comunicação corporal entre os gêneros, em nome de, “se for para ser, será”, menosprezando este “ritual biológico” só porque muitas vezes as pessoas fazem mal uso deste processo e banalizam os relacionamentos, achando que todo “ritual” é insignificante.

Eu não falei em outros momentos que eu também sou extremista? Eu já não escrevi antes que fui ensinada que vemos nos outros os erros que temos em nós? Falo demais do extremismo e tento abrir os olhos a seu respeito não porque eu seja a dona da verdade e não o tenha, mas porque eu sofro com isso e tenho condições de melhorar isso em mim e alertar quem ainda não o enxerga.

O que eu não entendi, naquela época, pensando com a minha mente feminina, angustiada em meus conflitos e ansiosa para ter uma resposta palpável a fim de que eles acabassem, querendo fazer no campo das palavras o que eu não podia no campo das atitudes – e que foi alimentado pela minha “preguiça moral”, pois sempre foi mais fácil para mim comunicar-me através delas que agir, então, protegi-me na minha bolha e fiquei em minha zona de conforto -, por respeito ao seu compromisso, é que inverti tudo.

Não me dei a chance de conquistá-lo, e ainda por cima, mesmo sem ter intenção, já cobrei compromissos. Total desencontro, falta de comunicação! Quis garantir no plano das idéias e dos sentimentos (algo que, devido à nobreza do que sinto, já me alimentava) o que eu não podia ter no plano físico. Não necessariamente por ser alguém que, a grosso modo, não é capaz de amar, que espera tudo do outro e que seja possessiva. Mas por não compreender certas nuances da vida – como já citado, esta necessidade natural de alguns mecanismos biológicos para o crescimento da própria alma, a importância da linguagem corporal para o florescer do amor! – e trocar conceitos, tentando não errar; por estar em conflito a respeito de quem eu era e querendo rapidamente uma resposta fora, esperando, sim, um pouco do outro; e, por duvidar de mim, desconectar-me de meu sentimento e, momentaneamente, deixando de conseguir doar e esperando receber, sendo incapaz de amar.

Dentre tudo o que aconteceu e que erramos, nós dois podemos seguir repetindo o hábito de apontar os erros do outro, ou podemos compreender como contribuímos para a situação ficar assim e aprender com os nossos próprios. Entendi que os erros dele são dele, são problemas da consciência dele. Cabe a ele consertá-los, e desapegar deles não é ser boba, deixar para lá, como se eu não me amasse. É, sim, querer mudar o que não posso. Acusá-lo vai afastá-lo de mim. Trabalho suficiente eu já tenho para entender, trabalhar e consertar os meus. E isso, sim, me faz feliz, porque está de acordo com um mecanismo natural de evolução da alma. Ter o reconhecimento dos erros dele, da parte dele, também é bom, mas vai dar alívio na hora e, posteriormente, precisaria que ele repetisse o gesto para ter novo bem-estar. Ou seja: minha felicidade estaria nas mãos dele. Eu estaria dependendo de algo externo, o que não controlo. E isso só traz insatisfação!

Não por ameaça ou por desrespeito ao relacionamento de terceiros (e ainda que fosse, estou com crédito neste setor…rs… Cartão Ouro Master Plus Golden Diamante Prime Luxo! Sem anuidade!), mas por respeitar um mecanismo natural meu, que antes eu não tive condições de exercer e que me faz muita falta agora: serei natural diante dele! Não é perder o foco do que faço, não é correr atrás, não é misturar as coisas. É simplesmente reagir espontaneamente quando e se o vir. Se ele retribuir, não há nada que a namorada dele, ele ou mesmo eu possamos fazer… E eu já aprendi o gosto amargo da anulação confundida com comportamento moral adequado, para repetir o mesmo erro. E, em defesa à essência de minha luta, mesmo reconhecendo meus exageros, se há mesmo um sentimento verdadeiro em latência, é uma história efêmera que está fora de esquadro, e não a minha. Reconheço meus erros e assumo o controle, mas nem por isso deixe de me lembrar de que fui de fato prejudicada. Finalmente entendi: tenho o direito de ser feliz!!!

O que direi agora, o faço a fim de acalmar minha dor, que às vezes gera desespero por saber que o homem amado está com outra – exercitando a consciência de que algumas experiências são apenas meios de aprendizado e o que é verdadeiro prevalece, mesmo que não aconteça agora -, e não com arrogância ou para pressionar ninguém. Se eu já estiver vivendo esta verdade, não preciso me desesperar com a aparente negação dos fatos. Preciso exercitar bem estes ensinamentos, porque ainda é muito dolorido e enlouquecedor, às vezes, passar por isso. Mas isso é dor do Ego. Meu Self sempre volta a acreditar, e eu volto a ser feliz… Então, se ela o impedir de freqüentar o mesmo círculo que eu, estará assinando sua sentença, ainda que leve um tempo, pois estará colocando nele uma coleira. Se ele fugir, estará dando um atestado de sentimento oculto e mal resolvido, e medo de olhar para si. Porque eu sei que onde convivemos é aonde ele quer ir. Ele ou ela podem até adiar, mas não podem fugir do que ele é, não podem fugir da verdade. Cedo ou tarde, ela aparece.

E eu, já escrevi ou falei demais. Chegou a hora de agir. Descobri que funciono assim: escrevo, entendo, autoafirmo para depois, agir. Anunciar esta ação poderia ser ansiedade, ou reconhecer este mecanismo que meu autoconhecimento me trouxe. Talvez, um pouco de cada… Chegou o meu momento de exercitar algo novo, aprender e aceitar de verdade o amor em minha vida e realmente querer meu amado ao meu lado, porque agora sim sinto-me merecedora do melhor e realmente capaz de fazê-lo feliz, pois encontrei o amor e sincera admiração dentro de mim. Não só olhei no espelho, como sugerem os livros de autoestima, como disse coisas que me tiraram lágrimas! Por isso digo ser este o melhor momento da minha vida… estou encontrando-me comigo!

Se a realidade é a da alma e este mundo é um lugar de aprendizado e, portanto, nem tudo o que acontece aqui tem causa lá, podendo ser apenas exercício, experimentação que, se não for condizente com a verdade, só acontece para que aprendamos com a negação, o que realmente queremos, e este relacionamento for mesmo menor que meu amor, então finalmente a verdade interna será compatível com a externa, a pessoa certa vai sofrer por um motivo justo – acordar de uma ilusão, o que a possibilitará crescer e, por que não, buscar este mesmo amor que eu! – e ouvir esta frase: “A gente não perde o que nunca teve”.

Fonte da imagem: rizonaralima.blogspot.com

O Amor e o Sexo: opostos ou amigos?

 Bom dia a todos!

Estava postando no twitter – o melhor veículo de informação que eu possuo, dá notícias de todos os assuntos! –  um aviso a respeito da capa do meu e-book.  Eis que um artigo de relacionamento chamou-me a atenção. http://colunas.revistaepoca.globo.com/sexpedia/2012/06/01/2453/#comment-26418

Fiz um comentário e aguardo aprovação. Não me contive e escrevi o segundo, que me sugeriu este tema e este texto, e que copio abaixo.

Eu sempre refleti a respeito da vida, da alma e continuamente me analisei. Antes mesmo de saber que isso era possível. Foi algo natural. Tenho minha bagagem, minha personalidade. Entretanto, no meu caminho pessoal, nas buscas para as minhas questões, consegui encontrar respostas para mecanismos gerais, referentes à alma, ao ser humano.

Um desses conceitos descobertos, seja por leitura, seja por palestras ou por conversas riquíssimas entre amigos que adoram filosofar, seja, também pelas minhas reflexões a partir de tudo isso e de experiências vividas, foi o extremismo que ainda existe em nosso modo de pensar. Não é novidade, sou apenas mais uma a descortinar isso.

Somos almas crianças, que, assim como a Psicologia estudou a respeito da criança propriamente dita, ainda entendem por mundo apenas o que está presente ao seu redor. O que está na sala ao lado deixa de existir. Assim como o que ainda não vivemos, a cultura do outro, o pensamento do outro. Só o nosso é válido, só o nosso é real.

Isso gera ideias cristalizadas e limitadas, já que o que é levado em conta está restrito à vivência de cada um. Dentre tantas vivências no mundo! Se sairmos de onde moramos, descobriremos uma nova cultura. Eles estavam lá este tempo todo e continuarão depois de partirmos. Eles veem a vida, tem hábitos e conceitos diversos dos nossos. Para eles, aquilo é realidade. Assim como, para nós, o que nós presenciamos é a nossa. Mas as duas (e muitas outras!) existem! Por que levamos em conta apenas uma?

Em vez de abrir a mente para o outro mundo do outro, que é tão mundo quanto o seu e pode contrubuir, nos sentimos ameaçados e defendemos com unhas a dentes nossos ideais. Egoísmo. Só o meu é que importa. Mas e o “meu” do outro, que acontece com os mesmos mecanismos que o seu? Onde fica? Será que de fato não existe, ou sou eu quem não consegue visualizar?

Baseado na quebra destes extremos, transcrevo a segunda parte do comentário. Por Deus, eu espero ser bem interpretada. Não estou falando de sexo porque o banalize, como muita gente faz ao falar. Falo dele exatamente com a finalidade de ser mais uma a contribuir para que ele possa ser falado de forma natural, para que esta forma tendenciosa para a sexualidade exacerbada vá caindo por terra e que, ao aceitarmos este sexo natural em nós, não haja mais motivos para falar de sexo de forma exacerbada… Apenas normal. Quando todos exercitarem bem, o sexo voltará para onde deve estar: na vida íntima de cada um, não exposto e vendido.

Para atingir este patamar, é necessário trocar experiências com o outro sobre como fazê-lo, aceitando e debatendo o tema, com respeito, com consciência e equilíbrio. É desta constante troca de vivências e opiniões que progredimos. Uns ajudamos aos outros, não tem como escapar!

Eis o comentário:

“Tomei coragem! Para completar o que eu disse, um exemplo prático: fiz um filme “Escritora tira roupa para falar de Amor” que defende meu conceito de sexo e amor, e dá um recado ao homem que, com respeito, sinceridade e pesar, eu já chamei de “burro” ao escolher os relacionamentos. O video foi o primeiro passo para eu perceber esta sutileza entre os conceitos, os meus erros que contribuíram para o desencontro da história e a minha natureza física saudável, que deveria ter sido levada mais em conta. A necessidade de união dos extremos, e não de briga entre eles. Nele eu conto que tenho sete orgasmos, e mais. O que eu nunca disse, e falo agora, para balizar a opinião anterior, é que só os tive quando pensei nele, quando realmente fiz amor, ainda que sozinha (não dizem que o orgasmo está na mente???). Sempre que fiz sexo, quando conseguia e, literalmente, depois de suar demais, era um e “olhe lá”! Aí me pergunto se este orgasmo único e às vezes ausente é o que move as pessoas que só querem prazer, e pensei: coitadas! Eu tive as duas experiências e digo não como moralista, mas como quem encontra a felicidade e, por ter obtido este estado de alma, quer que os outros sintam o mesmo: já estão cansados de três, quatro, cavalo, cachorro, árvore, criança, vouyer, estimulador de clitóris, simulador de língua, boneco inflável, calcinha comestível, roupa de marinheiro (hum!) e enfermeira com fio dental? Querem novidade no sexo? Eu tenho uma ótima e revolucionária: façam AMOR! O problema é que cada um fica no seu extremo e ofende o extremo do outro. Que tal os moralistas admitirem que possuem hormônios e que fomos castrados sexualmente pelas gerações pretéritas, mas os que partiram para a libertinagem sexual (um pouco além de liberdade) compreenderem que os moralistas tem um quê de verdade ao alertarem para as consequências emocionais do sexo, e todos fazerem com equilíbrio e com muito, muito mais prazer? 😀

Abraços!

Camila”

Às vezes é bom ter espaço limitado para escrever, mas querer passar a mensagem. Consigo resumir. Reflitam!

Mas eu sou eu… no meu espaço, escrevo mesmo! Garanto, entretanto, serem minutos bem empregados…

Quem tem o mínimo de sensibilidade consegue desenvolver afetividade por quem convive: um novo amigo, um colega de trabalho, um parente afastado que agora convive conosco e, claro, uma parceira conjugal.

Há diversas histórias de como um casal se encontra, e cada um tem sua experiência. Em linhas gerais, um relacionamento inicia-se por conhecer alguém, ir experimentando e gostar, ou por conviver, admirar traços de caráter e desenvolver um sentimento. Ambos podem ser sentimentos genuínos, ou armadilhas de nossas carências. Mas há também quem reconheça a pessoa e tenha um sentimento latente despertado. Foi o que aconteceu comigo. Bem diferente dos sentimentos platônicos criados antigamente pelo Ego. Embora as aparências confundam… Elas às vezes enganam… E saber disso foi uma de minhas maiores lutas!

Por isso é tão importante nos conhecermos e estarmos em paz e equilíbrio interior: para atrair isso a nós e evitar experiências ruins, quando desnecessárias. Aprendemos com TUDO porque a Vida é generosa e não pune, apenas ensina. Há, portanto, sofrimentos necessários para determinado aprendizado, mas também os voluntários.

As experiências que temos servem muito mais para nos educar do que por elas em si. Quantos empregos tivemos até encontrar o que realmente nos faz feliz, ou ao menos supre nossas necessidades de manutenção da vida? Quantos namorados tivemos para ajudar nosso autoconhecimento e chegarmos na relação que realmente desejávamos? Se a primeira, a segunda ou a terceira experiência é que fosse a “final”, estaríamos nela, e não na atual. Porém, foram apenas “meios” para chegarmos onde estamos. Mecanismos de aprendizado, não resultado de nossas conquistas. E, vale lembrar, a que estamos agora pode ser também um meio. Só o tempo vai dizer!

Por isso não devemos nos apegar em pessoas (o que não tem absolutamente NADA a ver com frieza, pois isso é medo de se envolver, medo de sofrer uma perda… apego!), bens materiais, situações. Muitas vezes os fatos e os relacionamentos que vivemos são sim exteriorização positiva do que trazemos na alma. Muitas vezes, porém, são provas, testes, que existem apenas para nos ensinar e, da mesma forma que vieram, vão.

Portanto, quando já se viveu algo ou já se sabe determinada característica sobre si graças à intuição, não há mais necessidade de passar por situação “x”. Cair em erro novamente é sofrer desnecessariamente. E isso é não jogar a “regra do jogo”, é não fazer a lição que a Vida nos ensina. É desperdício de recursos, de vida.

Queridos amigos espiritualistas e eu falamos muito sobre a conscientização do uso do corpo, a responsabilidade que temos quanto ao modo de comer, de dormir, de evitar vícios e etc. Que, com exceção de atitudes realmente nocivas (violência, raiva, crimes, etc.), não é necessário condenar nenhuma atividade “da carne”, apenas controlar seus excessos. Apesar da consciência deste mecanismo, e reconhecendo o extremo de conceitos e de materialidade que, paradoxalmente com minha busca pela alma, eu vi em mim, mas seguindo minha natureza de refletir e mudar, pergunto-me se meus amigos não sejam tão materialistas quanto eu e consigam ter uma conduta satisfatória quanto ao corpo, pois os resultados de nossos esforços vemos e colhemos agora. É a consciência da alma sendo exercida, mas, ainda com nossa visão limitada, apenas no que é palpável – o corpo. Entretanto, será que aplicam este mesmo grau de consciência nas emoções, na lida com a afetividade ou, mesmo sabendo ser a maledicência um vício moral, danificando a alma tanto quanto o cigarro ou o álcool, o excesso de açúcar e de gordura danificam o corpo,  desprezam a gravidade do vício afetivo/sexual que todos nós ainda trazemos, porque este ainda não é visível e tangível? Será que o mesmo desperdício de energia vital, de oportunidade de crescimento ao controlar instintos e más tendências nas potencialidade do corpo, responsável e sabiamente lamentado, é evitado também na afetividade, na vitalidade emotiva, ou neste campo, ainda deixamos o “cavalo selvagem das paixões”, como cita “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec), “correr sem condutor, de forma desenfreada”? Será que nós já não podemos mais?

O problema, de qualquer forma, não está no erro em si. Vamos nos libertar, temos muito o que aprender, precisamos errar! Mas que sejam erros novos. Que possamos aprender com os velhos.

Portanto, quando pudermos, vamos evitar relacionamentos doentes!

É para este público que escrevo: para quem já tem condições de fazer melhor e ainda não o faz por preguiça moral, confusão de conceitos ou simples ignorância, mas já vive um conflito interno e busca algo melhor. Não quero violentar ninguém! Cada um tem seu tempo, e se ainda não despertou para estes relacionamentos mais maduros, PRECISA dos outros – por isso não devemos, JAMAIS, julgar ninguém… Se mal sabemos o que se passa dentro de nós, como saber o que realmente ocorre com o outro?

Sendo assim, que relações nascidas de atrações efêmeras e confundidas com reais, pelo simples fato de, por termos aquele mínimo de sensibilidade já citada e desenvolvermos afeto por alguém com quem estejamos fazendo sexo no momento e alguém que está ao nosso lado para suprir nossas carência, (apesar de, aparentemente, ser MUITO parecido com um relacionamento saudável), não sejam confundidas com um sentimento real.

Sentimento é uma coisa, conjunto de sensações que forma um efeito similar a ele, é outra. Um sentimento pode e geralmente nasce de um conjunto de sensações. Mas nem todo conjunto de sensações vira sentimento… Ter um certo carinho por quem fazemos sexo ou buscamos afetividade devido a carências porque é natural nos afeiçoarmos a quem está em nosso círculo, pode ser “armadilha do Ego”, algo circunstancial, e não um sentimento real, que tenha uma causa efetiva.  E o que quero dizer com “causa efetiva” não precisa, necessariamente, ser “causa anterior”. Por ser atual, mas precisa ter finalidade cujo objetivo seja o Bem da alma. Não somos robôs pré-programados. Existem razões para tudo na vida, mas existe também o livre-arbítrio, que modifica o destino. Que ele venha para o bem, ótimo! Não é isso que rebato! O que eu condeno aqui é quando fazemos mal uso dele e promovemos o desvio!

Se já se pode fazer diferente, se não há mais necessidade deste tipo mais superficial de relacionamento, que ele não impeça uma união de infinitas possibilidades de crescimento! Nobre e humana união, na qual não apenas as atuais necessidades satisfeitas imediata e articialmente serão supridas, mas viver-se-á tal satisfação que estimulará virtudes; e onde não apenas haja o tão buscado sexo, mas que ele atinja um nível nunca antes vivido, potencializado por um sentimento mais puro e, exatamente graças a ele, que se viva uma cumplicidade, uma amizade, um carinho, companheirismo, diversão, prazer com a simples presença da pessoa e uma espiritualidade, que só um sentimento assim oferece! 

O que desejamos para nós? Do que nos sentimos merecedores? Em que acreditamos? Estas respostas atrairão a cada um o relacionamento que merecem, com o qual afinizam.

Desejo que o Amor, quando possível, quando justo e quando da vontade de Deus, seja soberano em nossas vidas!

Muita paz!

fonte da imagem: adilsoncosta.com